Opinião

Rafard – Cidade (50 anos)

21/04/2015

Rafard – Cidade (50 anos)

Artigo por J.R. Guedes de Oliveira
José Roberto Guedes de Oliveira é escritor e historiador, de Capivari (Foto: Arquivo/O Semanário)
José Roberto Guedes de Oliveira é escritor e historiador, de Capivari (Foto: Arquivo/O Semanário)

Em 1964, precisamente 31 de março, o Brasil entrava numa nova era, que chamamos de “anos de chumbo”. As coisas tomavam rumos diferentes e João Goulart caia do governo e o Exército tomava conta da República. Estado de exceção, pois que, até hoje, dizem-no que o golpe de 31 de março nada mais foi do que uma piada de 1º de abril.

As coisas, por estas bandas andavam estremecidas; aliás, Rafard x Capivari. Uma divisão mais política que qualquer outra coisa. Além disso, a famosa “guerra de m….” ainda pairava no ar. Os detritos humanos, pastosos, de odor fétido deixaram marcas históricas. Até hoje ainda se fala em tal “Boston”. Até há uma passagem interessante:

No Programa “A Praça é Nossa”, pela TV, conduzida nos velhos tempos por Manoel da Nóbrega, Ronald Golias faz-lhe a seguinte pergunta:

– O Gordo! Você sabe qual é o rio mais corajoso do mundo?

– Não sei, não.

– É o Rio Capivari.

E Manoel da Nóbrega com aquela cara de curiosidade, pergunta:

– Mas por quê, Bronco?

– Porque passa em Rafard.

Muitos não riram, porque não sabiam a verdadeira história. Depois, contada, as gargalhadas se sucederam até aos nossos dias.

Mas deixamos isto de lado, o que nos cabe salientar é que em 1965 a autonomia de Rafard se fez presente e de “Vila Rafard”, “Distrito de Rafard” – seja o que foi, transformou-se em uma cidade, com poderes Executivo e Legislativo representativos.

Parece que foi ontem, quando constantemente lá íamos “fazer a praça” – o tempo correu tão célere. Que o diga o Cine Paratodos.

A história nos conta o seguinte: A 1ª sessão de Câmara da cidade foi realizada após autorização do Supremo Tribunal Eleitoral (STE), no dia 25 de março de 1965, no antigo Cine Paratodos. A 1ª sessão de Câmara Municipal de Rafard foi presidida pelo juiz da comarca da época, Antonio Carlos Alves Braga, o promotor público, João Gamaliel Correa Costa, o prefeito de Capivari Romeu Annichino, o Delegado de Polícia de Capivari, Nelson Fonseca, e pelos senhores José Maria Lima, Ary Soares de Freitas, Benedito Aranha e o vereador do município de Porto Feliz.

Lembramos, aqui, que o primeiro Prefeito de Rafard foi Genaro Vigorito – de 1965-1968, sendo, ele, o maior defensor da emancipação da cidade – um baluarte que deixou o registro do seu feito. Segundo o livro, Genaro Vigorito “Marechal da Vitória” do escritor, José Maria de Campos, dentre os motivos, pesou o fator da família ser capivariana e segundo porque prejudicaria os negócios da família. Mas mesmo assim, Genaro enfrentou seus irmãos e ainda, a força de grandes políticos que tentaram combater os emancipacionistas liderados por ele.

Ele foi prefeito de Rafard, como dissemos anteriormente, e sua posse aconteceu no dia 21 de março de 1965 no Cine Paratodos, e palco dos grandes eventos em Rafard. Após o seu mandato, ele se elegeu vereador da cidade.
Genaro nasceu em Capivari e casou-se com a rafardense Benedita Aprilante Vigorito, com quem teve a única filha, doutora Neusa Maria Vigorito – médica e presidente do Grupo Vigorito (Concessionárias Chevrolet).

Hoje Rafard é administrada pelo dinâmico prefeito César Moreira, que vem dando um impulso extraordinário para a cidade. Acompanhamos, de perto, este magnífico trabalho de afirmação de uma cidade audaz e progressista.

Acabaram-se as acirradas disputas pelo espaço, pela política ferrenha que mais desejaram dividir, do que somar. Afinal, desmembramentos são próprios das administrações geográficas que se processam constantemente.

Aqui, para encerrar, fico com o que Rodrigues de Abreu disse, em 1921:

“Sempre revejo Rafard com o mesmo carinho com que a via pela primeira vez. Rafard, sempre melhor, ficou-me na retira e no coração, simples e boa, com suas casas modestas, com a modéstia de sua gente e com a linda claridade que eu tinha na alma, quando a vi, naquela clara manhã de março de 1918…… Mas, Rafard, continuo a ver como dantes: ela fez-me voltar a quatro anos atrás. Um Deus piedoso a gravou na minha alma e deixou parada na minha pupila, serena e clara, cheia de um grande trabalho sem ruídos inúteis, trabalho que se percebe, como as sementeiras, por vir abrolhando e dando frutos”.

Eis, pois, passado 50 anos, o que deixo de homenagem singela a querida Rafard, terra da minha mulher.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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