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Contos do Caipira: O conto do orquidário (Capítulo 1)

Saí cedinho de casa, era uma fazenda antiga. Pouca coisa eu sabia daquele lugar.
Apenas o que todos já sabiam e comentavam.
Como eu gosto muito de escrever poesias e músicas, fazia perguntas sobre aquela fazenda. Gosto de conversar e valorizo muito as coisas do passado.
Comecei a escrever um livro juntando fatos e criando uma história. Já que sabia pouca coisa, fui usando a imaginação.
Meu livro está adiantado, nunca escrevi tanto. A inspiração vem como uma voz dizendo o que eu tenho que escrever, então vou dando nomes aos personagens da história.
Nesse dia, como já vinha dizendo, levantei cedinho porque eu precisava de algumas madeiras para montar um orquidário no jardim da casa em que minha filha Laila morava com o Diego, nessa fazenda.
Convidei meu genro Diego para me fazer companhia e me ajudar.
Fomos numa casa grande, abandonada, com os telhados caindo e as madeiras já penduradas. Havia muitos marimbondos.
Não era tão longe, mas tinha que caminhar um pouco, e o mato já estava cobrindo o caminho. Levei um pé de cabra para ajudar a tirar os pregos e a madeira.
O Diego se arrependeu logo de cara, pois trajava uma bermuda.
Eu estava de calça comprida e sapatão.
Três cachorrinhos nos acompanhavam. Iam à frente, brincando.
Descemos um barranco e, numa encruzilhada, pegamos uma estrada velha. Dos lados, a mata era fechada.
Como há algum tempo ninguém passava por ali, não dava pra ver nem a trilha, de tão alto que estava o mato.
Cipós, galhos secos caídos, ossos de animais que sabe se lá porque estavam ali ou de que bicho seria.
Acabei ficando com receio também.
Os três cachorrinhos iam correndo, pulando na frente, e eu ia abrindo caminho com a ajuda do pé de cabra.
O Diego vinha logo atrás, seguindo o meu rastro. Já não reclamava mais dos arranhões nas pernas.
Chegamos no meio da trilha. Nessa hora, eu senti um perfume tão gostoso!
O problema é que não tinha nenhuma flor…
Continua na semana que vem.

Toninho Junqueira

Toninho Junqueira é locutor há mais de 40 anos, escritor e restaurador de cadeiras antigas e imagens sacras. Desde 2021, conduz sua própria rádio, a São Gonçalo, com 24 horas de programação sertaneja raiz. Fale com o autor por telefone ou WhatsApp: (19) 99147-8069.

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