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A importação do conhecimento e da sabedoria

“O conhecimento a gente aprende com os Mestres e com os livros. A sabedoria se aprende com a vida e com os humildes. ” [Cora Coralina]

Importar mercadorias é uma prática costumeira nos dias atuais da economia globalizada. Agora, importar cérebros detentores de grandes sabedorias que dizem verdades e impulsionam coisas segundo a natureza escutando a sua voz, sem se perder nas estradas e curvas deste mundo, têm tornado algo inquietante.

A importação de cérebros extremamente qualificados remete ao deslocamento literal de seres humanos e a absorção de conhecimentos, que acabam influenciando nos padrões culturais de uma sociedade.

Com a chegada desses humanos extremamente qualificados em uma sociedade ocorre inegavelmente uma troca profunda de conhecimento que eleva o nível das análises das informações e das sabedorias.

A elevação no nível das análises das informações e dos saberes acaba remodelando a maneira como as pessoas passam a perceber o mundo e começam a moldar nova forma de como interagirem entre si.

Atualmente, a importação de conhecimentos ocorre principalmente por meio das tecnologias de comunicação da internet, das redes sociais e da mídia digital, além do acesso a uma gama diversificada de perspectivas, de informações e de pontos de vista. Isso permite que as pessoas aprendam sobre diferentes modos de vida, tradições e crenças, ampliando seus horizontes e quebrando barreiras geográficas.

A importação de saberes, ou seja, o acolhimento da compreensão dos princípios que regem um conjunto particular de conhecimentos que guardam uma similaridade de comportamento entre si, promove a diversidade cultural, a compreensão mútua e a capacidade de adotar ideias inovadoras de diversos pontos do mundo, e com isto possibilitando a resolução conjunta de problemas globais.

Por outro lado, a importação de novos conhecimentos também pode resultar em conflitos culturais e impactar no status da identidade cultural de uma sociedade. A medida que as influências externas se infiltram nas sociedades tradicionais, pode haver resistência e rejeição às mudanças. Além disso, uma exposição constante a outras culturas pode levar a certos aspectos únicos de uma sociedade a se perderem e abrir espaço em prol de uma cultura global padronizada.

Para maximizar os benefícios da importação de saberes, é essencial promover o diálogo aberto entre as diferentes culturas. Isso pode ser alcançado por meio de programas de intercâmbio cultural, eventos e plataformas que incentivam a troca de ideias entre indivíduos de diversas origens.

Em última análise, a importação de sabedorias é uma expressão da crescente interconectividade global. Ela desafia a explorar, apreciar e compreender as diferenças culturais, ao mesmo tempo em que encoraja as pessoas a colaborarem para enfrentar desafios que transcendem fronteiras.

Portanto, o verdadeiro sucesso desse processo reside na habilidade de absorver o melhor de cada cultura, enriquecendo assim o seu entendimento coletivo e a capacidade de moldar um futuro mais inclusivo e harmonioso sem confundir conhecimento com sabedoria, uma vez que conhecimento ajuda a ganhar a vida e a sabedoria ajuda a construí-la.

Assim, encerro este texto com uma história que não é da minha autoria:

“Um certo dia, dois discípulos procuraram seu mestre para que ele lhes explicasse a diferença entre conhecimento e sabedoria.

O mestre disse-lhes: ‘Amanhã, bem cedo, coloquem dentro dos sapatos 20 grãos de feijão, 10 em cada pé. Subam, em seguida, o monte que se encontra junto a esta aldeia, até o ponto mais elevado, com os grãos dentro dos sapatos’.

Obedecendo ao mestre, assim que o dia amanheceu, os dois jovens discípulos começaram a subir o monte.

Quando chegaram na metade do caminho, um deles padecia de grande sofrimento: seus pés estavam doloridos e ele reclamava muito. O outro, no entanto, fazia o trajeto sem dificuldades.

Quando chegaram ao topo da montanha, um deles estava claramente sentindo muita dor, enquanto o outro estava tranquilo e sorridente.

Percebendo isso, o jovem que sofreu durante o trajeto perguntou ao seu companheiro: Como você conseguiu realizar a tarefa do mestre com alegria, enquanto para mim foi uma verdadeira tortura? O outro discípulo, então, o respondeu: Meu caro colega, ontem à noite, eu cozinhei os 20 grãos de feijão.”

Diante disso, pode-se dizer que quando a sabedoria predomina, as pessoas vivem com muito mais segurança e harmonia, pois sabem que todos os desafios da vida podem ser vencidos sem tanto sofrimento.

João Ulysses Laudissi, engenheiro e ex-diretor do Senai Rafard
João Ulysses Laudissi,
engenheiro e ex-diretor do Senai Rafard

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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