ArtigosRubinho de Souza

A Caipirinha do Nono Quibao

Como coisas simples nos marcam pela vida toda, e uma delas é a caipirinha que o Nono Quibao fazia religiosamente todo domingo, e saboreava antes do almoço na casa que ele morava na Fazenda Leopoldina, era aquela casa em estilo francês com muito espaço e luminosidade!

E nós, os netos, parecíamos abelhas rodeando um prato com água e açúcar na intenção de dar uma bicadinha naquela caipirinha feita de limão galego, que nunca provei outra igual, era limão, açúcar e cachaça de garrafão, nem gelo ele colocava, já tentei copiar em casa, já pedi fazerem pra mim, mas não é a mesma coisa, acho que falta aquela magia que ficou lá atrás!

Sempre digo que podemos ter a receita mais detalhada possível de algum prato, ou mesmo drink, mas o diferencial está na “mão”, agora há pouco acabei de tentar fazer uma parecida, mas não ficou igual, usei limão de um pé que plantei na pequena piscina daqui de casa, que virou um canteiro, estou degustando sem gelo, como era na casa do nono, mas não chega nem perto!

Por falar nesse pé de limão galego, ganhei a muda de um amigo que me diz que a sogra dele vive falando que nunca mais provou um churrasco tão bom como o do casamento do tio Toninho, e realmente, o nono fazia um churrasco que nunca vi tempero igual, ele tinha uma caixa de inox com alças que cabia mais ou menos uns 100 litros, e já tive oportunidade de ver ele temperar a carne pra fazer o churrasco de natal do dia seguinte, a carne ficava nesse tempero, sem refrigeração alguma de um dia pro outro, seria esse o segredo? Não sei se foi pra esse casamento, ou outra festa, mas uma vez fui com o nono até o matadouro de Piracicaba, foi uma verdadeira aventura para mim, e sempre que passo em frente ao prédio histórico lembro disso.

A Caipirinha do Nono Quibao
A Caipirinha do Nono Quibao

Ainda sobre o churrasco que o nono fazia, a gente esperava ansioso o natal para se deliciar com ele, uvas passas e nozes, que nós disputávamos com nossos primos quem quebrava no “murro” com maior facilidade, e com as sidras que a gente pegava escondido, ou pedia pra um tio por vez, fazendo de conta que era a primeira que pegávamos. Realmente aquela casa e esses momentos deixaram muitas lembranças, domingo à tarde na enorme sala de visita, que tinha uma lareira, e nunca via acesa, a tv estava sempre no programa do Silvio Santos, tinha o Jeep e o Aero Willys que a gente brincava de dirigir.

Nessa época a usina mantinha muito bem conservadas as casas, nessa tinha um jardim do lado esquerdo, que era cuidado por um jardineiro, era ao lado da varanda onde era feita essa festa, e nele, no meio de um canteiro tinha uma pequena fonte cheia plantas aquáticas, que a gente chamava de estrelas d’água, e eu fiz a façanha de cair dentro durante uma das brincadeiras com os primos. Outra coisa que nunca mais vi é limão doce, tinha um pé ao lado do enorme pé de castanha, era muito parecido com o limão siciliano, mas era doce.

Hoje tudo isso virou lembrança, a casa foi demolida, muitos dos personagens dessa época viraram doces lembranças, mas, que bom, termos o privilégio de ter boas lembranças!

Texto escrito por Jr. Quibao, em 28 de janeiro de 2024, relembrando sua infância nos bons tempos em que as famílias eram numerosas e confraternizavam, se reunindo nas casas do nossos avós ou nonos, como dizem os italianos.logo do fundo do baú raffard

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