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Porque Tite é disparado o melhor técnico do Brasil

Marcel Capretz, colunista esportivo

Sou muito crítico a categoria de técnicos brasileiros. Nunca generalizo, para não ser injusto. Mas vejo um atraso gritante dos nosso profissionais com relação ao que se faz no mais alto nível mundial.

O fato de nenhum treinador do Brasil ser cotado para assumir nem ao menos um time médio europeu não me deixa mentir.

E repare que me refiro a time médio. Um clube gigante mundial, então, acredito que nem se fizer uma listagem de vinte possíveis nomes colocará um profissional do nosso pais nesta lista.

Posto isso, e apesar disso, o nosso melhor profissional é Tite. Com suas qualidades, que são muitas. E com seus defeitos, que para mim são suportáveis.

Análise

Coloco ‘defeito suportável’ porque no final das contas é isso que segura qualquer relacionamento. Seja ele pessoal, seja ele profissional – neste caso Tite (treinador) e eu (jornalista).

Entendo que o resultado em campo é fruto de um trabalho muito complexo do técnico.

Amo estudar tática, estratégias, modelo de jogo, princípios e sub-princípios operacionais de ataque, defesa e de transições.

Entretanto quanto mais estudo tudo isso mais entendo que o jogo não se resume a isso.

O trabalho de um técnico fica muito evidente com escalações e alterações, porém ele vai muito além disso.

Gestão

Tite é um mestre na arte das relações interpessoais. Essa é sua principal virtude – em segundo lugar vem a competência em armar grandes defesas, um atributo que ele carrega desde o início de sua carreira.

E a maneira com que Tite faz a gestão do ambiente se sobrepõe, por exemplo, a dificuldade em criar conceitos ofensivos.

É nítido que a seleção brasileira apresenta dificuldades em furar boas defesas. Só que o trabalho de Tite é bom, apesar disso. Vamos combinar, caro leitor: não existe técnico perfeito!

Reconheço que Tite em alguns momentos exagera nas figuras de linguagem, mas sua comunicação é muito boa.

Também o seu trato diário com todos os funcionários, passando por massagistas, jogadores e chegando nos dirigentes é excepcional.

E acredite: isso faz toda diferença! Isso faz sim uma equipe, ou uma seleção, ganhar.

O bom técnico é aquele que tem boas competências profissionais técnicas, como entender de tática, metodologia de treino, ter boa leitura de jogo, mas também aquele que sabe liderar pessoas, gerir recursos humanos. E Tite é um mestre nisso.

Sucessor?

E vamos lá: depois de Tite quem é o melhor aqui no Brasil? Tenho dificuldade para responder. Não vejo ninguém nem perto dele. Mano Menezes? Tem os mesmos problemas de ideias ofensivas e não é tão eficaz na gestão do ambiente. Renato Gaúcho? Não sinto firmeza na intenção do trabalho dele.

O bom momento do Grêmio é muito mais fruto do que o clube produz do que do trabalho em si de Renato. Para mudar esse meu conceito gostaria de vê-lo triunfar em um outro cenário, onde ele não seja o maior ídolo da história.

Enfim, Tite não está a altura hoje de dirigir um Manchester City, um Liverpool, um Barcelona. Mas é o melhor nome entre os profissionais nascidos em território brasileiro. Sabendo do conservadorismo da CBF em ser relutante a abrir a nossa seleção para um estrangeiro: fica Tite!

ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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