Opinião

Rodrigues Alves II

15/01/2016

Rodrigues Alves II

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | Rodrigues Alves elegeu-se presidente do Brasil e foi empossado no dia 15 de novembro de 1902. Logo se acercou de homens competentes para formar sua equipe administrativa e de trabalho. Afonso Pena foi o vice-presidente, Oswaldo Cruz era o Diretor Geral da Saúde Pública (Ministro da Saúde), Rui Barbosa, Barão do Rio Branco, Lauro Mueller e outros homens dinâmicos, honestos e competentes.
Neste tempo a Capital era Rio de Janeiro, cidade feia, mal cheirosa, ruas apertadas, infestada de ratos, mosquitos, e muitos outros insetos; grassavam a febre amarela, peste bubônica, varíola, tifo, poliomielite, sarnas, hanseníase, e outras epidemias. Após sua posse, na sua primeira mensagem ao Congresso, em 1903 expôs: “Os defeitos da Capital afetam e perturbam todo o desenvolvimento nacional. A sua restauração no conceito do mundo será o início de uma vida nova, o incitamento para o trabalho nas áreas extensíssimas de um país que tem terra para todas as culturas… O que convém e o governo vai fazê-lo e não mais abandoná-lo, embora nos custe avultados sacrifícios”. O Eng.º Francisco Pereira Passos era o prefeito da Capital. Rodrigues Alves uniu-se ao prefeito, nomearam o Eng.º André Gustavo Paulo de Frontin, que liderou uma equipe de engenheiros e fizeram 169 projetos, para uma ampla reforma civil, cultural, sanitária e embelezamento da cidade.
De 1903 a 1906 derrubaram mais de 600 prédios antigos, desalojando moradores e comerciantes que formaram favelas no Rio, acumularam entulhos e causou muitas críticas ao governo. A reforma contemplou: reorganização da malha viária, escoamento das águas pluviais, reaproveitamento do solo urbano, melhoramento dos serviços municipais, abertura de escolas, melhor atendimento médico, abertura de avenidas amplas e asfaltadas (curiosidade na época), instalação de água e esgoto, eletricidade, calçadas, arborização e obelisco. “… uma obra que honrou quem a executou e a determinou” diz um comentarista. A Avenida Central iniciada em 1904 rasgou todo o centro da cidade focando o Pão de Açúcar como ponto turístico. Rio de Janeiro tornou-se a “Cidade Maravilhosa”.
Oswaldo Gonçalves Cruz (1872-1917) com apenas 20 anos formou-se médico. Aos 21 casou e seu sogro Manuel J. da Fonseca lhe deu uma viagem de estudos para a França, além de um laboratório moderno. Em Paris especializou-se em microbiologia e soroterapia no Instituto Pasteur, estudou ainda urologia e medicina legal.
O Brasil sofria de várias epidemias, levando à morte milhares de pessoas. Ratos infetados, vindos da Europa nos navios, trouxeram a terrível peste bubônica (vide nos parágrafos acima). Oswaldo Cruz lançou uma campanha de desratização (comprava ratos mortos ou vivos), limpeza dos terrenos, vacinação obrigatória. Num tempo de ignorância (criam até que inoculavam o sangue de ratos nos cidadãos, que as mulheres tinham de se despir para a vacinação), o medo da doença e a atitude impositiva e violenta, a imprensa alteou a voz do povo, aumentou os entraves ao Diretor da Saúde e gerou a Revolta da Vacina (1904). “Tiros, brigas, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte público assaltado e queimado, lampiões quebrados às pedradas, destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz” noticiou a (Gazeta de Notícias, 1904). Destruíram postes de iluminação, bondes, houve muitas mortes, mas Rodrigues Alves não permitiu que Oswaldo desistisse quando ele assim o quis: “A ordem pública corre por conta do governo. O senhor tem um compromisso de honra assumido com o governo e com a nação de eliminar da Capital Federal, uma vez por todas, a febre amarela. Prossiga sua obra”. Disse o Presidente. Com energias renovadas Oswaldo fundou o Instituto de Manguinhos (hoje Oswaldo Cruz) e venceu as epidemias com ajuda de outros médicos como Vital Brasil, Adolpho Lutz.
Rodrigues Alves foi eleito presidente para um novo período de 1918-1922), mas adoeceu e em 16 de janeiro de 1919 faleceu. Delfim Moreira tornou-se presidente. Brasil (1902-1906).

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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