Em época de individualismo pleno, quando o ter vale mais que o ser, o semelhante, para muitos, por vezes passa despercebido. Princípios básicos da convivência em grupo, como o respeito e a educação, já foram unanimidades um dia. Atitudes simples como um “bom dia”, “por favor” ou “com licença”, por exemplo, são cada vez mais raras. Quando o assunto é amor ao próximo então…
Nesta semana, com o falecimento de dona Lurdes Abel, de 95 anos, Rafard perdeu não apenas uma habitante, mas um exemplo de vida a ser seguido por todos. Com quase um século de vida, ela poderia se esconder atrás dos males da idade para dar as costas ao mundo. Mas não o fez. Pelo contrário. Enquanto esteve entre nós reconheceu todos como irmãos. Voluntariamente, visitava acamados e idosos do Lar dos Velhinhos levando, mais do que um ombro amigo, palavras de carinho, fé e esperança. Dava a extrema unção aos falecidos e também era frequentadora assídua das missas, inclusive cantando no coral da Matriz.
A todos, independente da crença, dona Lurdes serve de modelo. A falta de tempo, os problemas ou os interesses pessoais sempre são motivos para não ajudar o próximo. Será que a lei do “fazer o bem sem olhar a quem” não está se perdendo por conta do egocentrismo humano? Sempre é hora de parar e refletir sobre como lidamos e tratamos nossos semelhantes. E se tudo na vida tem um lado positivo, que a história de dedicação ao próximo de dona Lurdes, evidenciada pela triste notícia de sua morte, sirva de estímulo para todos revermos alguns conceitos.