Leondenis Vendramim

Ética no Trabalho 2

28/04/2017

Ética no Trabalho 2

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | Ética profissional é o estudo das condutas, às vezes padronizadas explicitamente, outras, apenas regras de comportamento, passadas hierarquicamente de uns para outros, sempre visando o bem estar social e funcional na empresa, procurando maximizar a produção, minimizando os atritos e desgastes pessoais, e atender bem aos clientes zelando pelo bom nome da entidade. Todas as empresas são formadas por pessoas distintas, da sua educação moral depende a harmonia e o sucesso empresarial. A Ética profissional é muito mais abarcante do que se imagina.

O homem é um ser indivisível composto das faculdades: física, mental, social, espiritual e psíquica. Essas capacidades se interinfluenciam. Se o fígado não funciona bem a mente não produz, o psíquico sofre e a vida espiritual também. A Ética profissional se preocupa com o comportamento e aprimoramento moral pleno de todas essas faculdades dos seus funcionários.

Tive nos terceiro e quarto anos da faculdade um colega chamado Plínio, um “crânio”, por mais que eu me esforçasse, ele era sempre o primeiro da classe, nunca obtinha nota menor de dez; eu sempre ficava para traz. Formamo-nos. Ele foi chamado por várias empresas, mas nunca obteve constância nas empresas, pelo menos até que eu soube. Ele possuía todo o conhecimento teórico, mas pecava na relação social. No meu primeiro ano do curso de grego, meu professor contou que seu mestre disse em classe que não gostava de alunos bons, só apreciava os melhores e aqueles, que apesar de serem medíocres, se esforçavam por melhorar. Bryan Dyson, presidente da Coca-Cola, no seu breve discurso ao deixar o cargo disse:

“Imagine sua vida como se você estivesse fazendo o malabarismo de manter cinco bolas no ar. Estas são: trabalho – família – saúde – amigos e vida espiritual. Logo vai perceber que o trabalho é uma bola de borracha, ao cair ela volta. Mas as outras quatro são como de vidro. Se caírem ficarão irremediavelmente lascadas, marcadas ou quebradas, nunca mais serão as mesmas. Cuide do que é mais valioso. Trabalhe diligentemente no horário regular e deixe o trabalho no horário. Gaste o tempo requerido à família e aos amigos. Faça exercícios, coma e descanse adequadamente. Sobretudo cresça no espiritual porque é eterno e transcendental. Shakespeare disse: ‘Sou sempre feliz porque não espero nada de ninguém. Esperar sempre dói. Os problemas não são eternos, sempre têm solução. A vida é curta, ame-a. Viva intensamente. Antes de falar… escute. Antes de escrever… pense. Antes de criticar… examine. Antes de ferir… sente. Antes de orar… perdoe. Antes de gastar… ganhe. Antes de render… tente de novo. Antes de morrer… viva’”.

É bom aprender. Escrevi, num dos artigos anteriores, que a ONU tem quatro tipos de analfabetos (quem não sabe ler e escrever, não sabe interpretar, não conhece mais de uma língua, não conhece ética), mas um filósofo hodierno diz que neste século 21 o analfabeto será aquele que não sabe desaprender e aprender de novo. Mesmo empregados de serviços braçais enfrentam concorrência. Há mulheres, pessoas com faculdade, e muitos imigrantes pretendendo trabalho braçal. Para conseguir emprego e estabilidade é necessário uma boa prática de conduta moral, saber relacionar-se na equipe de trabalho, ter empatia, gentileza, iniciativa, espírito cooperativo, liderança, e avidez por novos conhecimentos.

A relação patrão e empregado mereceu atenção da Bíblia. Col. 3:22-4:1 O empregado se esforce por ser e não por “parecer” trabalhador, deve fazer tudo bem feito, “de coração”. Pois quem recebe salário e não labora, mente e rouba ao patrão. Diz Karl Marx que o homem livre é aquele que trabalha de moto próprio (O Capital, p. 32). Não se deve usar dos direitos e se esquecer das obrigações; o inverso também é verdadeiro. Diz Paulo que os patrões devem dar aos empregados o que é de justiça e equidade (Ef 3:1). Tiago diz que o salário injusto e atrasado “clama a Deus” contra o empregador como fraude, que usurpa e “mata” o operário pela pobreza. A injustiça social e trabalhista no Brasil é histórica, desde a “colonização.” (Tg 5:4) A ética divina normatiza e torna a associação entre classes trabalhistas mais humanizadas.

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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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