Rafard

Falta de leitos em UTI para pacientes da região causa revolta e preocupação

09/03/2018

Falta de leitos em UTI para pacientes da região causa revolta e preocupação

Busca por vagas de UTI têm se tornado uma missão quase impossível para pacientes da região (Foto: Ilustrativa)

RAFARD | A morte de mais uma pessoa à espera de uma vaga de UTI reascendeu a discussão sobre o caos na saúde pública regional e o descaso perante a vida do cidadão. No último domingo, 4, Roque Ribeiro da Silva, de 64 anos, teve a vida abreviada por falta de atendimento especializado. O morador de Rafard teve um AVC, seguido de uma parada respiratória e estava internado na Santa Casa de Misericórdia de Capivari, desde quarta-feira, 28.

“Ele foi muito bem atendido pela enfermaria em Rafard e depois levado à Santa Casa. No entanto, ele precisava de uma vaga na UTI e como não conseguiu, teve morte cerebral e morreu no domingo. Se ele tivesse conseguido a vaga e recebido os cuidados especializados necessários, quem garante que ele ainda estivesse aqui. Ele tinha pelo menos o direito de ter uma segunda chance”, desabafou Cidinha Cavalcante, cunhada da vítima.

Cidinha procurou a reportagem d’O Semanário, indignada com a situação, com a forma como as vagas em leitos de UTI são direcionadas e com a falta de representatividade do poder público frente a situações como essa. “Procurei ajuda na prefeitura, falei com o prefeito, com a assistência social, com pessoas do serviço de Saúde, vereadores das duas cidades e até deputado, ninguém nos ofereceu o que precisávamos”, conta.

Em nota, a diretoria de Saúde de Rafard disse que acompanhou o caso do senhor Roque Ribeiro da Silva, inclusive sobre a demanda de UTI. “O que o Serviço de Saúde explica é que a partir da transferência do paciente para a Santa Casa, o atendimento do mesmo e as transferências a partir de então são de responsabilidade da Santa Casa, não podendo o município de Rafard antecipar os serviços ou tomar as decisões”.

De acordo com a diretoria de Saúde, Rafard não possui uma Central de Vagas e não pode intervir nas demandas. “Quando há pacientes que precisam deste atendimento, o mesmo é encaminhado para a Santa Casa de Capivari, que é a referência do município para os casos de vagas de UTI”, explica

Repercussão

O tema também foi levado em tribuna pelo vereador Guacyro Justino Alfredo, na sessão da Câmara de Capivari, na segunda-feira, 5. Ele reforçou a informação de que pacientes de Capivari e da microrregião estão sem vagas de UTI em hospitais da rede pública de saúde no Estado de São Paulo.

Dr. Guacyro, que é médico da rede pública de saúde há 36 anos, lamenta que o Estado não supra as necessidades de leito dos pacientes atendidos pelo SUS na Santa Casa de Capivari. Ele explica que esses pacientes, quando precisam de atendimento especializado caracterizado como média e alta complexidade, ficam à mercê da Central de Regulação de Vagas Municipal, para a cidade de Piracicaba, e da Central de Regulação de Vagas do Estado, que dispõe de vagas para pacientes em qualquer município do Estado de São Paulo. “A gente vê vidas indo embora por falta de atendimento em especialidades, não adianta alguns casos na Santa Casa o médico pedir UTI e as famílias acreditarem que a Unimed dará conta porque a nossa UTI não atende média e alta complexidade, e na Central de Vagas tem duas regulações, municipal em Piracicaba e estadual em todo o Estado, nós mal conseguimos na municipal”, lamenta.

O parlamentar deixou seu repúdio em relação à falta de vagas na especialidade que o paciente necessita. “O Estado seria nosso carro chefe a ter vagas e a Central de Vagas de Piracicaba se diz saturada, assim sem respaldo, perdemos o senhor Roque e tantos outros mais porque os responsáveis pela saúde no Estado nem sabem que alguém morreu na Santa Casa de Capivari por falta de especialidade, e se fôssemos fazer uma lista dos que já morreram na Santa Casa porque nós não temos leito de UTI, especialidades em hospitais do estado, daria um livro de mortes que poderiam ser evitadas”, afirma.

Para o médico, se não houver apoio da população e do poder público, pessoas vão continuar morrendo. “Peço ajuda de todos os que usam as redes sociais para que tenhamos as portas da Central de Vagas e do Governo do Estado abertas para mostrar o quanto precisamos de especialidades e a Santa Casa não irá fechar as portas mesmo que esteja com dívidas”, conclui.

 

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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