Leondenis Vendramim

Solidão e estresse em meio à comunicação

Quando Deus criou o homem, em Sua sapiência disse: “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2:18). Fomos criados seres sociais. O homem precisa se socializar; ele se comunica com seus familiares, amigos, com estranhos, com os animais e até unilateralmente com vegetais.

É uma necessidade do ser humano. “Quem não se comunica se trumbica” dizia Abelardo Barbosa (Chacrinha). O ser humano se comunica pelo jornal, pelo celular, pelas redes sociais, TV, e outros meios. Assim influenciamos e somos influenciados o tempo todo, tanto para o bem quanto para o mal. Pesquisas de 2019 mostram que quase a metade da população mundial (3,360 bilhões de habitantes) estão ligados na www., durante grande parte de sua vida.

Os filipinos usam mais a rede social (mais de 4 horas diárias), o Brasil é o segundo (3 horas e 45 minutos), o Japão (45 minutos). É uma influência massiva. Existem os influenciadores profissionais que tentam fazer dos influenciados consumistas, pertencerem a determinado partido político, participar de brigas entre torcidas de futebol, de gangs e facções criminosas. As “celebridades” da TV, do youtuber, do Instagram e outros exercem forte influência, geralmente para o mal.

A profissão altamente lucrativa e moderna é dos “influencers digitais”, os formadores de opinião. São pessoas que são contratadas por empresas para alavancar o consumismo dos seus produtos através do YouTube, Twiter, Instagram, Facebook; há uma crescente onda de canais que promovem ofertas e vendas das marcas famosas. Esses vídeos têm atraído milhões de seguidores. São fortes concorrentes da mídia.

O mundo tornou-se pequeno, a globalização acabou com as barreiras, a internet possibilitou a comunicação intercontinental. Assistem-se, pela internet quaisquer youtubers e muitos canais. Todos estão conectados, o dia todo. Entretanto, nunca se ouviu tanto sobre solidão, estresse, depressão e suicídio. Nessa esteira surgiram os “coachings”, instrutores que conduzem os pensamentos de pessoas com tais problemáticas para o equilíbrio emocional. Minha filha Lisley é uma coaching, e muito dedicada.

É comum a família reunir-se na sala, cada um com seu celular, a TV ligada, mas não há conversa, nenhuma orientação ou declaração de afeto, nenhum carinho.

Nada substitui a conversa familiar. A refeição, todos reunidos à mesa, os bate-papos mais salutares parecem extintos. A pressa, o dormir tarde e a falta de diálogo fulminam o amor trazendo para o lar o adultério, as más companhias, o uso de drogas, as contendas familiares, a solidão, os estresses, o divórcio, o suicídio e o crime.

Não é pecado conectar-se à internet e é em alguns casos muito benéficos, nem dá mais para viver sem internet, mas o bom senso tem de estar sempre de prontidão.

O jornalista canadense Daniel Sieberg escreveu o livro “Diet Digital” para contar sua história hilária. Ao mergulhar no mar ele se viu cara à cara com um tubarão. Ele lamentou por não ter o smartphone para uma “self”. Ao sair ileso, as pernas tremeram e percebeu que havia algo errado com ele, fez 8 meses de dieta digital e escreveu: “não levo o celular para o quarto, não atendo ligações na hora das refeições e, sempre que posso, privilégio o real em vez do virtual”.

Pesquisas mostram que a overdose de digitalização traz uma vida sedentária, a obesidade, diabete, doenças cardiovasculares, problemas de coluna, lesão por esforço repetitivo, ansiedade, depressão, transtornos mentais, além da vulnerabilidade das crianças (e adultos) aos apelos afetivos de monstros.

Há mais depressão em pessoas que gastam em média 61 minutos por dia com a internet (no Brasil a média é de 225). “Quando a moderação sai de cena e as plataformas digitais são mal usadas, a vida escolar (e, mais tarde, a profissional) paga o pato. Jovens de 12 a 15 anos estão penando com o cansaço em sala de aula,…” Além disso, aprendem a dormir tarde, vão cansados e nervosos para a escola e para o trabalho.

O resultado é desastroso. É hora de seguir o exemplo de Sieberg, pelo menos se abster da digitalização nos momentos de reunir a família e durante o repouso noturno. A família é prioridade e responsabilidade dos pais. Deus requererá isso no juízo final.

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