Opinião

Spinoza, Lao-tsé e natureza da matéria

25/08/2014

Spinoza, Lao-tsé e natureza da matéria

José de Paiva Netto é jornalista, radialista e escritor (Foto: Raquel Bertolin/LBV)
José de Paiva Netto é jornalista, radialista e escritor (Foto: Raquel Bertolin/LBV)

Artigo | Por José de Paiva Netto

Na página “Ciência e Fé na trilha do equilíbrio”, explanei sobre Baruch Spinoza (1632-1677), autor de amplos sistemas metafísicos que influenciaram e influenciam grandes pensadores. “Ignoro por que a matéria deva ser indigna da natureza divina, já que fora de Deus não pode existir nenhuma substância dotada de natureza divina… Por isso, de forma alguma se pode asseverar que… a substância extensa… é indigna da natureza divina, desde que eterna e infinita”, destacou o famoso filósofo.

Em minha coluna, datada de 29 de abril de 1993, escrevi que, durante muito tempo, a matéria foi considerada obstáculo ao Espírito. Contudo, agora deixará de ser, à medida que percebermos e respeitarmos sua função superior. (…)

O malefício não se encontra na matéria, ou no que dela restou depois da reforma da Ciência Física instituída por Einstein (1879-1955), mas no uso que dela fizermos.

O mal, que ainda dificulta aos cérebros excessivamente céticos vislumbrar os mais extensos horizontes na esfera do Espírito, é querer apenas aceitar os fatos do ponto de vista físico absoluto. Não querem admitir, nem mesmo como argumento, que o “Tudo”, na verdade, está submetido à ação de Sublimes Poderes, que nos colocam em postura distinta da que têm como probabilidade legítima, visto que a perspectiva restrita à matéria, no entanto, não passa de enorme delírio, ao contrário do que alguns pensam da visão espiritual da Ciência. O que se compreende como inexistente é o real. (…) A respeito do assunto, comenta o físico Juliano Carvalho Bento, que me honra com a sua leitura e audição: “A Ciência hoje prova que podemos observar no ‘nada’ físico, ou seja, no vácuo absoluto (que por si só já não é possível detectar na Natureza por somente existir em condições ideais), a existência de um resíduo de energia que, pela física clássica ou newtoniana, não pode ocorrer. Isso só foi possível verificar com o advento da Mecânica Quântica, pois, se esse vácuo total existisse, estaria contrariando o Princípio da Incerteza de Heisenberg (um dos pilares da física dos quanta), que evidencia que sempre deve existir uma energia mínima no cosmos. Uma comprovação desse fato se deu com o chamado efeito Casimir, no qual se detectou que duas placas metálicas paralelas neutras no vácuo se atraem pelo fato de surgir uma força proveniente desta energia do vazio. O suposto nada esconde muita coisa. Como assegura Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, em Seu Evangelho, segundo Mateus, 10:26: ‘(…) nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser conhecido’”.

Atuação do invisível no visível

No “Tao Te Ching”, também chamado de “O Livro do Caminho e da sua Virtude”, o filósofo chinês Lao-tsé (570-490 a.C.) ensinou:

“Trinta raios convergentes no centro,/ Tem uma roda,/ Mas somente os vácuos entre os raios/ É que facultam seu movimento./ O oleiro faz um vaso, manipulando a argila,/ Mas é o oco do vaso que lhe dá utilidade./ Paredes são massas com portas e janelas,/ Mas somente o vácuo entre as massas/ Lhes dá utilidade –/ Assim são as coisas físicas,/ Que parecem ser o principal,/ Mas o seu valor está no metafísico”.

O tema é realmente instigante e nos leva a exalçadas reflexões sobre a existência humana e o papel que desempenhamos na contextura do Universo.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo
Abrir bate-papo
Olá
Podemos ajudá-lo?