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“O nosso grande produto é o hospital”, afirma presidente

24/11/2017

“O nosso grande produto é o hospital”, afirma presidente

Dr. Bereta, presidente da Unimed Capivari (Foto: Túlio Darros/O Semanário)

Unimed Capivari | Em entrevista exclusiva, Luiz Antonio Bereta garante que com a reforma do hospital, plano de saúde será referência na macrorregião

Felipe Poleti

Especial para O Semanário

CAPIVARI | Aos 62 anos de idade, Luiz Antonio Bereta, é médico cardiologista e atual presidente da Unimed Capivari, que hoje tem mais de 21 mil cooperados e capacidade total para atender até 30 mil clientes. Com 35 anos de atuação na área de saúde e há 30 na Unimed, doutor Bereta, como é conhecido, concedeu uma entrevista exclusiva ao jornal O Semanário onde aborda os desafios da gestão em Saúde no país, melhorias no atendimento na cidade, reforma do hospital e também da possibilidade de parceria com prefeituras da região para prestação de serviços a população usuária do Sistema Único de Saúde, o SUS.

O Semanário – Desde quando o senhor integra a Unimed Capivari e como se deu este ingresso na carreira de política médica?

Dr. Bereta – Faço parte da Unimed Capivari desde o começo da sua história na cidade, ou seja, há quase 30 anos. Hoje, o médico cooperado Unimed, se tiver interesse de entender o processo da cooperativa, da gestão em Saúde que fazemos, tem a chance fazê-lo assim que entra para o quadro de médicos Unimed. Eu mesmo já fui diretor clínico, de finanças, administrativo, superintendente e vice-presidente e, hoje, sou presidente. A gente aprende ao longo do tempo, mas também aprendemos com as visitas as outras Unimed no estado e Brasil afora. Além disso, ganhamos experiência ao participar de diversas convenções da Unimed nacional e estadual e isso nos faz entender o sistema de Saúde no Brasil inteiro.

O Semanário – Quais eram as principais demandas da cooperativa no momento de sua chegada à presidência?

Dr. Bereta – Na verdade, o nosso grande produto é o hospital. O fato de uma cooperativa do nosso tamanho, considerada menor, é necessário ter um recurso que é o hospital. A partir do momento que você não tem um hospital, o custo operacional acaba encarecendo. Falo isso pelo lado da gestão, já que o custo fixo do hospital é alto e você não pode deixá-lo vazio, senão pode ter prejuízo. Como gestor me preocupo com a parte operacional e como médico, com a medicina que oferecemos.

O Semanário – De lá para cá, quais foram as mudanças mais importantes ocorridas no cenário de atuação da Unimed?

Dr. Bereta – Quando assumi a Unimed, a primeira coisa que trabalhei foi o relacionamento. Fomos captar parceiros que pudessem trazer serviços para nós aqui no hospital e, através disso, conseguimos bastante reforço, o que deixa o hospital com uma possibilidade de recursos bem grande. Além disso, a nossa Unimed (a que vende planos) cresceu, tudo graças a um bom trabalho de publicidade e de abertura das portas da Unimed para a população conhecer nosso trabalho. Hoje, nosso aumento de usuários nos possibilita, também, aumentar a complexidade e melhorar ainda mais o atendimento no hospital, trazer mais médicos, fazer com que Capivari seja autossuficiente em tudo. Hoje nós temos mais de 90% de autossuficiência e, onde precisamos de atendimento fora da cidade, temos parceria para um atendimento diferenciado aos capivarianos.

O Semanário – Em que momento a Unimed Capivari se encontra em 2017?

Dr. Bereta – Hoje a Unimed se encontra muito bem financeira, contábil e juridicamente. Não temos problemas com situações que possam criar qualquer tipo de constrangimento. Hoje investimos com recursos próprios e, esse investimento no hospital, está sendo muito importante. Estamos fazemos a melhoria de infraestrutura interna onde, só de cabeamento de computador, estamos investindo uma grande fortuna, já que estamos trocando toda a rede de computadores da unidade, os softwares, coisas que não são baratas. Estamos implantando uma nova base no hospital e, com esta parte pronta, vamos mudar a parte física do prédio, com alteração nos quartos, corredores e fachada do prédio. Vai ficar muito bonito.

O Semanário – Quais são os maiores desafios da cooperativa até o fim deste ano?

