VI – “na ira da saliva / respingar esquizofrênico / tuberosidade da sua boca / ansiando devorar-me / moro tranquilo escorrendo / como uma fonte cardíaca / de macerações serenas / no seu hábito de ninar / há vermelhidões cercando-nos / luares norteando quem de nós / vocifera ante o outro / veias / cabelos / fisionomias aquecidas / no esplendor sepulcral das lápides internas / prolixos que somos / silenciamos olho no olho / até que o carinho não mais guardado / brote numa explosão crepuscular / e parimos dessa força corrosiva / um mitigativo beijo profético / relampeando céus / pelos dias que se nublam / espero cravado num rochedo / de diagnósticos pluricelulares / o colapso em que tu me sente / no cuidado do teu colo / e eu possa lhe abrir a janela / do além-sol que se faz / debaixo dos meus dedos / retorcidos”. – VII – “subsidiando-me no que te escapa / centelhas luzidas / alumiares da língua / grãos de cuidados semeados nos poros / florir epidérmico / te levanto na conquista do corpo / pedestal de adorações / pandórica fissura liberta / adentro-me celeste no teu ninho / busco o que segrega / adornar massivo / decreto úmido / arrebento-me contra tua fome / troca de alucinações / coreografia de um só / cismas dos ventares / já não nos basta o que fica / a inquietude do ontem nos raspa o agora / ebulição figurativa / o chumbo cai / resta-nos o porvir / soamos o encanto / doces como flautas num monólogo em si / teclas que soam num espasmo alternativo / não queremos o que finca / forçamo-nos fluidez contra o outro / descabido sumo edípico / indulgência cristalina / estrelamo-nos além / acometemo-nos salutares / balsâmico em mim / passeio de balsa em ti / é uma calmaria de escorrer-nos sempre / já não te amo em palavras / debulho-me aos teus velares / carrego-me por ti em plasmares / pungente nas tuas mãos / colorações do teu brio / faço-me o que te embeleza / frutificações sensoriais quando me pensas / granito-me vulcânico tua fonte de saliva.”
