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Pesquisa da Apeoesp mostra que quase metade dos alunos já sofreu violência nas escolas

Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, encomendada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de Ensino no Estado de São Paulo) revela que 48% dos estudantes e 19% dos professores da rede pública do estado de São Paulo sofreram algum tipo de violência nas dependências das escolas que frequentam.

A pesquisa, divulgada na manhã desta quarta-feira, 29 de março, pela presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel, ouviu 1.250 estudantes, 1.100 professores e 1.250 familiares de alunos em todo o Estado de São Paulo entre 30 de janeiro e 21 de fevereiro de 2023, e também revela que apenas quatro em cada dez estudantes da educação pública estão em escolas que oferecem apoio emocional.

Conforme a pesquisa, os números são ainda mais alarmantes quando professores, alunos e familiares são perguntados se souberam de casos de violência nas escolas que frequentam: 71% dos estudantes, 73% dos familiares e 41% dos docentes responderam que sim.

A Professora Bebel, presidenta da Apeoesp, defende, entre outras coias, psicólogos capacitados nas escolas para realizar um trabalho preventivo junto a esses jovens. Foto: Divulgação

A pesquisa revela ainda que neste contexto, 69%) dos estudantes, 75% dos seus familiares e 68% dos professores enxergam como média ou alta a violência nas escolas estaduais de São Paulo.

E todos concordam que o governo estadual deveria dar mais condições de segurança.

De acordo com a pesquisa, ainda, os casos de violência mais citados são diferentes entre os professores e os alunos.

Na apresentação da pesquisa, a Professora Bebel disse que o programa de mediação escola foi praticamente abandonado. Foto: Divulgação

Para os professores, a maioria dos casos diz respeito à agressão verbal, enquanto os estudantes citam o bullying como principal vetor da violência.

Praticamente todos entrevistados (95% dos estudantes e dos familiares e 91% dos professores) concordam que questões de saúde mental como esgotamento, ansiedade e outros problemas se tornaram mais relatados por estudantes e professores.

Porém, enquanto a grande maioria relata haver necessidade de projetos de acompanhamento da saúde mental nas escolas, pouco mais da metade dos entrevistados diz que a escola tem iniciativa deste tipo.

Para a presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel, faltam funcionários nas escolas, o policiamento no entorno das unidades escolares é deficiente e, sobretudo, não existem políticas de prevenção que envolvam a comunidade escolar.

“O programa de mediação escolar, criado em 2009 pela secretaria da Educação a partir de proposta da Apeoesp, em que professores trabalhavam na solução de conflitos e harmonização do ambiente escolar, foi praticamente abandonado.

As consequências se fazem sentir no crescimento do número de casos”, afirma Bebel.

Para a presidenta da Apeoesp, a instalação de detector de metais, câmeras nas áreas comuns e adoção de outras medidas preventivas nas escolas não surtirão efeito algum se não houver servidores e especialistas para realizar o monitoramento desses equipamentos em tempo real e se não houver medidas que trabalhem a prevenção em seu sentido mais amplo.

“Vivemos, lamentavelmente, um período de incentivo ao armamento das pessoas e à banalização da violência, e isso afeta fortemente os adolescentes e os jovens.

É necessário que existam nas escolas psicólogos capacitados a realizar um trabalho preventivo junto a esses jovens.

É verdade que os professores têm sensibilidade para identificar potenciais agressores e até mesmo para dialogar com eles, dissuadindo-os, muitas vezes, de ações violentas.

Porém, os professores são responsáveis por diversas classes com 35, 40 ou mais estudantes e não lhes cabe atuar nesse campo”, enfatiza a Professora Bebel.

A pesquisa do Instituto Locomotiva faz parte do trabalho que a Apeoesp realiza periodicamente pesquisas sobre a questão da violência nas escolas e cobrar da secretaria estadual da Educação e demais órgãos do governo estadual providências para a redução da incidência dessas ocorrências.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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