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Suicídio e o uso de drogas

16/03/2018

Suicídio e o uso de drogas

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

Em seis anos e meio que mantivemos a clínica Nova Consciência, em Capivari, infelizmente vimos a morte, de forma violenta, pelo suicídio de seis ex-pacientes, tempos após deixarem o tratamento, pessoas que abortaram (abandonaram) sua recuperação pessoal.

Na verdade, suicídio não é morte, não é o fim, o nada. A grande decepção daqueles que abandonam o corpo dessa forma é que se encontrarão vivos em outra dimensão. A vida continua.

E, se o problema era financeiro, ou culpa, ou enfermidade, dependência química, desemprego, morte de alguém querido, separação, enfim: a fuga pelo suicídio só vai distanciar ainda mais o indivíduo das pessoas que ama, mas ele continuará vivo na outra dimensão, com o problema agora agravado pela dor de ter extinguido o corpo físico.

Essas seis pessoas que mencionamos acima estavam muito comprometidas pelo uso de drogas desde a adolescência, e devido à compulsão (do físico) e à obsessão (da mente) não conseguiam pensar em viver sem a substância de sua preferência. Na crise de abstinência e no sofrimento que dela pode advir, acabaram pondo termo ao corpo físico.

Jamais devemos ser favoráveis à liberação da maconha: a mesma porta que vende essa erva vende outras drogas, o que pode ser uma escalada para o sofrimento. O prazer é passageiro, e o sofrimento pode durar por muitas encarnações.

Uma frase atribuída a William Shakespeare traz significativo ensinamento em relação ao enfrentamento da vida e de nossas limitações: “Aprenda que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados”.

Dados apontam que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 800 mil pessoas se suicidam a cada ano, ou seja, um caso a cada 40 segundos.

A entidade divulgou pesquisa apontando que o fator que mais predispõe ao suicídio é a depressão, mas que muitos outros aumentam a propensão, como transtornos bipolares, abuso de drogas e álcool, esquizofrenia, antecedentes familiares, contextos socioeconômicos, educacionais, pobreza ou uma saúde física frágil.

Impressionados com o aumento de suicídios em jovens, pesquisadores da Universidade da Califórnia chegaram à conclusão de que mais da metade dos suicídios era resultante do aumento de consumo de drogas ilícitas e álcool.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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