Leondenis Vendramim

Santo Antônio

Comemorou-se no dia 13 último o dia de Santo Antônio. Quem foi ele?

A 15 de agosto de 1195, nascia Santo Antônio de Pádua, em Lisboa, e morreu em Pádua – Itália no dia 13 de junho de 1231. Portanto, ele não era italiano, era português, nem seu nome era Antônio, era Fernão de Bulhões. Ele era padre agostiniano, mestre em teologia, educado para combater os “hereges”.

Como penitência missionária viajou para Marrocos para converter os muçulmanos da África, considerada “Barbárie”. Naquele tempo bárbaro era um adjetivo de instrumento diabólico a ser convertido ou exterminado. Viajou ainda para França e Itália para combater os albigenses.

Na sua mira estavam também os escravos fugitivos. Ele recebeu cognomes de “Martelo das Heresias e Profeta que encontra coisas perdidas e escravos fugitivos”.

Os bolandistas (jesuítas contadores de milagres dos santos) relatam mais de 50 milagres de S. Antônio: controlador das forças da natureza e dos animais ferozes; diversas ressurreições; curas. Certa vez transformou um sapo em frango e um frango em sapo para confundir os hereges.

Fez um recém-nascido falar para defender a honra de sua mãe. Segundo esses bolandistas, tinha o poder de bi locação, pois S. Antônio esteve em Milão na Itália e em Lisboa ao mesmo tempo para salvar seu pai da forca. Certa vez um noviço fugiu do convento levando precioso saltério. O Padre fez o próprio diabo aparecer e fazê-lo voltar e devolver o saltério ao convento.

Padre Antônio Vieira foi um dos mais fervorosos adoradores de S. Antônio. Proclamou-o “Santo Universal”, dizendo que apesar de ser um só, era todos os santos juntos, pois tem lugar preeminente nas seis hierarquias celestiais – um deus onipitente.

Segundo Vieira, pela Bíblia se mostra que “o nosso Santo Casamenteiro foi tão grande que Cristo, diante dele Se tornou pequeno. Equiparou S. Antônio ao Sol e Cristo a uma simples candeia; pois o Santo numa só pregação converteu 22 ladrões e Cristo converteu apenas um” (Pe. Gandavo. Hist. da Prov. de Sta. Cruz, Trat. da Ter. do Brasil, p. 51-53).

Segundo Reis e Gomes, Santo Antônio é o maior dos nossos santos e muito honrado na Bahia. Quando, em 1567, os franceses huguenotes passaram pela costa africana tomaram o forte de Arguim, posse portuguesa e roubaram uma imagem de S. Antônio para escárnio. Logo, ao mar, uma terrível tempestade destroçou a armada perecendo os holandeses, mas a imagem foi encontrada em Itapoã, milagrosamente, em pé na praia, sem ajuda humana. Foi recolhida, 28 anos depois, por Francisco Dias D’Ávila e levada em procissão, no dia 23 de agosto de 1595, para o convento de S. Francisco.

Frei Antônio Maria Jaboatão conta que do lugar onde os calvinistas golpearam a imagem com facão vertia sangue verdadeiro, milagre repetido com outras imagens do mesmo santo em outros lugares do Brasil.
Entre os séculos 16 e 17, Santo Antônio tornou-se soldado, militando nos exércitos portugueses, defendendo a colônia, combatendo os protestantes e prendendo escravos fugitivos. Segundo o Padre Vieira, o Santo foi o grande vencedor na guerra contra Maurício de Nassau em 1638, e teve grande destaque na guerra contra os Quilombos. Por ter sido soldado de destaque obteve 15 promoções.

Em 1705 a Câmara de Salvador tornou-o Capitão do Forte da Barra, comandando o Batalhão de Santo Antônio. Em 1709 apareceu como soldado na Paraíba, recebendo um salário de 30$700. Em 1717, em Pernambuco era patrono da Capitania com o posto de tenente desde 1645.

Passou a receber um salário do rei de Portugal que o nomeou soldado. Foi nomeado por S. Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais como soldado, auferindo salários em todos esses lugares, além disto, ganhava também dos senhores de escravos como Capitão do Mato e defensor de suas propriedades, conseguindo um salário anual de 480$000.

O rei D. João VI outorgou ao Santo, em 1814, a Gran Cruz da Ordem de Cristo e uma riquíssima bengala, de seu próprio uso, contendo 84 rubis, 72 crisólitas em ricas incrustações em ouro e tartarugas. Isto após quase 600 anos da morte do Santo, e não me perguntem quem ficou com essas riquezas!

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