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Contos do Caipira: A lenhadora

Lá vem a lenhadora, de pé no chão
Sozinha, vem cantarolando uma canção.
Lá vem a lenhadora, de avental e um balde na mão
Essa lenhadora, de vestido carijó, pode até ser minha avó!
Fez um birote no cabelo, uma rudia de pano na cabeça
Alegre cantarolando, com seu feixe de lenha na cabeça
Ela vem equilibrando.
Ah, lenhadora, feliz foi o seu tempo!
Lenhadora de pé no chão
Vem andando passo lento
Sempre entoando a mesma canção,
E não deixa faltar lenha pro fogão.
Lenhadora que mora no meu coração.
Lenhadora, um dia eu te chamei assim.
Lenhadora, não se vá! Espera por mim!
Fiquei sozinho no caminho, sem você, lenhadora!
Do mato não consigo sair, lenhadora, aquecendo o café no fogão.
E no forninho de lenha, aquele cheirinho de pão.
Lenhadora, hoje o mato cresceu, cobrindo o caminho onde você passava.
Não existe mais a vertente de água, onde você buscava.
Lenhadora, hoje eu a vejo num banquinho, ao pé da porta.
Está velhinha, quietinha, parece que pra você nada mais importa!
Lenhadora, quantas vezes, no terreiro, parece que ainda estou vendo
Com o machado na mão, rachando lenha, pra acender o fogão.
Lenhadora, não me conhece mais?
Lenhadora, sou aquele menino que não te deixava em paz.
Lenhadora, de menino, sou agora um rapaz.
Lenhadora, o tempo passou rápido demais.
Lenhadora, já não vejo você há tanto tempo!
Lenhadora, que saudade!
Que saudade isso me traz.

Toninho Junqueira

Toninho Junqueira é locutor há mais de 40 anos, escritor e restaurador de cadeiras antigas e imagens sacras. Desde 2021, conduz sua própria rádio, a São Gonçalo, com 24 horas de programação sertaneja raiz. Fale com o autor por telefone ou WhatsApp: (19) 99147-8069.

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