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Moradores de conjunto habitacional convivem com entulhos em Capivari

17/04/2015

Moradores de conjunto habitacional convivem com entulhos em Capivari

Restos de sofá e outros móveis foram deixados no local por ex-moradores no ano passado; mato alto e falta d’água também são problemas recorrentes, segundo inquilinas
(Foto: Laila Braghero/O Semanário)
Moradoras de um conjunto habitacional na Alameda Faustina Franchi Annicchino, em Capivari, reclamam de monte de entulho, mato alto e falta d’água (Foto: Laila Braghero/O Semanário)

O número de casos de dengue em Capivari continua crescendo. Até a última terça-feira, 14, a Vigilância Sanitária registrou 366 pessoas infectadas, aumento de 8% em uma semana. Mesmo assim, são necessários apenas alguns minutos caminhando por ruas da cidade para visualizar terrenos com mato alto e lixo. Entulhos de construção reinam nos pedaços baldios de terra. E de quem é a culpa?

“Vasilha de água que a gente vê, a gente vira para não dar criadouro”, conta a aposentada Marli Félix, de 71 anos, moradora de um conjunto habitacional particular na Alameda Faustina Franchi Annicchino, no Centro, próximo ao Rio Capivari. Ela se refere ao monte de entulho localizado atrás de sua casa e na frente de tantas outras no local. Ali, pelo menos 15 famílias, incluindo cerca de 20 crianças, convivem com restos de sofás e outros móveis, mato alto e até cobras.

“Esse entulho foi jogado pelo pessoal que morou aqui e mudou. Foram embora para a Bahia. Está desde o ano passado.” Sorte ou não, ninguém dali pegou dengue até o momento. “Já achamos duas cobras: uma embaixo do sofá da vizinha e outra na porta da casa da minha neta. Estão até em vidros que minha outra neta, a Rayane, guardou para dizer que não é mentira, que estão saindo coisas do lixo.”

(Foto: Laila Braghero/O Semanário)
Avó e neta já encontraram duas cobras no local (Foto: Laila Braghero/O Semanário)

As moradias são simples, mas as famílias pagam aluguéis altos ao proprietário. Quando pedem a ele que melhore as casas ou apenas retire o entulho, que vai fazer aniversário no lugar, o homem diz que o terreno é da Prefeitura e essa responsabilidade, portanto, também. “E olha que ele tem trator e caminhão que dá para pegar isso aqui”, diz a dona de casa Muriel Stéphany Félix Nunes Costa, de 23 anos, neta de Marli.

A secretária de Desenvolvimento Urbano, Joceli Angelin Cardoso, informou que “o conjunto habitacional é particular e a via não é propriedade da Prefeitura, logo, não faz parte da ‘Campanha 1, 10, 20’, que recolhe entulhos do município, pois o setor não pode entrar em terreno particular. Sendo assim, o recolhimento de entulhos e as condições das casas são de responsabilidade do proprietário”.

Apesar disso, o diretor de Fiscalização de Posturas e Meio Ambiente, Rogerio Oliveira, afirmou que encaminhou notificação ao dono da área há quase um mês. A Vigilância Sanitária, por sua vez, disse que irá ao local verificar as reclamações. Sobre o entulho, a Prefeitura explicou que cabe a ela notificar o proprietário e, posteriormente, cobrar multa. No entanto, adiantou que problemas como esse serão mais facilmente resolvidos com uma portaria que está sendo criada no município, para que as multas sejam aplicadas no primeiro ato de infração.

(Foto: Laila Braghero/O Semanário)
Diretor de Fiscalização de Posturas e Meio Ambiente, Rogerio Oliveira, disse que encaminhou notificação ao dono da área há quase um mês (Foto: Laila Braghero/O Semanário)

“E está sem água, viu?”, completa dona Marli. “Não tem água, não. Tem dia que vem, tem dia que não vem.” Sobre este problema, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) disse apenas que não recebeu reclamação de nenhum morador. “Em nosso sistema, não temos ocorrência de falta de água no endereço citado, uma vez que se faltasse água no local também faltaria na avenida inteira e nos bairros ao entorno.”

