Opinião

Traços do caráter: cortesia

20/02/2015

Traços do caráter: cortesia

Artigo | Por Leondenis Vendramim
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

Numa concessionária em Campinas, entrou um fazendeiro, com roupas modestas, pois vinha da roça. Os vendedores não lhe deram atenção, não o julgaram um potencial comprador devido a sua aparência. Ele continuou examinando um carro luxuoso, e outro… Depois de certo tempo, o homem saiu da loja, entrou numa outra e ali foi atendido com cortesia, atenção e recebeu todas as respostas às suas dúvidas. Ficou satisfeito e comprou dois carros. O gerente da primeira loja o encontrou com o carro novo e o interrogou; por que, sendo amigo não comprou em minha loja?

Quando lecionava Ética na Faculdade UNIESP, um professor, meu colega contou-me: “Estive na Suécia, para estágio na Volvo. Meu orientador me pegou no hotel e me levou à fábrica. Chegamos meia hora antes, o pátio ainda tinha muitas vagas, mas ele estacionou longe da entrada. Perguntei, então, por que ele não estacionou mais perto. “Nós chegamos cedo. É melhor deixar o lugar mais próximo da entrada para aqueles que chegarem mais tarde, assim não perderão a hora. Meu colega brasileiro disse que ficou envergonhado, mas aprendeu que chegar cedo aos compromissos e colaborar com os outros faz parte da gentileza e da ética.

Li em algum lugar, que a rainha Vitória, da Inglaterra, num de seus passeios a pé, pelos arredores do Castelo de Windsor, foi surpreendida por forte chuva. Bateu na porta da primeira casa e pediu à senhora um guarda-chuva emprestado. A mulher resmungou contrariada e rude: “sei que não vai devolver mesmo, por isso trouxe o mais velho”. A rainha agradeceu e voltou para o palácio. No dia seguinte, um cavalheiro bem trajado parou em frente à casa. A dona da casa atendeu! O homem trazia o guarda-chuva e um pacote. Disse o cavalheiro: “É um presente da Rainha”. Era uma bolsa com algumas libras. Aquela mulher ficou estupefata, mas como corrigir o mal! Era tarde! A única maneira de não cair em desastrosas mancadas é praticar, com costumeira e perseverante subjugação do eu, a gentileza, amabilidade, bondade, paciência e altruísmo.

Todos nós vendemos alguma coisa, se não são artigos, são ideias, ensinamentos. Assim como o lubrificante conserva as engrenagens, não permitindo que se desgastem assim a cortesia conserva o relacionamento social, na família e nos demais seguimentos sociais, não permitindo que haja contendas. Se você, leitor, quer ter família harmoniosa, saudável, feliz, seja você um exemplo de cortesia, amável com a esposa (o), filhos, irmãos: ajude nas tarefas domésticas, use palavras bondosas. Atitudes simples e gentis são alavancas da paz, da felicidade e do amor e vida plena. O cavalheiro não fala alto, muito menos com grosseria, não reclama do feijão queimado ou da comida sem sal – não precisa, a cozinheira vai comer o mesmo que você – não graceja de modo que diminua seu cônjuge diante de outras pessoas.

Certa vez Demóstenes (filósofo grego) recebeu um aluno cuja capa estava esfarrapada. Demóstenes disse-lhe: “Através dos buracos da tua capa vejo o teu orgulho” (o aluno queria se mostrar humilde). Assim é aquele que se mostra “sargentão” com seus familiares e quer usar de cortesia diante dos demais. A melhor escola para nos lapidar e tornarmo-nos joia de alto valor, é junto aos nossos familiares. É aí que desenvolvemos a paciência, mansidão e gentileza genuína.

Gentileza é diferente de bajulação porque é espontânea, expressa amor, sem nada esperar em troca. Bajulação é atitude oposta, calculista e ridícula. Cortesia é fruto do amor que Deus coloca no coração humano. Embora o Criador coloque esse sentimento no ser humano ele precisa praticá-lo constantemente ou morrerá. Assim devemos desenvolver a gentileza, e o melhor canteiro para isso é no seio da família.

Pratique-se a cortesia entre os familiares, e terão laços duradouros, paz, felicidade e mais saúde. Deus abençoe o lar de cada leitor para que seja um ninho de felicidade, uma extensão do paraíso com a presença de Jesus.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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