Leondenis Vendramim

Amor, esse desconhecido

Poucos sabem o que é amor! O Vocabulário Filosófico de Carlos L. Mattos define amor como afeição profunda, amizade. O dicionário da língua italiana traz “entusiasmo” (do grego enthousiasmós – Deus interiorizado- como sinônimo.

A língua grega distingue: “erós” que é o amor mais concupiscível, “filia” o dentre amigos, “ágape” o amor mais sublime de Deus, de mãe e pai. Os escolásticos (padres do séc. 12 a 14) distinguiam o amor concupiscível ou sexual do desinteressado. Creio que “enthusiasmo” define bem o amor desprendido. Aqueles que se esquecem de Deus esvaziam-se do verdadeiro amor, porque Deus é amor (1 João 4:8).
Vejamos.

Deus ama tanto os pecadores que assistiu a morte de Jesus na cruz, sem interferir a fim de que pudesse salvar os pecadores. Todo dilacerado pelo chicote, com a coroa de espinhos na cabeça, esbofeteado, cuspido, pregado na cruz, sangrando, ainda conseguiu forças para orar pelos Seus algozes, para que fossem perdoados.

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Ele não sofreu para salvar santos, mas pecadores, mesmo os piores, desde que se arrependam e creiam no Seu perdão.
Perdoar o inimigo não é fácil, amá-lo é quase impossível porque falta Deus em nós. Àqueles que dizem possuir fé e amar a Jesus, Ele diz: “amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mat.5:44).

Ted, 18 anos, filho de Frank e Elizabeth Morris, foi atropelado e morto por Tommy Pigage ao dirigir bêbado. Tommy foi sentenciado a uma pena de 5 anos de prisão, aliviada pela sua confissão de culpa. Contudo, foi pego guiando novamente alcoolizado e teve de cumprir mais 5 anos de detenção.

Frank e esposa começaram a visitar o prisioneiro, e ao invés de odiá-lo e repreendê-lo, falou-lhe do amor e do poder de Jesus para libertá-lo da bebida. Mais tarde, em 1986, Tommy obteve liberdade condicional. Frank e Elizabeth levaram-no para casa, perdoaram-no e o trataram como filho. Elizabeth escreveu na revista Guidepoost, que só depois disso, sentiu a paz que só Deus pode dar.

E “ele é uma pessoa diferente.” Isto é amor; amor que perdoa e restaura; semelhante ao amor de Jesus na cruz por Seus assassinos e por nós, pecadores.

São muitos os que confundem amor e paixão. Paixão se opõe ao amor. Paixão é possessiva, violenta, ciumenta, cega, como fogo em palhas, logo se apaga, egoísta, exige do outro para sua própria satisfação. Amor é divino, doa-se para a felicidade do outro, perdoa, é duradouro, espera, é paciente, benigno, não suspeita mal (não é ciumento), mas enxerga longe, não se irrita, não se porta indecentemente (1 Cor 13:4-7).

O apaixonado vê o exterior, a beleza física, procura a satisfação de seus desejos. O amor enxerga o interior, o comportamento, o caráter, procura o bem do (a) amado (a). Sexo é consequência do amor e não a causa. Violência é consequência da paixão. Amor é divino, paixão é diabólica.

Quantos feminicídios são praticados em nome do amor; “por não suportarem” a separação, matam a mulher. O amor é pacífico, tudo suporta, quem ama não mata.

Embora o amor seja pacífico, não é passivo, não é cego; não concorda com os maus comportamentos, ele toma atitudes, mas violento, jamais.

Não conseguimos imaginar um médico, vereador com instinto de torturar criancinhas, mães que coparticipam de tais atrocidades, como no caso do menino Henry.

Ezequias foi meu aluno, no meu segundo ano de magistério. Ele com 8 anos era amarrado pelos pais enquanto eles iam ao cinema. Isto não é amor, mas violência.

Novato de 20 anos, tive de chamar os pais e ameaça-los de ir à polícia, caso repetissem a tortura. É ainda inimaginável o homem prevalecer-se de seu físico e bater ou praticar feminicídio contra aquela, que diante de Deus, de testemunhas e dela mesma, jurou amá-la e protegê-la em todas as circunstâncias. Pasmem, o Brasil é o quinto país do mundo neste quesito e ainda há um número alarmante de violência e desrespeito sexual contra a mulher.

“E por se multiplicar a iniquidade, o amor de quase todos esfriará” (Mat. 24:12). O amor no seu lar está se tornando rotineiro, indiferente? Existem recursos para aquecê-lo e torná-lo vibrante. No próximo artigo trataremos dessas receitas.

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