25/09/2015
Perfil no Facebook anuncia falsas vagas para trabalhar no McDonald’s; rede não virá para Capivari, diz empresa
Telefone informado nas publicações e em mensagens privadas é de empresária da cidade, que disse não ter nada a ver com a história
CAPIVARI | Um perfil com o nome fictício Carlinhos Barbosa Ruiz está divulgando em grupos no Facebook falsas vagas para trabalhar em uma franquia da rede McDonald’s que supostamente está se instalando em Capivari. Só que tudo não passa de um golpe. Para completar, o telefone para contato informado pelo golpista é de uma empresária da cidade, de 37 anos, que não tem nada a ver com a história. “Só queria que a população soubesse que é mentira.”
De acordo com a assessoria de imprensa do McDonald’s, não existe previsão de abertura de nenhum restaurante da rede na cidade de Capivari. “Ele [o perfil falso] pede que as pessoas liguem para o meu telefone até à noite, entre 21h e 22h, e diz que eu sou a gerente”, conta a moradora, que não quer ser identificada. “Já denunciei pelo Facebook, mas o perfil some por uns dias e depois volta de novo.”
A empresária disse que suspeitou que as vagas eram falsas quando reparou que o e-mail para envio de currículos fornecido pelo suposto rapaz nas redes sociais terminava com @bol e não com @br.mcd.com, como todos os e-mails oficiais do fast food. “Eu comentei isso embaixo da publicação, mas ele apagou. Ele sempre apaga o que eu escrevo, então não dá tempo de as pessoas saberem que ele está mentindo.”
A moradora revelou ainda que não é a primeira vez que seus dados são usados em farsas na internet. No ano passado, a mulher foi vítima de publicações no Facebook que diziam que ela estava vendendo sofás, água “baratinho” e cupcakes por R$ 1. “Meu telefone não parou de tocar.” Na época, ela fez um boletim de ocorrência (BO) na Delegacia de Capivari, “mas essa pessoa sabe que é difícil descobrir quem ela é”.
Na verdade não é. Segundo o professor de direito digital da Faculdade de Direito do Mackenzie, Renato Monteiro Leite, as chances de descobrir quem está por trás de um perfil falso em qualquer rede social são de 100%. Para isso, basta que a vítima procure um escritório de advocacia especializado em crimes cibernéticos, a fim de que um profissional apropriado “gerencie a forma mais adequada para preservar as provas”.
“Infelizmente, ir à polícia não vai adiantar, pois, muitas vezes, por questões de treinamento, a polícia não tem como atuar de forma rápida. E um fator essencial para descobrir quem está por trás desses crimes é a velocidade com que é feita a preservação das provas”, afirma. “Porque na internet, quando a pessoa suspeita que está sendo investigada, ela pode apagar tudo de uma hora para a outra.”
Leite, que também atua no escritório Opice Blum, em São Paulo, explica que somente depois que as provas estão seguras é que o advogado dá início aos procedimentos judiciais e de investigação. “No âmbito criminal, por falsa identidade, ou no cível, podendo abrir uma ação judicial contra a rede social para descobrir o IP [número que identifica um computador em uma rede], que é o passo inicial.”
Outro fator que indicaria que as vagas de emprego são falsas consiste na quantidade de habitantes do município, um dos requisitos para a abertura de uma franquia da rede. De acordo com uma matéria divulgada no início do mês no site Destino Negócio, dificilmente o McDonald’s aprovaria a instalação de uma de suas unidades em uma cidade com menos de 100 mil habitantes; Capivari tem 53.152.
“Eu não me importo com o que ele está fazendo comigo, porque amanhã ou depois ele pode vir com outra história. Então para mim tanto faz”, garante a empresária. “Eu só acho errado o que ele está fazendo com as pessoas que precisam de um emprego, está iludindo elas. E sobra para mim desmentir a informação. É muito triste”, continua. “A população precisa saber que não vai abrir McDonald’s nenhum aqui.”