Para Marli e Muriel, só não há focos de dengue no monte de entulho porque elas estão sempre de olho. “A gente olha tudo. Se vemos alguma coisa, a gente vira. Se for coisa de plástico, a gente fura”, comenta a aposentada. Isso porque, segundo elas, não dá para contar com o proprietário para isso. Até pessoas que vivem do outro lado da Alameda Faustina Franchi Annicchino andaram jogando lixo ali, contam.

“Outro dia ele [o proprietário] veio aqui, trouxe um monte de telha e colocou lá na porta da casa dela”, fala Marli, apontando a casa da neta. “Eu tirei tudo e coloquei nessa garagem”, continua, mostrando um puxadinho abarrotado de madeiras, tijolos e materiais de construção. “Ele põe assim para ninguém colocar carro. Para colocar, tem de pagar uma taxa a mais. Então, ele enche de sujeira as garagens, também.”

Segundo Marli e Muriel, proprietário do conjunto habitacional coloca entulhos dentro de garagem para que os moradores não guardem os carros (Foto: Laila Braghero/O Semanário)
Segundo Marli e Muriel, proprietário enche garagem de entulho para que os moradores não guardem carros sem pagar taxa adicional (Foto: Laila Braghero/O Semanário)

“Tem um povo de lá que estava jogando entulho aqui, gente. Daí nós falamos que eles tinham de parar, porque, em vez de ajudar, estavam piorando a situação. Sabe o que eles disseram? ‘Ah, mas já está cheio de entulho mesmo’”, relata Muriel. “Eu mesma já virei várias garrafas de vidro, vasilhas cheias de água. Porque eu tenho uma filha de nove meses. Direto eu viro. E o povo vem e joga. Não estão nem aí.”

Nota da redação

O jornal O Semanário tentou entrar em contato com o dono do terreno, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Restos de sofás e outros móveis foram deixados por ex-moradores no ano passado, afirmam inquilinas (Foto: Laila Braghero/O Semanário)
Restos de sofás e outros móveis foram deixados por ex-moradores no ano passado, afirmam inquilinas (Foto: Laila Braghero/O Semanário)

Estrada

A Rodovias do Tietê está distribuindo dez mil folhetos da campanha “Todos contra a Dengue”, realizada pelo governo estadual. O objetivo é orientar sobre como evitar o aparecimento de criadouros do mosquito transmissor da doença. A distribuição é feita pela concessionária em dias alternados nas praças de pedágio de Rafard, Rio das Pedras, Monte Mor, Conchas, Anhembi, Botucatu, Areiópolis, Agudos e Salto.

Capacitação

A Secretaria da Saúde de Capivari promoveu uma capacitação para profissionais que atuam na pasta, nos últimos dias 9 e 10. Na quinta-feira, ocorreu uma oficina de continuação do Curso para Gestores e, na sexta-feira, foi realizada uma Roda de Conversa para os agentes de Controle de Vetores e demais servidores envolvidos no combate à dengue no município.

A oficina contou com a presença de Sônia Regina Silva e Bernadete Vianna, do Departamento Regional de Saúde de Piracicaba (DRS-X). De acordo com a Secretaria da Saúde, além da abordagem programada para o curso, elas aproveitaram o encontro para compartilhar informações técnicas sobre a dengue, que podem ser aplicadas no trabalho que está sendo feito casa a casa.

Em Capivari, os bairros com mais moradores infectados são Engenho Velho, com 40 casos entre as aproximadamente 577 casas existentes no local, e Vila Fátima, que tem 25 registros em meio às 684 moradias, incluindo a Avenida Brigadeiro Faria Lima. Segundo a Vigilância Sanitária, pelo menos 221 casas receberam nebulização nos dois bairros, que consiste na borrifação de veneno contra o Aedes aegypti.

“É importante a troca de experiência entre os funcionários para que estejam cada vez mais preparados para o combate à dengue”, afirma a secretária da Saúde, Eliane Piai. “Mas, o auxílio dos moradores é primordial nessa ocasião, já que a melhor forma de evitar o contágio é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença.”

As Rodas de Conversa, por sua vez, são incentivadas pela Política Nacional de Educação Permanente indicada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), cujo objetivo é a troca de saberes, além de discutir problemas referentes à saúde pública. O intuito disso tudo, de acordo com o poder público, é aprimorar os processos de trabalho e proporcionar capacitação continuada aos servidores da saúde.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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