Dr. Bereta – Até o final desse ano temos o desafio de complementar toda a base do hospital, para que no ano que vem já possamos fazer as mudanças físicas, entre elas o aumento da capacidade de atendimento, melhoria da qualidade dos quartos e um ambiente ainda mais humanizado dentro do hospital. Será uma mudança muito grande. O hospital terá uma cara mais feliz e, para isso, é preciso oferecer conforto aos pacientes e seus familiares. Na realidade esta mudança já está acontecendo e temos que entender que Capivari, hoje, está num centro importante de crescimento e desenvolvimento junto as regiões de Campinas, Piracicaba e Sorocaba. Nós somos muito grandes. Não somos mais pequenos, pois sofremos a influência dessa macrorregião. Nós apenas estamos nos adiantando a uma demanda futura. Qualquer empresa que venha para Capivari vai precisar de uma assistência médica privada. Muitas empresas já vêm com convênios da Unimed de fora e quando chegam aqui querem manter isso e perguntam se tem hospital, se tem recurso, entre outras coisas. Estamos num patamar de qualidade semelhante a ISO 9000, mas no caso dos hospitais se chama ONA, com uma identidade nacional e com um hospital de primeira linha.

O Semanário – E os principais projetos para o futuro?

Dr. Bereta – Primeiro é finalizar esta nossa adequação do hospital, melhorando toda nossa capacidade de atendimento para que isso dê suporte ao crescimento da parte operacional, ou seja, com a venda de novos planos de saúde dentro da cidade. Temos uma gama de clientes na região que são atendidas pela Unimed, além de convênios com a Sulamerica, Bradesco e o próprio Vera Cruz está fechando parceria esta semana. Isso as vezes até assusta, mas é preciso entender que o hospital tem custo fixo alto e seu espaço tem que ser utilizado para gerar recursos e, assim, o manter ativo. Nossa ideia é de ser um centro médico regional privado, porém, estamos fazendo de tudo para que se faça uma parceria público privada, por exemplo, com as prefeituras de Elias Fausto, Rafard e Capivari, para que nossos serviços sejam comercializados num volume maior.

O Semanário – Parceria com a prefeitura é o caminho para a melhoria do atendimento do SUS?

Dr. Bereta – A administração pública nunca pensou que o custo da saúde privada fosse acessível a saúde pública. Agora perceberam, e, em vez de você ter três serviços, faz um serviço só, ajusta o custo, sendo possível o público pagar para o privado para que a população seja atendida melhor. Estão aí as Santas Casas e Hospitais Filantrópicos com grandes problemas de gestão. Se gastou muito dinheiro nisso, e, se me derem o compromisso de uma UTI, se me acertarem a tabela de preço, eu vou servir da melhor maneira, porque eu tenho o compromisso de empresa, o que acaba sendo maior que a do poder público. A ideia de parceria público privada em medicina já existe junto ao governo Federal e Estadual e aqui, pode seguir neste caminho.

O Semanário – Quais as principais conquistas recentes que merecem ser comemoradas?

Dr. Bereta – Além do aumento e melhoria de todas as condições de atendimento, hoje nós temos uma visão macrorregional. Temos este retorno positivo devido a nossa gestão diferenciada e humanizada, estamos decentralizando as ações entre unidade centro e hospital e, a partir do ano que vem, teremos um “novo hospital”. Além disso, nosso índice de infecção hospitalar é o menor do Brasil. E nós temos a prova disso, que são as documentações geradas por infectologistas que avaliam os hospitais. Esta certificação é fiscalizada a cada três meses e para manter esta certificação é preciso que tudo realmente esteja em ordem. Em tempos de crise, nós tivemos um aumento de mil novos clientes o que mostra, além da nossa credibilidade, a adequação da nossa tabela de preços para atender a essa nova demanda que surge na cidade. Somos menores, mas com corpo de gente grande, já que temos mais de 21 mil cooperados e capacidade para atender até 30 mil.

O Semanário – Que mudanças os cooperados e clientes Unimed podem aguardar para um futuro próximo?

Dr. Bereta – Esperamos ter um prédio de cinco andares e 28 novos leitos. Não quero levantar um elefante branco. Precisamos ter muita visão para não crescer mais do que podemos, ou seja, gastar mais do que se tem. Nós temos uma gestão orientada por especialistas de outras unidades, de assessores do sistema Unimed.

O Semanário – Com toda essa instabilidade econômica que o país enfrenta, quais as perspectivas para as operadoras de saúde nos próximos anos?

Dr. Bereta – O sistema privado foi muito apertado pelos governos anteriores na questão de imposto. O governo tem que nos ajudar para que, tudo que eu compre para dar em atendimento à população, que seja com menos imposto e oneração. Essa é nossa esperança, mas, na verdade, o importante é que mais pessoas tenham condições de ter acesso à saúde e de entrar no sistema privado. Hoje, a população atendida no SUS não cabe no sistema, por isso nosso interesse em captar essas pessoas que tem dificuldade de atendimento para que venham para o plano de saúde.

