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O Cadillac e a caixa

Um senhor, de idade bem avançada, faleceu e deixou para mim um presente.
No sonho, chegou perto de mim e disse:
“Aquele moço ali tem guardado para você um cavaquinho dentro de uma caixa de papelão. Está muito bem guardado no porta-malas daquele Cadillac, que também é para você”.
Fiquei sem saber o que estava acontecendo.
Cavaquinho branco, coisa mais linda, ganhei com o carro e tudo.
Todos queriam ver o que tinha na caixa, até um menino que não saía de perto de mim.
Perguntei ao moço se o Cadillac era meu mesmo. Será que funciona de tão velho?
Ele funcionou o Cadillac e saiu correndo para eu ver!
Esse moço que estava comigo, e que guardou tudo para mim, disse:
“Tá vendo! E ainda disse que eu não cuidei”.
Subimos o morro conversando, até que, quando estava lá no alto, eu disse: mas e a caixa, não é melhor eu ir buscar?
O moço disse: “vai!”
E então eu saí voando… sem asas!
Voava de verdade!
Bem alto, para chegar bem ligeiro.
Ao pegar a caixa,
eu quis voltar, mas um boi bem bravo, ligeiro que nunca vi, não me deixava voltar. Chegava a voar, de bravo, também.
Eu tentava procurar um lugar para escapar e não achava.
Era uma caixa que todos ajudavam a esconder, até de mim.
Um cavaquinho de madeira, com cara de gente, esculpido à mão!
Numa caixa de madeira, e por fora de papelão, tudo bem guardado para mim.
E cheio de curiosos!
Tudo me pertencia: o carro muito antigo e a caixa.
Ficaram guardados por muitos e muitos anos.

Aquele moço e o menino guardaram para mim.
Mas todos queriam ver o que tinha naquela caixa.
Eu brincava que não ia abrir, mas abri!
E foi uma alegria saber do presente antigo que foi deixado para mim e não fora usado.
Estava perfeito.
Minha alegria era imensa por ter ganhado aquele cavaquinho de uma pessoa que há muito tempo havia falecido.
Zé Tralle era o nome dele!
Depois, quando resolvi levar comigo,
o boi me cercava que até voava de bravo e não me deixava passar.
Nunca vi um boi voar tanto barranco abaixo, querendo me pegar.
Quando me dei conta, o moço saiu experimentando o Cadillac sozinho, e o menino ficou comigo. Ou melhor: ficou no alto do morro me esperando, enquanto eu tentava escapar do boi, já com a caixa na mão.
Uma confusão!
Mas aí, nessa hora, eu acordei…
e descobri que tudo não passava de um sonho.
Um sonho muito real.
Zé Tralle. Quem será o senhor?
Se você souber, me conte se puder, por favor.

Toninho Junqueira

Toninho Junqueira é locutor há mais de 40 anos, escritor e restaurador de cadeiras antigas e imagens sacras. Desde 2021, conduz sua própria rádio, a São Gonçalo, com 24 horas de programação sertaneja raiz. Fale com o autor por telefone ou WhatsApp: (19) 99147-8069.

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