J.R. Guedes de Oliveira

Escritores da era Soviética

Nas décadas de 50 e 60, o escritor Ilich Ehrenburg era considerado, pela então “Cortina de Ferro”, o mais destacado. Os compêndios biográficos descrevem-no como soviético, mas, nascido em Kiev, Ucrânia. Foi grande amigo do nosso Jorge Amado. Ambos, fervorosos adeptos do socialismo científico, mas, com relação a Jorge Amado jamais este aceitou a submissão de sua literatura ao PCB e diz-se, ainda, que a sua entrada ao referido partido foi, na verdade, um arrobo de juventude.

Embora tendo os louvores do Estado implantado em 1917, não logrou ser conhecido no mundo todo. Tanto é assim que poucos sabem dele, mas não desconhecem de sua submissão aos ditames marxistas-leninistas.
Os outros, abominados pelo regime, tiveram problemas políticos, de uma forma ou de outra. Mesmo .assim, se fizeram notórios com suas obras monumentais. Cito-os: Pasternak, Nabokov, Bunin, Gumilov, Kuprin, Bábel, Górki, Ana Akhmátova, Solzjenítsin, Pilniak, Koltsov, Shentalinski e tantos outros, não se esquecendo, portanto, do poeta Evtuchemko, com a sua famosa obra “Autobiografia Precoce”.

Três livros, de autores brasileiros, descrevendo a vida na então União Soviética e seus satélites, nada falam disso, mas dão destaque a outros elementos que o Poder do Kremlin sustentava: Um brasileiro na União Soviética, de José Campos, 1953; A Rússia vista por um médico brasileiro, de Raul Ribeiro da Silva, 1954 e Eu vi as democracias populares de Zora Seijan Braga, 1951. Tenho-os, ainda, na minha estante, para pesquisas. Enaltecem tudo que, com a chegada da Glasnost e a Perestroika, de Gorbachev, em 1980, cai o pano total do que realmente se passava na então URSS. Há, nessas obras, muitos elementos distorcidos, embora seus autores endeusando a Cortina de Ferro.

Um fato surpreendente nos aconselha a refletir: como o Estado é o senhor de tudo, não dá ao indivíduo a possibilidade de expandir ou mesmo de alavancar a economia. Com efeito, passando algum tempo, desmorona-se totalmente. Tudo se torno sucata, quando o Estrado é o senhor de tudo, concentrando poder e a sociedade submissa em tudo.

A idolatria ao regime soviético, nas décadas acima citadas, era como se fosse um raiar de novos tempos. Ledo engano, pois que tudo era uma propaganda vultuosa, dando uma imagem distorcida, neste caso também, pela cultura literária que se pregava através de Ehrenburg, fiel escudeiro do regime totalitário.

A implantação de um regime totalitário, no mundo atual, é algo que causa pavor, pelas suas consequências futuras, quando se pretende calar a oposição. Esta, via de regra, mostra que o caminho a trilhar deve ser, sempre, compartilhado com a coletividade e não somente a poucos. Já não se ilude mais com a bonança para poucos e o socialismo para muitos.

Ehrenburg, com toda a sua arrogância de superioridade literária, não logro as citações futuras e exemplos edificantes. Fico (e ainda permanece), num total limbo, que é o seu devido lugar.

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