O Semanário – Existem projetos de novas reformas ou construções no hospital?

Dr. Bereta – Hoje nós temos o projeto pronto para tudo que é possível de utilização do hospital e, inclusive, compramos uma casa que faz fundo com o hospital e que em breve receberá toda a parte administrativa do hospital. Com isso, o espaço que antes era administrativo está sendo remodelado para atender os cooperados.

O Semanário – O que se vê hoje em dia é uma popularização dos convênios. A própria Unimed Capivari tem trabalhado com preços acessíveis a toda população. Como o senhor avalia isso?

Dr. Bereta – Hoje a Unimed Capivari tem 21 mil conveniados, entre os que pagam Unimed Capivari e outras Unimed e, para atender esta demanda, temos 220 colaboradores. Temos estrutura e poderíamos criar mais produtos com preços mais acessíveis, mas a Agência Nacional da Saúde não nos permite fazer isso. Se vendêssemos um plano só com direito a consultório e laboratório seria baratíssimo e tiraria toda essas filas de postos de saúde que vemos por ai, mas a gente não pode fazer isso. O problema que a Unimed enfrentou para conseguir abaixar um pouco mais o preço foi a judicialização. Você faz o contrato com uma pessoa, por um preço, e esse é o serviço que oferecemos, porém, hoje, existe uma série de coisas na justiça onde uma pessoa não tem aquele direito, e pede um direito muito maior do que o estabelecido. E o dinheiro vai sair de quem? De quem está pagando mais, ou seja, isso acaba gerando um grande rombo no sistema.

O Semanário – Isso prejudica o atendimento?

Dr. Bereta – Estamos com o pé no chão, trabalhando com aquilo que podemos oferecer, nosso plano e saúde é muito bem equilibrado. É muito perigoso quando vemos que planos de saúde vender coisas que você sabe que vai dar dificuldade para o atendimento. Isso não acontece aqui em nossa Unimed, aqui tudo anda mais rápido. Existem sim algumas exceções, mas a maioria é feito de forma bem rápida. De janeiro até agora, atendemos mais de 35 mil pessoas em nosso pronto socorro, ninguém tem noção disso. Ali é uma coisa aleatória, temos os plantonistas e hoje é difícil conseguir manter este tipo de profissional atuando de 12 a 24 horas. Hoje conseguimos ampliar em mais um médico no PS e agora estamos com dois.

O Semanário – Como você avaliaria a possibilidade da Santa Casa ser gerida pela Unimed? Existe ou existiu projeto para gerir aquele hospital?

Dr. Bereta – Hoje vejo com bons olhos esta possibilidade já que trabalhamos junto com a prefeitura nesta nova parceria com a Santa Casa. Porém, o único problema é que, antes, nunca fomos consultados para chegar lá e participar de alguma coisa. Estou aqui há 30 anos na gestão da Unimed e nunca fui consultado. Agora, a equipe da Secretaria da Saúde fez contato e estamos disponibilizando um trabalho para trazer técnicos nossos e de São Paulo e que entendem de contas médicas e gestão para colaborar. Hoje não se deve montar um grupo de gestão com pessoas que acham que sabem o que estão fazendo. Não é simples assim. Fazer gestão em saúde, tendo hospital na conversa, é muito sério e difícil, porque envolve muito conhecimento técnico. Nós estamos participando com esta gestão e vemos possibilidade de articular uma parceria com a Santa Casa.

O Semanário – Deixe uma mensagem aos colaboradores, cooperados e clientes da Unimed Capivari.

Dr. Bereta – A coisa mais importante que um gestor tem que ter é confiança e credibilidade. Hoje a nossa Unimed é aberta, com transparência total, trabalhamos bastante para manter este serviço de qualidade. Queremos que as pessoas tenham confiança em nosso trabalho. Podem me cobrar, eu sou dr. Bereta, moro em Capivari, todos sabem onde moro, quem é minha família. Não estou aqui para rasgar o meu passado. Entrei nesta gestão para “arrebentar” e deixar a nossa Unimed como um hospital de referência, no mínimo, em nossa macrorregião. Hoje, para quem não sabe, já somos referência hospitalar da Unimed Campinas, e isso não é à toa já que eles fiscalizaram e aprovaram esta situação de qualidade em estrutura e atendimento. Hoje é muito mais fácil uma pessoa sair de Monte Mor e ser atendido em Capivari do que ir para Campinas. Estamos explorando isso. Agradeço a todos e esperem por um hospital modelo, macrorregional e de excelente atendimento para o ano que vem.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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