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Porque eu não trocaria Aguirre agora. Mas sim dia 3 de dezembro

Marcel Capretz, colunista esportivo

Não sou contra demitir treinador. Sou contra a análise superficial e a falta de conhecimento para avaliar de maneira sistêmica o complexo trabalho de um técnico de futebol. Cada caso é um caso. Cada clube possui redes de relações internas e externas que potencializam ou minam determinados perfis de comando. Ou seja, não é porque um técnico não deu certo aqui que ele não pode dar certo lá. E muito menos podemos admitir o famigerado ‘ganhou é bom, perdeu não serve’. Tudo deve ser relativizado, contextualizado e profundamente analisado.

Levanto essas questões para ponderar que se fosse dirigente do São Paulo não demitiria o técnico Diego Aguirre faltando cinco rodadas para o término do Brasileirão. Mas trocaria o comando assim que a temporada se encerrasse.

Um clube de futebol é um sistema cheio de elementos que interferem diretamente no resultado dentro de campo. Ou seja, o presidente tem influência direta no que a equipe entrega dentro das quatro linhas. Porém, todos também fazem parte: o financeiro que equaciona as contas, o jurídico que cuida de contratos, o marketing que gera receita, o departamento médico que trata os atletas. até o pessoal da portaria, rouparia e cozinha dão sua parcela de contribuição no bom ambiente da instituição. enfim, não dá para enxergar o futebol por apenas um ângulo.

O treinador deve ser um potencializador do que o clube tem. Mais do que entender de técnica, tática e metodologia de treinamento ele deve fazer todos os departamentos trabalharem alinhados para que o resultado em campo seja positivo. Mas sempre ressaltando: o técnico não ganha sozinho e não perde sozinho. São todos os elementos do clube que produzem ou vitórias ou derrotas. E Aguirre foi engolido pelas arestas soltam que assolam o Morumbi.

O São Paulo não ganha nada de importante há muito tempo não porque troca muito de técnico. Mas sim porque, além de trocar muito o comando, ele virou uma bagunça política. Sem falar na falta de diretriz para uma serie de escolhas envolvendo membros da comissão técnica permanente, análise de desempenho, diretoria de futebol,etc. Como exemplo próximo cito o Palmeiras: estabilizado como clube vai ganhar seu terceiro título nacional em quatro anos com três técnicos diferentes: Felipão em 2018, Cuca em 2016 e Marcelo Oliveira em 2015. De um jeito ou de outro, é a instituição que está forte, independentemente do técnico.

Aguirre teve grandes momentos no São Paulo neste ano, em que pese as eliminações no Paulistão, Copa do Brasil e Sulamericana. Não foi a toa, que o Tricolor liderou o Brasileirão por várias rodadas. Suas ideias de jogo claras potencializaram por um tempo o que o grupo de jogadores tinha de melhor. Por outro lado, é indiscutível que a equipe deixou de evoluir, principalmente tendo semanas cheias de treino. Algumas decisões de escalações e substituições se mostraram equivocadas e sentia nas últimas semanas um Aguirre desmotivado, sem força no discurso, sem explicações convincentes e sem o devido comando do grupo. Não consigo enxergar como Aguirre faria diferente em 2019 com o arsenal de atuações que mostrou em 2018.

Para o São Paulo voltar ao caminho das conquistas não bastará simplesmente manter um treinador O clube tem que evoluir em todos os aspectos. Olhar para si mesmo é incômodo. Eu sei. Mas é o primeiro passo para melhorar.

ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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Jornal O Semanário

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