Região

Sesc Piracicaba recebe o lançamento de “Deixa a Viola Me Levar”, disco de Mestre Manelim

Álbum homenageia a obra do violeiro do Sertão do Urucuia em Minas Gerais

A viola de Mestre Manelim é considerada uma das mais belas expressões da música do sertão do Urucuia, em Minas Gerais. Carrega dentro de si as belezas da natureza e os mistérios que transitam no imaginário violeiro.

Para preservar este legado, o violeiro e escritor Paulo Freire juntou-se a Cacai Nunes, também violeiro e pesquisador da música brasileira, para produzir um álbum com gravações inéditas do mestre.
São composições de Manelim além de toques de viola representando a relação do violeiro com a natureza, lundus e músicas tradicionais como folias e a Dança de São Gonçalo, perfazendo um total de 17 músicas.

A capa do álbum ilustra Manoel de Oliveira sentado na casa onde morava com sua viola. O músico nasceu em 1939 na Fazenda Santa Cruz, no povoado Porto de Manga, onde ainda criança aprendeu a tocar o instrumento com a sua mãe de criação.

“Eu aprendi 9 afinações de viola. A que eu mais uso é a Rio Abaixo”, conta seu Manoel no documentário do projeto “Um Brasil de Viola – Tradições e Modernidades da Viola Caipira”, do Acervo Origens, dirigido por Cacai Nunes. As faixas “Inhuma”, “Toque do Rio Abaixo”, “Conselheiro” e “Lundu da Taboca”, foram gravadas em 2001, em Brasília e escolhidas para compor o repertório.

A música de Mestre Manelim é considerada a trilha sonora do romance “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa. Em 1977, após ler o livro, Paulo Freire viajou para o sertão do Urucuia, norte de Minas Gerais, buscando a música do universo roseano. Lá conheceu Seu Manelim e o adotou por Mestre, convivendo com o violeiro e sua família por algumas temporadas.

Seu Manoel trabalhava na roça durante o dia e a noite ponteava a viola no terreiro da casa. Lá vinham os toques de viola da inhuma, lagartixa, pica pau, papagaio, lundu, conselheiro, cebolão, a corrida do sapo e o veado, as toadas de Reis, São Sebastião, o agradecimento à mesa, o São Gonçalo. Freire também trabalhava na roça e à noite, aprendia com Seu Manelim os segredos da viola.
“Eu sempre dou força para as pessoas que querem aprender, porque não podemos deixar a viola morrer”, comenta Manelim.

Em 2006, Paulo produziu “Urucuia”, primeiro disco com gravações de Manoel de Oliveira. No mesmo ano, o mestre e seu discípulo fizeram shows pelo Brasil, tocando o repertório do CD.

Dezoito anos depois, Freire retorna com uma coleção de novas gravações para o álbum “Deixa a viola me levar”. Registrado em três fases diferentes da vida do mestre, o álbum não apenas captura a essência da viola no cenário do sertão mineiro, mas também se configura como uma compilação da obra de Seu Manoel, falecido em janeiro de 2020.

“Manelim me encaminhou para ter coragem na vida. Aprendi que seus toques de viola, que representam os fenômenos da natureza, funcionam como as palavras geradoras do mestre educador Paulo Freire. Vivendo no sertão, com a família do seu Manoel, fui alfabetizado através do voo dos papagaios e do canto da inhuma.”

Vai ouvindo, vai ouvindo!
FICHA TÉCNICA
Direção Artística e Produção Musical – Paulo Freire e Cacai Nunes
Mixado por Cacai Nunes – Acervo Origens
Masterizado por André Magalhães
Texto – Paulo Freire
Fotos – Cacai Nunes
Produção Executiva – Vai Ouvindo / Circus Produções Culturais
Diretor de produção: Guto Ruocco
As faixas de 01 – “Deixa a Viola me Levar”, até a 08 – “Mazurca”, foram gravadas em 2012, por João Arruda, no estúdio “VentaMoinho” – Campinas-SP
As faixas de 09 – “Inhuma”, até a 12 – “Lundu da Taboca”, foram gravadas em 2010, por Cacai Nunes, no “Parque Olhos D’água – Brasília/DF, para o Projeto “Um Brasil de Viola”.
As faixas 13 – “Toada de Reis” até a 17 – “São Gonçalo”, foram gravadas em 2002, por Roberto Corrêa e Juliana Saenger, na cidade de Urucuia/MG, para o projeto “Tocadores”, de Lia Marchi – Olaria Projetos de Arte e Educação.

