Opinião

Consciência, moral e remorso

05/06/2015

Consciência, moral e remorso

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

Artigo | Por Leondenis Vendramim

O equilíbrio e a estabilidade de um transatlântico depende da área e do peso do seu casco, assim a estabilidade e o equilíbrio da vida moral da consciência depende dos hábitos, ideais, pensamentos e atitudes do indivíduo. S. Paulo afirma que nossa consciência moral será provada pelo fogo que revelará se a construímos com ouro e prata ou com feno (1Cor 3:11-17). Parece que tudo o que é mau vicia. A princípio causa preocupação, mas a repetição acalenta, a aparente vantagem vislumbra. Depois, imperceptivelmente, corrompe e destrói a consciência moral e espiritual. Exemplo clássico: Eva viu que a fruta proibida era boa para comer e abriria seus olhos para conhecer o bem e o mau (Gn 3:5-10). O bem, ela já conhecia. Ao comer só conheceu o mau: medo, degeneração, remorso e morte. Transigir com o erro e o pecado é narcotizar a consciência e permitir que o inimigo penetre na cidadela da alma e trame nossa derrota e de nossos entes queridos. O mau que abrigamos destrói a sensibilidade contra o crime como a ferrugem corrói o metal. É por isso que vemos criminosos como Rafael Ilha que ri diante das câmeras e se sente bem diante dos que lhe assistem preso. Raimundo, preso em 2014, disse que quando saísse da prisão continuaria a matar porque sentia prazer. Entretanto, a misericórdia de Deus procura conscientizá-lo e levá-lo ao arrependimento; não temos acuidade para julgar outra pessoa qualquer como tão petrificada, que não possa ouvi-Lo.

Mas, que é remorso? A palavra originalmente significa remorder (morsus é morder). Diz alguém que remorso é a consciência ferida e sangrando. S. Schwantes diz: “O remorso é a dor pungente de uma consciência culpada… é sintoma de uma condição anormal que exige atenção”. Deus dotou o homem de livre arbítrio e com consciência, isto é, com capacidade para avaliar o que é bom ou ruim, justo ou injusto, moral ou imoral. Somos livres para escolhermos fazer o bem ou o mau, só não somos livres para escolher as consequências que certamente virão.

Como a febre é sintoma de alguma anormalidade e o remédio deve combater a doença e não a febre, assim, o remorso é sinal de que há um sentimento de culpa; é necessário extirpar a culpa, então cessarão os remordimentos do coração. A dor de consciência tem consequências terríveis: insônia, falta de apetite, indigestão, problemas de relacionamento e até paralisia e morte. Como conseguir a cura? Muitos procuram deletar, ou, empanar esses sentimentos, outros tantos anestesiam a consciência com bebidas e outras drogas, só para descobrir que são paliativos que agravam o mal. Trouxeram um paralítico para ser curado por Jesus. Ao invés de curá-lo Jesus lhe disse: “os seus pecados estão perdoados”. Dizem alguns teólogos que a paralisia era devida à culpa que ele sentia por ter enganado aos seus irmãos. Primeiro Jesus erradicou a causa, tirou aqueles remordimentos de consciência, então, para dar certeza do perdão, Jesus curou o leproso: “Para que saibam que o Filho do Homem tem poder para perdoar, eu digo: levante, tome sua cama e anda” (Lc 5:17-26).

O remorso revela que o errante não é irrecuperável, aliás, esse é o primeiro passo para a cura, sua angústia é prova de que tem percepção do mal praticado. Quando o malfeitor não sente a dor de consciência, então nada lhe convencerá a mudar, pode tornar-se caso irrevogável. A Psicanálise não poderá explicar mudanças tão radicais como a do Sr. Jaime, do Rio de Janeiro, traficante, assassino de policiais, preso, apanhou muito, e todo quebrado, foi jogado na cela, tido como morto. Jaime se viu perdido, mas dois dias depois, ao ouvir programa evangelístico, fez sua primeira oração: “Se o Senhor existe, prove. Tire-me desta cadeia e eu falarei sempre do Senhor e nunca mais vou praticar crimes. Um soldado teve dó dele, curou suas feridas, deu-lhe remédio. Quinze dias depois teve sua soltura assinada pelo juiz. Ele esteve em Rafard, hospedou-se em minha casa uma semana, vi as marcas de tiros que tomou da polícia, sempre falando do amor que Deus teve por ele. Se você sente culpa, tristeza por algum erro cometido, não titubeie, confesse, procure o perdão do ofendido, e terá paz, melhor saúde física, mental e espiritual e uma alegria transbordante.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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