A cidade de Rafard completa, na terça-ferça (21), 58 anos de história, desde a emancipação político-administrativa, que aconteceu no ano de 1965, desintegrando a antiga “Villa Raffard” de Capivari. A história mesmo, na verdade, começou a ser escrita em 1910, quando a singela terrinha de mais ou menos 700 habitantes, já ocupada pela antiga usina da União São Paulo (hoje Raízen), e por uma estação ferroviária da Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), aguçou a curiosidade de franceses que na usina trabalhavam.
Igualmente, a vila possuía – e ainda apresenta – uma infinidade de pontos turísticos e belezas naturais que crescem aos olhos de quem sabe perceber e explorar tais maravilhas.
No entanto, o desejo de tornar-se município gerou brigas com a vizinha, Capivari, como relatou o escritor Silveira Rocha no livro Vida Social e Política de Rafard. No ano da eleição de Jânio Quadros para Presidente da República, Rafard foi uma das poucas cidades do estado em que o candidato perdeu nas urnas.
Como um ato de provocação e porque eram partidários de Quadros, os capivarianos invadiram a cidade. A fim de responder “à altura”, os rafardenses atiraram sacos com materiais retirados dos esgotos em cima dos telhados das casas de Capivari. O episódio ficou conhecido como “Guerra de Bosta”.
Isso tudo aconteceu porque Jânio Quadros, então governador, não permitiu a municipalização da Villa Raffard.
Na época, segundo Rocha, a cidade já contava com mais de 100 prédios e instituições, entre elas o Elite Futebol Clube, a Corporação Musical, a Igreja Nossa Senhora de Lourdes, o Ginásio Estadual, o Cartório de Registro Civil, o Cemitério e a Agência Postal (atualmente conhecida como Correios), além de estabelecimentos comerciais e ruas devidamente nomeadas.
Mesmo com tantos obstáculos, a vontade do povo foi levada a diante e concretizada pelo carioca Júlio Henrique Raffard, que veio até terras rafardenses a mando de Dom Pedro II, inicialmente para construir o Engenho Central de São João do Capivari.
Mais tarde, ele fundaria também o povoado, que primeiro ficou conhecido como “Villa Henrique Raffard” e anos depois seria elevado à categoria de Distrito, pertencendo à Capivari e Rafard.
De acordo com o Censo Demográfico, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada em 2021 era de 9.126 habitantes.
Rafard, que lá atrás começou a ser ocupada por imigrantes, em sua maioria italianos, segue movimentada pela indústria canavieira e pela vontade de crescer e se desenvolver cada dia mais.
Mombuca
Em 21 de março de 1965, a emancipação político-administrativa de Mombuca marcava a história do município, que começou a ser construída em 1889, quando Aristides Cavicchiolli se fixou às margens do Ribeirão de mesmo nome e iniciou a formação de um pequeno povoado. A cidade, que também completa no sábado (21), 55 anos, possui 3.493 habitantes distribuídos numa área territorial de 133.698 quilômetros quadrados, segundo dados estimados do Censo Demográfico 2019, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Sob as dependências capivarianas, foi elevada a Distrito de Paz no dia 24 de dezembro de 1934, pelo interventor Federal no Estado de São Paulo, Armando Salles de Oliveira, tornando-se município 60 anos mais tarde, por meio de uma comissão liderada por Eugênio de Oliveira.
Até 2010, meninos e meninas entre 10 e 14 anos predominavam entre os mombucanos, sendo 158 e 141, respectivamente. Por outro lado, conforme dados do IBGE, naquele ano viviam na cidade pelo menos dois homens com idades entre 90 e 94, e uma mulher entre 95 e 99 anos. A cultura canavieira, principal economia do município, é acompanhada de outros comércios, como a tecelagem, a reciclagem, as fábricas de móveis, graxas e óleos lubrificantes e a metalúrgica.
No tupi-guarani, Mombuca origina-se da palavra “mombuka”, nome dado a uma pequena abelha da família dos meliponídeos (ou abelhas sem ferrão), já extinta, que existia em grande quantidade na região na década de 60, e fazia suas colmeias no chão, também conhecida como mambucão e papa-terra.
Além da área urbana, a cidade é favorecida por uma extensa faixa de vegetação, com cachoeiras e lagos, que chama a atenção de turistas estrangeiros e integra a rota dos peregrinos do Caminho do Sol, que percorrem 241 quilômetros entre Santana de Parnaíba e Águas de São Pedro.
Cachoeiras Serra D’água e do Sítio Batagin, Lagoa Santa Bárbara, Mata do Pinheiro, Monte Belo, Capela em Ruínas e os passeios de charrete são algumas das opções turísticas que proporcionam contato maior com a fauna e a flora de Mombuca.
Há 15 quilômetros de Rio das Pedras, fazendo divisa com a cidade, a Mata do Pinheiro, por exemplo, preserva uma variedade de vegetações da Mata Atlântica, assim como espécies de animais, como o macaco bugio. A trilha da pequena e tranquila cidade, típica do interior paulista, compõe a imensidão de belezas naturais que podem ser apreciadas e descobertas por lá.