Opinião

Biografias – Benjamim Constant

20/11/2015

Biografias – Benjamim Constant

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

Artigo | Por Leondenis Vendramim

Benjamin Constant Botelho de Magalhães nasceu em Niterói, R.J., no dia 18 de outubro de 1836. Filho de Leopoldo Henrique Botelho de Magalhães e de D. Bernardina Joaquina da Silva Magalhães. De família muito pobre, seu pai vivia de parcos recursos advindos do seu magistério primário. Desde cedo, ainda quando aluno do seu pai, o primogênito Benjamim revelou pendor para o ensino. O Barão de Lajes se dispôs a ajudar a família e convidou Leopoldo Henrique para administrar sua fazenda em Minas Gerais.

Aos 13 anos teve o primeiro golpe, faleceu o seu pai, deixando a viúva e os cinco órfãos, numa miséria extrema. Então veio o segundo golpe. Sua mãe ficou louca. Foi nessa situação que Benjamim, com a responsabilidade de cuidar dos irmãos mais novos, viu-se sem saída e tentou o suicídio nas águas volumosas do Paraíba. Foi salvo por uma escrava. Benjamim, mais tarde, lamentou seu ato, e agradecido à escrava, tornou-se um abolicionista, ferrenho lutador em prol da causa dos negros.

A Providência divina tornou-se a seu favor. A família Andrade Pinto, ajudou-o generosamente, pagou seus estudos na Escola Militar. Não foi fácil. Tinha aos seus cuidados a vida de seus irmãos, o que requereu muito tempo, dinheiro e atenção. Isso custou-lhe dois anos de repetição escolar, mas perseverou sem desanimar até concluir o curso, em 1858. Dois anos depois se bacharelou na Escola Central, mostrando uma vontade enorme pela vitória, porque seu bacharelado foi em matemática e ciências físicas, as duas matérias mais difíceis para ele. No famoso Colégio D. Pedro II obteve o primeiro lugar nos sete concursos que prestou. Estudou ainda astronomia, exercendo o cargo no Observatório Astronômico do Rio de Janeiro. Formou-se engenheiro, militar, professor, e estadista. Lecionou na Escola Militar da Praia Vermelha e nas escolas politécnica, Normal e Superior de Guerra.

Casou-se aos 27 anos com D. Maria Joaquina da Costa uma denodada, fiel e destemida companheira. Diz o biógrafo Miguel Milano, que Benjamim foi convocado para a guerra contra o Paraguai. Sua esposa, com apenas 18 anos de idade e recém-casada apelou ao Imperador Pedro II com lágrimas, a dispensa do seu amado. Conseguindo o intento. Contudo o resoluto Benjamim foi ao imperador e disse que não aceitaria a dispensa, não fugiria ao sagrado dever patriótico, e se apresentaria ao Comandante-chefe no Paraguai. No combate, destacou-se por atos de bravura. Quando dirigia a construção de trincheira em Tuiuti, adoentou-se com a febre palustre. Dando continuidade aos trabalhos sua enfermidade se agravou. Sua esposa dona Maria Joaquina, numa demonstração de amor, coragem e patriotismo foi ao campo de batalha, cuidou de seu amado até conseguir de Duque de Caxias, comandante de Guerra, a permissão para a retirada do impossibilitado Benjamim do cenário de guerra. “O aspecto de Benjamim inspirava dó: anêmico e inchado, dir-se-ia que tinha seus dias contados”. Homens que Fizeram o Brasil, p 34. “Em ambientes de maiores recursos, melhorou seu estado de saúde por tal forma que reencetou sem muita demora, as suas atividades no magistério”. D. Pedro II havia criado, em 1854, o Instituto dos Meninos Cegos que cuidava da educação dos deficientes visuais, tendo por objetivo capacitá-los a ganhar a vida sem dependência. Dr. Cláudio Luís Manoel da Costa, diretor de 1856-1869, convidou Benjamim Constant a lecionar nesse Instituto. Benjamim adaptou os conteúdos de suas aulas ao método de Braile. Este foi, sem dúvida, um dos maiores trabalhos em favor dos cegos. Foi por meio desse trabalho que conheceu Maria Joaquina, a filha do diretor, que seria sua esposa. Benjamim tornou-se o terceiro diretor desse antigo Instituto dirigindo-o por 20 anos. Conseguiu do próprio Imperador a doação de uma área e construiu um prédio “elegante e apropriado para 400 ou 500 alunos”. Em virtude de seu grande trabalho e do muito tempo na direção, ficando até à recém-criada república, em sua homenagem, o governo provisório, em 1890, passou a chamar “Instituto Benjamim Constant”. Esse instituto permanece até hoje em franca atividade, apesar de algum período de inatividade. Tivemos homens honrados na nossa história!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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