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Uemura: de mesatenista a comissário de voo; de Capivari para o mundo

Atualmente, Pedro Uemura trabalha na Gol Linhas Aéreas, baseado em Fortaleza/CE (Foto: Arquivo pessoal)
Atualmente, Pedro Uemura trabalha na Gol Linhas Aéreas, baseado em Fortaleza/CE (Foto: Arquivo pessoal)

A carreira de comissário de voo é uma das mais cobiçadas em todo o mundo. Além do glamour criado na profissão, ainda existem outros atrativos, como a possibilidade de viajar para vários países, conhecer novas culturas, além de bons salários e outras vantagens concedidas pelas companhias aéreas.

Mas, engana-se quem pensa que a vida de um comissário de voo é fácil. Ele é um dos responsáveis por manter a segurança, a ordem e o bem-estar dos passageiros. E isso nem sempre é tarefa fácil. Além de habilidades de comunicação, o comissário precisa dominar técnicas de sobrevivência e primeiros socorros, para saber como agir em casos extremos.

Definitivamente esta não é uma profissão para quem busca monotonia. A vida de um comissário de bordo é dinâmica e cheia de desafios. E por isso é tão apaixonante!

E para falar um pouco mais da sua história e dos desafios da profissão, o jornal O Semanário conversou com Pedro Henrique Vieira Uemura. Natural de São Paulo, mas capivariano de coração, ele trocou a raquete para alçar voos mais altos. Aos 27 anos, é comissário de voo na Gol Linhas Aéreas e reveza moradia entre Indaiatuba e Fortaleza (CE). A profissão lhe rendeu outra conquista, sua esposa, Camila Ferraz, que também é comissária de voo.

Uemura mantém a prática de esportes como hobbie, somada ao gosto pela música e tocar violão. Confira a entrevista:

O Semanário – Conte um pouco da sua história.

Uemura – Fui para Capivari muito pequeno, tinha 4 anos de idade, então apesar de ter nascido em São Paulo (capital), me considero capivariano de coração. Estudei na EAC (Escola Alegria de Crescer) até a abertura da CNEC no ano de 2001, quando mudei de escola. Na EAC ainda tive o primeiro contato com o tênis de mesa quando houve uma demonstração, mas foi já na CNEC que eu comecei a treinar e ter os primeiros resultados. Fui campeão de uma etapa da Liga Paulista apenas 4 meses depois de ter conhecido o esporte, e a partir daí foi uma prazerosa caminhada até chegar à seleção brasileira.

Fiz grandes amigos por conta do esporte. E muitos amigos acabaram praticando também o tênis de mesa aí em Capivari. A CNEC nos oferecia muitas oportunidades de praticar diversos esportes, e acredito que foi uma época muito bacana para todos na cidade. Sinto muito orgulho dos resultados que consegui no tênis de mesa pois Capivari se tornou conhecida no cenário nacional deste esporte. Depois que conquistei pela primeira vez uma vaga na seleção brasileira, onde fui para Havana em Cuba disputar o campeonato Latino Americano, todos começaram a olhar para Capivari e ver que estávamos começando um trabalho sério e promissor na cidade.

Mais tarde isso trouxe para a cidade campeonatos importantes, seletivas nacionais, e diversos atletas de alto rendimento de diversos países passaram por aí. Nesse ponto gostaria de agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para os bons tempos que vivemos nessa época com o tênis de mesa, em especial ao meu técnico, Paulo Camargo.

O Semanário – Você perdeu sua mãe (dona Eneida) ainda jovem, quais foram os desafios e como deu a volta por cima?

Uemura – A perda da minha mãe, pela forma como tudo aconteceu, foi um momento muito chocante para todos. Eu tinha 14 anos de idade, e lembro que nessa época o esporte e os amigos me ajudaram muito a superar esse momento. Coincidentemente o ano de 2005, quando minha mãe faleceu, foi o melhor ano da minha breve carreira como atleta, e os diversos compromissos e objetivos no esporte ocuparam um pouco minha cabeça e não deixaram que eu sucumbisse a dor da perda. Os amigos nessa hora foram de inenarrável ajuda, e sou grato a todos por isso, pois lembro desses dias como se tivessem acabado de acontecer. Apesar de tudo, o que aconteceu me tornou mais forte. Tanto mentalmente como espiritualmente. E sei que onde minha mãe estiver ela estará em paz, pois por onde passou levou muito amor e luz.

O Semanário – Sua família continua morando em Capivari, vocês costumam se ver sempre? Como é ficar longe da família?

Uemura – Sim! Meu pai (Tomio) continua morando em Capivari, porém minha irmã (Tamie) mais nova se mudou para Ribeirão Preto. Por conta da minha profissão não consigo visitá-los com a frequência que gostaria, mas sempre que posso dou uma corrida até Capivari. Essa distância da família e amigos é algo que faz parte para nós da aviação, mas com o tempo as pessoas ao seu redor vão se acostumando com a loucura do nosso dia a dia.

O Semanário – Você foi atleta de alto rendimento no tênis de mesa brasileiro, treinando ao lado de grandes nomes, como Thiago Monteiro. Treinou inclusive na França. Porque resolveu deixar o esporte de lado?

