Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Quantos quartos tem o coração?

“A dor é inevitável, o sofrimento é opcional.” Carlos Drummond de Andrade

Essa frase deve fazer parte da regra da sabedoria.

Porque sofrer quase todos sofremos, mas, bem sofrer são poucos.

E a dor faz parte do processo de crescimento, como ser espiritual que somos, estagiando num corpo físico. Como disse o mestre, que não envelheceu, deixou o corpo aos 33 anos, Jesus, “meu reino não é deste mundo”. (1)

A frase acima é de autoria do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, formado em farmácia, nascido em 1902, e consta de seu poema Definitivo, que diz: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional”.

Outro poeta também nascido naquela década, em 1906, o gaúcho Mário de Andrade, que depois do colégio militar trabalhou por um tempo na farmácia da família, diria no poema “A vida”: “Desisti de querer ter sempre razão e com isso errei muito menos vezes. Desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro, isso me mantém no presente, que é onde a vida acontece. Descobri que na vida a gente tem mais é que se jogar, porque os tombos são inevitáveis”.

Segundo aquele que foi um bem-sucedido advogado no Rio de Janeiro, Druso, e que depois de morto trabalha há mais de vinte anos nas zonas purgatoriais do Além, resgatando almas, há três tipos de dor: a dor-evolução, a dor-expiação e a dor-auxílio. (2)

A dor, mais dia menos dia, vamos enfrentá-la física, emocional ou moral, porque está na natureza. Dizia o professor Henrique Rodrigues que se não sofrêssemos a dor física não sobreviveríamos por muito tempo.

Entendemos que as dores provocando os sofrimentos nos levam à educação e aos cuidados, possibilitando aprendizado e conhecimento que promovem a transformação interior.

Este poema do filólogo alemão Friedrich Rückert, que foi traduzido pelo poeta português Antero de Quental, nos fala da alegria e do sofrimento; tem por título “A casa do coração”:

O coração tem dois quartos:
Moram ali, sem se ver,
Num a Dor, noutro o Prazer.
Quando o Prazer no seu quarto
Acorda cheio de ardor,
No seu, adormece a Dor…
Cuidado, Prazer! Cautela,
Canta e ri mais devagar…
Não vá a Dor acordar…

1) João 18.36, ACF Bíblia online.
2) André Luiz (Chico Xavier) – Ação e Reação – FEB.

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