Opinião

Recordando Villa Raffard

Denizart Fonseca é professor de Educação Física e militar (Foto: Arquivo pessoal)

Artigo | Por Denizart Fonseca

Embora repetitivos, dando vazão ao nosso sentimentalismo bem como da característica de idosos comentando em prosa e verso coisas do passado, estamos recordando quando aqui chegamos aos sete anos de idade em Julho de 1932.

Nessa época o Estado de São Paulo estava agitado pela Revolução Constitucionalista e era natural nas cidades, uma pessoa coletando joias e outros valores à serem encaminhados às forças revolucionárias destinados a aquisição de armas, recebendo o doador, um anel de metal com a inscrição “Dei ouro para o bem de São Paulo”.

Felizmente, embora com algumas perdas de vidas em combates fratricidas, chegou-se a um acordo e a paz retornou, “para o bem de todos e felicidade geral da Nação” repetindo o dito por D.Pedro 1º. Imperador do Brasil.

No vilarejo de então, originado da montagem de uma engenhoca para produzir açúcar e álcool, em ambos os lados das ruas de terra batida, eram erguidas modestas casas-coladas, moradias cedidas pelos patrões, às famílias de seus operários, não apenas da usina como do corte de cana.

Muito bem administrada por franceses a depois chamada Societê de Sucreries Brasilienes, progrediu e a cana-de-açúcar que enfeixada era no início transportada por carros de bois, passou a ser em vagões puxados por “Maria Fumaça”, sobre trilhos que cortavam todos os canaviais.

O lugarejo foi se expandindo com a chegada da Colônia italiana, para trabalhar no Engenho, oportunidade que tivemos para aprender e praticar a língua deles enquanto assistíamos a abertura de ruas onde antes havia apenas “picadas” ou “carreadores” para, seguindo o progresso, receberem paralelepípedos.

O único meio de transporte para outros lugares eram os vagões de 1ª. e 2ª. classes, além dos destinados à cargas e encomendas da Ferrovia Sorocabana até que surgisse o transporte coletivo motorizado, chamado jardineira, ligando Raffard a Capivary por uma única estrada, conhecida como Estrada do Mascchietto, como referência a residência daquela família, na entrada da cidade. Esses veículos necessitavam da proteção de correntes nas rodas para, em estradas encharcadas e barrentas poder transitar.

Em homenagem ao francês Maurice Allain um dos pioneiros na fundação deste lugar, foi dado o seu nome à rua central onde foram abertas: lojas, “vendas”, açougue, farmácia, padaria, barbearia e o Grupo Escolar. No começo dessa rua, em terreno baldio que tomou anos depois o nome de Praça da Bandeira, eram montados Parques de Diversões com: cavalinho de pau, barquinhas, gangorra, jogo de argolas e outros.

A puríssima água extraída de poços não muito profundos foi examinada e comparada a mineral. A luz elétrica era fornecida pela Companhia São João, sendo a iluminação de rua feita por grandes lâmpadas sustentadas por altos postes de madeira.

Nos quintais de todas as residências eram plantadas árvores frutíferas predominando mangueiras de variados tipos, assim como formadas pequenas hortas com canteiros onde eram plantadas verduras.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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