Rubinho de Souza

DO FUNDO DO BAÚ RAFFARD

16/03/2018

DO FUNDO DO BAÚ RAFFARD

De volta ao passado…

Estamos na madrugada do dia 20 de fevereiro, e a Usina de Rafard toca insistentemente sua sirene, como aviso aos moradores da parte baixa da cidade que deixem suas casas, pois as aguas estão subindo. Zé Luis Braggion, ao ouvir a sirene sai rápido de casa para ajudar as pessoas em dificuldades, e acaba voltando com dois pontos no pé, devido um corte provocado por um vidro…

Funcionários da usina, empresários e comerciantes locais deixam suas ocupações e atuam como voluntários nas coletas de doações de roupas, alimentos, mantimentos e demais providencias no sentido de ajudar os desabrigados, numa demonstração de solidariedade.

O filho de Armando Garcia, o Armandinho, que trabalha como ajudante de maquinista e mora em São Paulo, e veio em visita aos pais e a sua família, não tem como voltar ao trabalho, devido não ter como passar na ponte Pio XII e ficou sabendo que nem por Monte Mor, nem por outros lugares se tem acesso para São Paulo, não sendo possível ir nem mesmo de trem.

Para se ter uma ideia as águas já chegaram até o começo da rua Tuiti, e na rua Pracinha Fábio as pessoas estão desesperadas devido as águas terem invadido suas residências, algumas ainda em construção como é o caso da casa do pedreiro Bráulio Santos, enquanto as equipes da prefeitura e da Usina e muitos populares ajudam na retirada dos desabrigados e arrecadam doações de roupas, alimentos e medicamentos, alojamentos provisórios, que estão sendo levados em escolas ou no Círculo dos Operários.

O nosso campinho de futebol, perto da chácara de Luís XV e do Zé Mineiro, onde eu, Cláudio Castro, Brezê, Ademir Camargo, Valdir Verdão, Mario “Lagoano” e os filhos de Pedro Estefani vamos bater uma bola ficou tomado pelas águas que encobriram até a linha do trem, enquanto o Campo do RCA parece um piscinão.

No Bairro Bate Pau, entre as 7 e 9 da manhã os moradores do “correr de cima” foram retirados em regime de mutirão, pois a enchente chegou nas casas de Aurélio Sotto e Antonieta e de Osório Cardoso e Romida, que já se mudaram. Orlando Groppo, Zé Scrivano e Nilo e tantos outros estão sendo ajudados por aqueles que tiram suas mobílias a fim de salvar alguma coisa.

Da Fazenda Saltinho, ao olhar para a Fazenda Santa Rita, parece estar vendo o mar de tanta água, e as construções estão todas destruídas enquanto os moradores se mudaram para os três Saltinhos, o de baixo, o de cima, e o do meio, e as famílias que estão livres estão ajudando os amigos que eram da Santa Rita, e que perderam tudo, tais como móveis e outros objetos, até mesmo animais grandes, como cavalo, se pode ver descendo levado pelas águas rio abaixo, até mesmo a usina de força, que fica na margem mais elevada do Rio foi levada com todo equipamento pela enchente.

Gentil Lucas e sua noiva Teresinha que estavam com casamento marcado, móveis comprado, festa programada, terão que remarcar tudo, pois surpreendidos que foram pela enchente, perderam todos os móveis, e estão desolados pelo prejuízo que sofreram por causa da enchente de 70, como passou a ser conhecida.

Na foto acima, a água já havia baixado, pois chegou a ultrapassar a linha do trem, e Cuco Braggion deu uma “tarrafada” no asfalto, e levou para casa um belo de um corimba, bem grande, segundo contam…

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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