Opinião

Comemorações III

28/10/2016

Comemorações III

Denizart Fonseca é professor de Educação Física e militar (Foto: Arquivo pessoal)
Denizart Fonseca é professor de Educação Física e militar (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | Os que estão acompanhando este documentário notarão, por certo, estarmos prosseguindo no assunto da primeira venda.
“Como o transito das tropas, que procediam de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais reclamasse de espaço a espaço, na distância dos caminhos, um terreno devoluto onde pudessem os viajores e suas tropas de carga, refazerem-se das longas marchas, bem como os rebanhos destinados a S. Paulo e Santos, encontrar “recursos de aguada e pasto”, ficou reservado, além da sesmaria do Capitão Botelho, à margem da estrada, um terreno competente, no qual não se darão sesmarias, ficando exclusivamente “destinado para aquele uso”.
Era a paragem chamada do Capivari, bairro da Vila de Itu, exatamente o lugar em que veio a formar o povoamento capivariano, alguns anos mais tarde. A contínua passagem das tropas, o adensamento demográfico do bairro, o desenvolvimento progressivo das fazendas de cultura e criação, tudo isto contribuiu para a instalação de uma primeira venda à margem do rio, e que passou a constituir, dai por diante, centro aglutinador das edificações urbanas do povoado. Isso se deu em 1785, quando Francisco Idorgo, de Itu, encaminhou à Câmara daquela Vila uma petição, na qual declarava que “ele suplicante quer por uma venda pública na paragem chamada Capivari e, como não pode fazer sem a licença de V.Mercês, somando também o ramo de caxassa…” vinha solicitar a autorização legal, apresentando Francisco Pacheco para seu fiador.
A venda se resumia numa pequena construção de pau-a-pique, barreada, de três águas, alguns cubículos para alojamento de hóspedes, salão para o negócio de secos e molhados, cosinhas, dispensa e telheiro para abrigo de viaturas e arreios. Um raminho de figueira do inferno pendurado à porta advertia a freguesia que não se fazia fiado. Esse pequeno negócio, origem de outros que no mesmo lugar se estabeleceram sucessivamente até nossos dias, foi de capital importância para a localização do povoado, pois a cidade tivera seu começo junto à importante fazenda Itapeva, do Padre Oliveira Brito, o que não se consumou em virtude da mudança da estrada para o ponto da venda de Chico Idorgo, onde ela, afinal, se fixou definitivamente. Os viajantes deixavam a estrada na altura do Itapeva, vinham à venda do Chico, onde passavam a noite e descansavam as montarias, e no dia seguinte voltavam a retomar o caminho para prosseguimento da viagem. Com o andar do tempo construiu-se nova ponte, na baixada próxima À venda, e a estrada transferiu-se para o traçado que se confundiria depois com a atual Rua 15 de Novembro de Capivari.
Há disto, documento escrito no Arquivo do Estado (papéis avulsos de Capivari, 1837): “o caminho anterior à velha estrada foi sempre seguido desde Araraquara, Constituição (Piracicaba), os moradores desta a Itu, e os desta a outras, à chamada Forquilha, porém como a ponte ficava abaixo deste lugar em que se veio a erigir Capela, Freguesia e depois Vila de Capivari, os caminheiros procuravam primeiro o pouso, onde achavam recursos de venda, pastos e do dia seguinte voltavam a buscar a ponte”. Essa retificação não se fez imediatamente após a instalação da venda de Idorgo, mas vários anos depois, havendo mesmo provocado um incidente entre as Câmaras ituana e moradores de Piracicaba. É que José Coelho Barbosa e Joaquim Pinto, daquele distrito, não se conformando com o fechamento da estrada velha, arrancaram os fechos e vedações ali postos pelas autoridades ituanas e continuaram no uso do caminho antigo, como se nada daquilo fosse com deles. Comunicando o fato ao Capitão General, escrevia a Câmara de Itu: “Ilmo. Sr. em cumprimento ao muito respeitável despacho de V.Exia., respeito à um caminho que passa pelas terras de Antonio José Pereira que a requerimento dos moradores do bairro Capivari, foi V. Exia. servido mandar abrir o dito caminho novo e fechar o velho e com efeito assim o fizemos cumprir e agora novamente no dia 5 do corrente mês (janeiro de 1805) nos veio a notícia de que José Coelho Barbosa e Joaquim Pinto, moradores na Freguesia de Piracicaba, tiveram o desacordo de violentamente abrirem o dito caminho velho que se achava tapado conforme V.Exia. nos tinha determinado. Com essa razão, damos a V.Exia. esta parte e passamos logo a prender os ditos delinquentes por terem obrado tam absoluto delito. A vista do espedido por V.Exia. mandará o que for servido. Deus guarde a V.Exia, etc (Arquivo do Estado. Avulsos de Itu 1805) O novo caminho foi mantido. Continuaremos transcrevendo preciosos documento sobre as Fundações Municipais Paulistas.

Cidadania
Ladrões, assaltantes, invasores a residências estão agindo aqui. Aguardamos e confiamos na eficiente e rigorosa ação dos nossos policiais.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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