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MPT apura contaminação por amianto em operários de fábrica em Capivari

Audiência pública convocada pelo Ministério Público do Trabalho reuniu 170 pessoas em Capivari (Foto: Reprodução/EPTV)

O Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas apura possível contaminação de operários por amianto em uma fábrica de telhas e de caixas d’água em Capivari. A substância é altamente cancerígena, dizem especialistas, e a investigação afirma que existem mil ações individuais, na maioria, pedidos de indenizações de ex-trabalhadores, em andamento. Segundo o MPT, o inquérito corre em segredo de Justiça.

A Brasilit, fábrica que atuou no setor por cerca de 30 anos em Capivari e usou amianto na produção de telhas e caixas d’água, afirmou que presta apoio aos funcionários e que deixou de usar a substância antes de proibição legal. Atualmente, a empresa que desenvolve o mesmo ramo de atividade na cidade é a Saint Gobain. A multa em caso de confirmação pode ultrapassar R$ 600 milhões, de acordo com o Ministério Público do Trabalho.

Na audiência pública, convocada pelo MPT e realizada na terça-feira, 25, na Câmara Municipal de Capivari, cerca de 170 pessoas compareceram, entre ex-operários da empresa Brasilit, especialistas e integrantes do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Piracicaba. No encontro, especialistas alertaram sobre o risco de exposição ao amianto.

O Ministério Público do Trabalho busca saber se as pessoas recebem acompanhamento médico e investiga possíveis casos de contaminação pela substância, para então tomar as medidas cabíveis.

De acordo com a Procuradora Alvamaria Cassillo Tebet, existem duas ações em andamento no MPT, uma corre em segredo de Justiça e a outra, iniciada por meio da audiência, visa descobrir quem são as possíveis pessoas contaminadas. Por isso, o Cerest de Piracicaba iniciou um levantamento para identificar os trabalhadores que permaneceram por mais de 15 anos na empresa, em contato com o amianto.

Além das mil ações trabalhistas individuais já contabilizadas pelo MPT, o número pessoas em situação de risco pode ser ainda maior. A busca pelos ex-funcionários tem sido feita por meio de um banco de dados do Ministério Público.

Substância cancerígena

Um dos riscos pela exposição ao amianto é o desenvolvimento de problemas pulmonares e até o câncer. De acordo com o médio pneumologista, Aldo Algranti, o contato recorrente com a substância pode provocar modificações celulares.

“O contato com o amianto pode desencadear o câncer de pulmão e, também, está associado à incidência de casos de câncer de laringe e de ovário”, explicou.

Após o banimento do amianto, em 2002, a companhia continuou empreendendo esforços por meio do envio de cartas, campanhas em rádios e anúncios em jornais para convocação e acompanhamento periódico dos funcionários e ex-funcionários, a fim de minimizar a possibilidade de futuros problemas de saúde, de acordo com as exigências da legislação vigente. A Brasilit se coloca à disposição para dar todo o suporte necessário.

Empresa

A Brasilit ressalta, em nota, que foi a primeira empresa no Brasil a abandonar totalmente o uso de amianto em seus produtos, de forma voluntária, há mais de 15 anos, antes da proibição legal. “Desde então, investiu no desenvolvimento de produtos de fibrocimento, livres de amianto, que são vendidos no mercado brasileiro desde 2003”, afirmou.

Em respeito ao direito à privacidade e inviolabilidade de dados de seus ex-empregados, a empresa não comenta processos judiciais em andamento.

“A empresa reforça o seu constante compromisso com os colaboradores e ex-colaboradores por meio de uma estrutura dedicada e composta de postos médicos nas unidades fabris e canais de comunicação disponíveis no site da Brasilit e no 0800-116299”, encerra a nota oficial.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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