TRACKLIST

1- Deixa a Viola me Levar (Manoel de Oliveira)
2- Pica pau (Manoel de Oliveira)
3- Lundu em Rio Abaixo (Manoel de Oliveira)
4- Cobra mais a Onça (Manoel de Oliveira)
5- Grilo (Manoel de Oliveira)
6- Caminho da Roça (Manoel de Oliveira)
7- Três Coisas (Manoel de Oliveira)
8- Mazurca (Manoel de Oliveira)
9- Inhuma (Manoel de Oliveira)
10- Conselheiro (Manoel de Oliveira)
11- Toque do Rio Abaixo (Manoel de Oliveira)
12- Lundu da Taboca (Manoel de Oliveira)
13- Toada de Reis (domínio público)
14- Siriema (Manoel de Oliveira)
15- Papagaio (Manoel de Oliveira)
16- Enfuzado (Manoel de Oliveira)
17- São Gonçalo (domínio público)

SERVIÇO
Mestre Manelim – Deixa a viola me levar
Lançamento do álbum pelo Selo Sesc com os violeiros Paulo Freire, Roberto Corrêa e Cacai Nunes

Os violeiros Paulo Freire, Roberto Corrêa e Cacai Nunes apresentam as músicas do Mestre Manelim, em arranjos inéditos e concebidos especialmente para o show. Além de tocar o repertório de Manoel de Oliveira, os violeiros contarão causos vividos com Manelim, relatarão as formas como foram concebidas as gravações para a confecção do álbum “Deixa a Viola me Levar”, e mostrarão como os mestres do sertão influenciam suas próprias composições.

Paulo, Roberto e Cacai são os responsáveis pelas gravações do álbum Deixa a viola me levar (Selo Sesc), sendo uma delas em estúdio e duas em campo, cada uma em diferentes períodos de sua vida. Trata-se de uma homenagem à obra do mestre falecido em 2020 que deixou como legado uma das mais belas expressões da música do sertão do Urucuia.

SHOW DE LANÇAMENTO

SESC PIRACICABA
15 de março de 2024
SEXTA ÀS 20H
R. Ipiranga, 155
19 3437.9292

Ingressos disponíveis para compra online a partir de 05/03 às 17h.
Venda presencial a partir de 6/3, às 17h, nas bilheterias do Sesc.

SOBRE O SELO SESC
Desde 2004 o Selo Sesc traz a público obras que revelam a diversidade e a amplitude da produção artística brasileira, tanto em obras contemporâneas quanto naquelas que repercutem a memória cultural, estabelecendo diálogos entre a inovação e o histórico. Em catálogo, constam álbuns em formatos físico e digital que vão de registros folclóricos às realizações atuais da música de concerto, passando pelas vertentes da música popular e projetos especiais. Entre as obras audiovisuais em DVD, destacam-se a convergência de linguagens e a abordagem de diferentes aspectos da música, da literatura, da dança e das artes visuais. Os títulos estão disponíveis nas principais plataformas de áudio, Sesc Digital e Lojas Sesc. Saiba mais em: https://www.sescsp.org.br/selosesc

SOBRE O SESC SÃO PAULO
Com 77 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 43 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio, serviços, turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o Sesc é uma entidade privada que atua nas dimensões físico-esportiva, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania. As iniciativas da instituição partem das perspectivas cultural e educativa voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidas nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações, clique aqui.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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