Leondenis VendramimOpinião

Ruy Barbosa

07/05/2016

Ruy Barbosa

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Leondenis Vendramim/Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Leondenis Vendramim/Arquivo pessoal)

ARTIGO | O Médico Dr. João José Barbosa de Oliveira e sua esposa Maria Adélia Barbosa de Oliveira viram nascer no seu lar um gênio, Ruy Barbosa de Oliveira. (Seu nome hoje é grafado Rui Barbosa porque um decreto filológico obrigou a adequar a grafia dos nomes de personagens importantes à ortografia legislada). De pequena estatura – só tinha cabeça grande, nasceu em Salvador, Bahia, na hoje, Rua Rui Barbosa, no dia 5 de novembro de 1849. Aos cinco anos, em quinze dias aprendeu análise gramatical e verbos regulares. Seu mestre chegou a dizer:
_ “Este menino é o maior talento que já vi”.
Quando aos 11 anos (1861) seu professor ginasial disse ao seu pai João Barbosa:
_ “Seu filho nada mais tem a aprender comigo”.
Nesse mesmo ano recebeu uma medalha de ouro do Arcebispo da Bahia por seus conhecimentos. Concluiu o curso ginasial em 1864, com apenas 15 anos, e por ser muito novo teve de esperar um ano para ingressar na Faculdade de Direito de Olinda; aproveitou esse tempo para aprender alemão. Em 1868 seus pais deram guarida domiciliar para outro gênio, Castro Alves, colega ginasial de Rui. Graduou-se em direito em 1870. Neste mesmo ano fez o famoso discurso em tributo a outro polímata, José Bonifácio, o moço. Foi acometido de enfermidade cerebral pela segunda vez (1867 e 1870). Já no ano seguinte estreou na tribuna advocatícia defendendo a “honra de uma inocente filha do povo contra a lascívia opulenta de um mandão” (escreveu Rui).
Em 1872 iniciou sua carreira jornalística no “Diário da Bahia” cuja direção assumiu um ano depois. Proferiu, nesse mesmo ano, discurso não menos famoso sobre “Eleição Direta” no Teatro São João. Em 1876 casou-se com Maria Augusta Viana Bandeira com quem teve cinco filhos: Maria Adélia, Alfredo Rui, Francisca, João e Maria Luíza Vitória. Ele viveu desde 1895 com sua família na casa onde hoje é o museu Rui Barbosa até 1923, ano de sua morte.
Rui destacou-se nas muitas ciências, foi o homem do saber: filólogo, membro fundador da Academia Brasileira de Letras, sendo seu presidente entre 1908 e 1919, extraordinário orador, tradutor fiel, escritor brilhante, respeitado abolicionista, hábil economista (propôs a reforma modernizadora da economia, tremendo político: republicano, coautor da Primeira Constituição Republicana, ministro da fazenda do Presidente Mal. Manoel Deodoro da Fonseca, deputado, senador e candidato à presidência da República. Foi o brilhante delegado do Brasil na 2ª Conferência de Haia – Holanda, em 1907, onde defendeu os princípios democráticos de igualdade dos estados. Nessa ocasião, ao iniciar sua palestra, perguntou aos representantes de muitos países: “em que língua quereis que vos fale” e devido à erudição com que expôs recebeu o epíteto “O Águia de Haia”.
Foi eleito deputado pelo Estado da Bahia em 1877 e em 1878, eleito deputado à Assembleia. Apresentou o projeto para a reforma da educação do Brasil efetivada pelo Ministro da Educação Carlos Leôncio de Carvalho da Corte, Decreto de 19/4/1879, criando escolas primárias, secundárias e superiores; permitindo a frequência de escravos, criando a alfabetização de adultos e cursos noturnos. Vimos que Rui convivia com abolicionistas como Castro Alves, e tinha também a influência da Maçonaria que preconizava a liberdade, igualdade e fraternidade, assim, empenhou-se na campanha pela emancipação dos escravos. Os libertários, Jornalista José do Patrocínio escreveu: “Deus acendeu um vulcão na cabeça de Rui Barbosa” e o grande Joaquim Nabuco oito meses antes da proclamação da República: “Evaristo (da Veiga) na imprensa fez a Regência, e Rui fará a República”. Rui Barbosa influenciou efetivamente para que o Brasil participasse da 2ª Guerra Mundial. No final de sua vida, desiludiu-se com o republicanismo, escreveu muitas críticas ao sistema, contudo não há provas de que se tenha tornado um monarquista. Rui escreveu: “A liberdade não é um luxo dos tempos de bonança; é o maior elemento da estabilidade”. É oportuno dizer que Cristo morreu na cruz para dar-nos estabilidade.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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