Rafard

Primeiro casamento homoafetivo é realizado em Rafard

Um dia histórico para a cidade e para o Cartório de Registro Civil e Notas de Rafard. Na sexta-feira (9) foi publicado o edital de proclamas do primeiro casamento civil de uma relação homoafetiva no município.
Isaac Resende Feres e Antônio Luís Leite estão juntos há 31 anos, e oficializaram a união em cartório, como o primeiro casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. “A importância para nós deste papel, nada mais é do que a nossa estabilidade jurídica e financeira. Não tivemos que provar nada para ninguém, sempre tivemos a aprovação da nossa família. Então me mostro para a sociedade como um profissional capaz na minha área. Um indivíduo que paga impostos e respeita as pessoas”, declarou Issac.
O casamento foi realizado pela Oficial e Tabeliã do Cartório de Rafard, Rosane Mila Peixoto. “Estamos autorizados a fazer mediação e conciliação, então seria extrajudicial. Alguns conflitos de direitos disponíveis poderão ser resolvidos em cartório, ajuda a desenterrar o judiciário. A separação também pode ser feita em cartório, desde que os dois não tenham filhos menores de 18 anos e que seja consensual”, informou.
Durante entrevista ao radialista Chico Rebete, da Rádio RFM, na quarta-feira (14), Isaac Resende Feres falou sobre o casamento, respeito e discriminação. Confira:

História
Eu sou uma pessoa assumida em todos os sentidos, um funcionário público, um sociólogo, um trabalhador na área da saúde. Sou uma pessoa normal, pago impostos, tenho angústias, alegrias, tristezas. E me sinto uma pessoa extremamente normal.
Meu relacionamento já tem 31 anos, eu não estou junto com Antônio Luiz agora. Vim para Rafard há 30 anos, então, todas as pessoas tinham consciência que éramos companheiros. Somos companheiros, somos irmãos, somos amigos. A gente se respeita e se gosta.
Há 31 anos era uma coisa muito pesada, muito difícil, então a gente sempre pensa na velhice e no problema jurídico. Como vou viver depois de velho, com tudo que construímos durante a vida? Nossa vida foi uma via crucis.
Há 29 anos, fizemos um testamento no cartório em Rafard, o qual foi algo inusitado deixando bens um para o outro. Em 2009 buscamos o serviços de uma advogada, que intercedeu junto à promotoria para que fizéssemos uma união estável.

Preconceito
Dentro da Secretaria da Saúde, sou uma pessoa extremamente respeitada, e lutei sempre para que isso acontecesse. Que as pessoas saíssem do armário, e enfrentassem juridicamente seus direitos diante a sociedade.
Nunca fui descriminado. Nunca senti preconceito. Mas acredito que isso se deve ao meu comportamento. Fiz-me respeitar diante a sociedade. Sou um individuo com orientação sexual diferente de algumas pessoas, mas sou um homem e me apresento como tal, casado com um homem.
Casamento
O que nos levou ao casamento é a estabilidade jurídica, eu completei 62 anos e Luiz 60, trabalhamos a vida toda em função de construir um pequeno patrimônio para que vivemos tranquilamente na velhice, é o que todos fazem.
Acho bom, as pessoas olharem caráter, respeito, profissionalismo, dignidade não tem nada haver com orientação sexual.
Temos três orientações sexuais, hétero, homo e bissexual, isso não muda o caráter e comportamento e o lado profissional de ninguém. Então o que a sociedade tem que cobrar de mim quanto individuo, são o meu comportamento social e contribuição humana.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo
Abrir bate-papo
Olá
Podemos ajudá-lo?