Uemura – Ao contrário do que muitos pensam, eu nunca tive talento para o tênis de mesa. Eu apenas fui muito dedicado e persistente. Mas para se tornar um dos melhores do mundo não basta apenas dedicação, pois no esporte de alto nível todos são extremamente dedicados, e chega uma hora que o talento fala mais alto. Eu cheguei em um ponto na minha trajetória no esporte em que ou eu deixava tudo de lado e me mudava de vez para a Europa, com a intenção de me dedicar integralmente ao esporte e viver disso para sempre, ou eu seria um atleta mediano para os níveis internacionais se continuasse no Brasil.

Tive a oportunidade de realizar treinamentos na Suíça e na França nos anos de 2006 e 2008, e lá convivi diariamente com os atletas de alto rendimento mundial. Na França dividi casa com o Cazuo Matsumoto, Gustavo Tsuboi e Thiago Monteiro. Pude ver como era a vida deles, o dia a dia de um atleta de alto nível dedicado 100% ao esporte. E eu vi que eu não chegaria a ser um dos melhores do mundo. Seria um atleta de alto nível sim, provavelmente hoje estaria jogando em algum clube europeu, mas dificilmente chegaria a ser um top 50 mundial. Além disso, nos períodos que passei na Europa sentia muita falta do Brasil. Então quando voltei da França no final de 2008 tomei a decisão de parar com o esporte e iniciar minha carreira em uma área que sempre fui apaixonado: a aviação.

O Semanário – Quais foram os principais títulos no tênis de mesa?

Uemura – Fui vice campeão Latino Americano, campeão brasileiro, campeão dos Jogos Abertos do Interior, e no ano de 2005 fui considerado o melhor atleta de todas as categorias da Liga Paulista de tênis de mesa.

O Semanário – Quando e como surgiu sua paixão por pilotagem?

Uemura – A paixão pela aviação vem desde quando era pequeno. Sempre gostei muito de tudo o que voa, e desde cedo já almejava em algum momento me dedicar a aviação. Tive uma mudança de planos quando comecei a ter resultados no esporte e as coisas foram ficando mais profissionais. Mas quando decidi parar com o tênis de mesa, já voltei para o Brasil sabendo exatamente o que eu queria. Fiz o curso de comissário de voo, e logo comecei a trabalhar na Azul Linhas Aéreas, onde fiquei um ano trabalhando no aeroporto de Viracopos, em Campinas. Depois disso fui contratado pela TAM (atualmente LATAM) onde fui comissário de voos nacionais e internacionais por 5 anos. Nesse período puder fazer meu curso de piloto de helicóptero. Atualmente estou na Gol Linhas Aéreas, e fico baseado em Fortaleza-CE.

O Semanário – Ser piloto sempre foi seu sonho? Porque você decidiu ser piloto?

Uemura – Sim, acredito que sempre foi o meu maior sonho. Fui muito influenciado pelo meu pai, que foi piloto da Força Aérea Brasileira. Então essa paixão pela aviação passou de pai para filho.

O Semanário – Quais a barreiras que você enfrentou ou enfrenta para chegar a este cargo?

Uemura – Acho que as maiores dificuldades da nossa profissão é o fato de não termos uma rotina de folgas e horários. No meu caso, minha mulher é comissária de voo também, de uma empresa diferente da minha, e ela fica baseada em Viracopos, Campinas, e eu em Fortaleza. Já chegamos a ficar mais de 20 dias sem se ver. Mas já estamos acostumados com essa vida.

O Semanário – Como foi pilotar pela primeira vez um helicóptero e qual sensação você sentiu depois desse primeiro voo?

Uemura – Foi incrível. Na minha primeira aula de pilotagem eu tive ainda mais certeza de que eu quero isso para o resto da minha vida. Seja voando avião ou helicóptero, a sensação de pilotar é incrível.

O Semanário – Já aconteceu alguma situação de risco em algum voo que você fez?

Uemura – É muito raro acontecer situações de emergência. Nossas aeronaves são cada vez mais seguras. Porém já passei por alguns momentos desconfortáveis sim. Uma vez chegando em Santiago no Chile tivemos problemas técnicos para pousar lá. Mas felizmente deu tudo certo e não aconteceu nada de pior.

O Semanário – Qual conselho você daria para quem quer ingressar na aviação?

Uemura – Acho que o principal conselho é estudar inglês. Hoje todas as companhias aéreas exigem um nível de inglês de intermediário para avançado pelo menos, para qualquer cargo que seja.

O Semanário – Deixe uma mensagem para os amigos de Capivari.

Uemura – Sinto muito orgulho de dizer por onde eu passo que cresci em Capivari. Sou muito grato a todos que passaram pela minha vida enquanto morei aí, e tenho muitas lembranças boas da cidade. Sempre que posso vou visitar os amigos que ainda moram em Capivari. Deixo aqui o meu abraço a todos! E me coloco à disposição de quem se interessar pela aviação e quiser saber mais sobre como começar. Um obrigado especial ao Jornal O Semanário, e pelo convite do meu grande amigo Túlio Darros! Grande abraço!

Voar é a paixão do jovem que leva Capivari no coração (Foto: Arquivo pessoal)
Voar é a paixão do jovem que leva Capivari no coração (Foto: Arquivo pessoal)

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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