Opinião

Rodrigues Alves

18/12/2015

Rodrigues Alves

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Leondenis Vendramim/Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Leondenis Vendramim/Arquivo pessoal)

Artigo | Por Leondenis Vendramim

Francisco de Paula Rodrigues Alves nasceu em Guaratinguetá, S.P., no dia 7 de julho de 1848. Filho do colono português Domingos Rodrigues Alves e de D. Isabel de Marins Alves, brasileira. Seus pais, negociantes, ricos proprietários de fazenda tiveram 13 filhos – nosso biografado era o terceiro. Seu lar foi a sua primeira escola, onde a mãe educava e ensinava as primeiras letras com rigor. Estudou no colégio Pedro 2º, formando-se em 1866, bacharel em letras. Conta-se que nas visitas do imperador ele procurava conversar com o menino Rodrigues Alves devido à sua distinção. Estudou ainda na Faculdade de Direito de S. Paulo com Rui Barbosa, Castro Alves, Joaquim Nabuco, Afonso Pena e outros jovens de sapiência reconhecida, segundo Afonso Arinos a turma mais brilhante da Faculdade S. Francisco (Rodrigues foi o primeiro da classe por 5 anos seguidos). Formou-se em 1870 e estabeleceu-se como advogado em Guaratinguetá. Em 1875 casou com D. Ana Guilhermina de Oliveira Borges, neta do Visconde de Guaratinguetá, o maior milionário do 2º reinado.

O Brasil teve muitas dificuldades superadas graças aos esteios administrativos Prudente de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves. No governo de Mal. Deodoro e de Floriano Peixoto e no início do de Prudente de Morais, o Brasil passava por turbulentas rebeliões e motins, crimes hediondos, revoltas contra o republicanismo, desestabilização da agricultura devida à abolição, enfim precisou-se da atuação de um “Pacificador” como Prudente José M. Barros, homem, bondoso, humano e compreensivo, mas também justiceiro, enérgico e forte. Campos Sales foi o que restaurou as finanças do país, sem o que impossibilitaria o governo dinâmico de Rodrigues Alves para a reurbanização do Rio de Janeiro, a profilaxia e debelações de doenças e pestes, construção de estradas de ferro e portos marítimos e outras atividades. Depois de tanto ainda manteve o nível financeiro do Brasil.

Rodrigues Alves era de pequena estatura, muito distinto em seu modo de ser, poucas palavras, mas claríssimo em suas declarações. Deixava o visitante à vontade, mas respeitoso e sem permitir liberdades. Atencioso a todos e a tudo, como que procurando ler os pensamentos. Não se deixava levar pela grita dos descontentes, nem se desviava da rota do dever, nada teme, servir à pátria é o objetivo da sua vida.

Quando sua esposa morreu dedicou-se afetivamente aos filhos, como diz um biógrafo ele “não viu mais sombra de outra mulher”. Dormia ao lado dos filhos. Estudava até madrugada os papéis atinentes ao governo.

Na política depois de juiz de paz e promotor, deputado entre 1872-1875 e 1878-1879 destacou-se pela obrigatoriedade da instrução de crianças entre 7 e 14 anos; foi deputado à Assembleia Geral (1885-1886) presidente da província de S. Paulo entre 1887 e 1888 e recebeu da Princesa Isabel o título de Conselheiro. Neste tempo os negros fugiam em levas causando desorganização na agricultura, por isso Rodrigues Alves Labutou pela imigração de cem mil europeus. Filiou-se no PRP (Partido Republicano Paulista). Em 1890, eleito deputado da Constituinte; demitiu-se do cargo em 1891 para assumir o ministério da Fazenda de Floriano Peixoto; eleito senador em 1893 e em 1894 exonerou-se novamente para atender ao convite de Prudente de Morais e ser de novo ministro da Fazenda (ele negociou o empréstimo dos Rothschild). O presidente disse-lhe: “você é um dos raríssimos homens cujos escritos eu assinaria sem ler”. Pela segunda vez, Presidente da Prov. de S. Paulo (1900-1901).

Frente ao governo de S. Paulo, foi muito dinâmico. Em pouco tempo inaugurou a primeira hidrelétrica da São Paulo Light, a Usina de Parnaíba (Barragem Edgard de Souza). Nesse período houve uma revolta no sul do Mato Grosso (do Sul) ameaçando S. Paulo. Rodrigues Alves enviou tropas para eliminar os efeitos bélicos na região. Houve também surtos de febre amarela e de outras enfermidades em S. Paulo, atacados pelo seu governo. Ele resolveu candidatar-se a presidente da República e afastou-se mais uma vez. O êxito desses homens estava na sua honestidade, dinamismo, escolha da equipe e gerência. Por que nosso atual governo perece?

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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