Rubinho de Souza

Villa Raffard em 1900 ‘Bico de Pena’ de Dorival de Oliveira

Muitos que porventura vierem a ler esta publicação, hão de se lembrar de um senhor humilde, mas de um talento como poucos na arte da pintura. Estou me referindo ao Dorival de Oliveira, que incorporou de tal forma sua arte de pintor à sua pessoa, que ficou conhecido pelos amigos, como “Baiano pintor”.

É dele a pintura em bico de pena (foto) que tão bem retrata a Villa do Henrique Raffard nos idos dos anos de 1900, onde segundo descrição minuciosa feita por Silveira Rocha, vemos como numa vista aérea, à direita do Rio Capivari, as colônias de casas construídas entre 1884 e 1900, e entre elas a casa do fundador Henrique Raffard; a estação, tal como ainda se encontra, salvo algumas modificações; a “maria fumaça” que foi uma das primeiras locomotivas das estradas de ferro do Brasil, chegando à estação, sentido Capivari – Mombuca.

Subindo pela rua da estação (Rua Luiz de Freitas) – hoje Avenida São Bernardo – temos uma casa que ficava num barranco, e que por algum tempo, funcionou como hotel. Mais acima, onde hoje temos a rua Maurício Allain, era uma estrada chamada de “Estrada de rodagem de Piracicaba”. As quatro casas que ali são vistas, pertenciam ao sr. José Vinho, Francisco Bazzanella e Luiz Soncin, e o prédio do lado direito, era a residência do sr. Modesto Minçon.

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Foto enviada pelo colunista

Partindo, como se fosse à Capivari pela Avenida José Annichino, vemos o córrego São Francisco, e mais ao alto a chamada “Casa Grande” de propriedade de Paulino Galvão, que ficava no sítio “Boa Vista” de D. Escolástica de Campos Camargo (1891), onde se pode ver casas, ranchos, animais equinos e bovinos, e ainda lavouras de café e de milho, que ficavam no interior do referido sítio. Um pouco mais abaixo, e ao lado um pequeno curso d’água, que desemboca no córrego São Francisco.

À esquerda da Estrada de Ferro Ituana (depois Sorocabana), o Engenho Central de Henrique Raffard, e no seu entorno, carros de boi e armazém de açúcar, lenheiro, o prédio do escritório, balança e a casa destinada ao gerente da Usina. Logo acima do Engenho, as estradas de Tietê e Porto Feliz e entre elas, uma grande lavoura de cana, matéria prima para o açúcar produzido pela indústria idealizada e construída por nosso fundador.

Como se pode perceber pela descrição minuciosa de Silveira Rocha, Dorival de Oliveira, nosso “Baiano Pintor” como ninguém soube retratar em bico de pena, com perfeição e sem deixar escapar um só detalhe a Villa Raffard dos anos de 1900.

Ao grande artista Dorival de Oliveira, a quem tive o privilégio de conhecer, nossas mais sinceras homenagens, ainda que póstumas, mas merecidas, num tributo aos seus descendentes, visto que essas homenagens são estendidas também à família Oliveira, pelo brilhantismo com que exercia seu mister na pintura.logo do fundo do baú raffard

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