Opinião

Religião e ética IV

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

Artigo | Por Leondenis Vendramim

A família é a “cellula mater” da sociedade. Como são as famílias, é a sociedade. As famílias formam a sociedade, nossa conduta em casa determina o tipo de cidadão, de funcionário, de político que seremos. A ética na empresa, no clube, ou em qualquer setor da sociedade depende da moral familiar. É em casa que se forja o cidadão. Quero parafrasear uma colocação do sociólogo e ativista, Herbert José de Souza (1935-1979), conhecido por Betinho, aplicando à família: “Moral é uma espécie de cimento da família, se existe um sentimento moral profundo a família se mantém bem estruturada, organizada, e, quando esse sentimento moral se rompe, ela começa a entrar numa crise autodestrutiva”. Lar desarmonioso, sem normas, sem moral, sem amor, e sem gentileza gera problemas para a sociedade (para a polícia, para a guarda municipal e para a justiça).

É crescente e estarrecedor o número de desajustes familiares: agressões, divórcios, crimes, pedofilia, roubos, uso de drogas e outros. Uma estatística: “Em 2012 houve 1.041.440 casamentos no Brasil e 341.600 divórcios (1 divórcio para cada 3 casamentos). A cada 4 minutos uma mulher foi agredida pelo parceiro. Houve 21 homicídios de menores”. E, pasma-se, esses números aumentaram muito em 2013. Aumenta assustadoramente o número de pedófilos dentro da própria família. Os crimes são cada vez mais violentos e cada vez mais praticados por menores. Se temos uma sociedade decadente é porque as famílias estão sem ética (sem amor), sem religião (sem Deus), por isto, estão se desintegrando.

Diz o Cel. PMSP Nison Giraldi: “De acordo com a neurociência ‘toda criança que sofrer violência, ou presenciar violência, se no futuro tiver estímulos será um profissional da violência. E onde isso ocorre? Na quase totalidade das vezes dentro dos próprios lares. Provocada quase na totalidade das vezes pelos próprios pais. Parte dos lares brasileiros se tornou fábricas de violentos; parte dos pais são artífices dessa violência; e ainda reclamam dela. Quais seriam as ‘vacinas’ para evitar tamanha tragédia? Amor e educação para com as crianças. Como se ama? Como se educa? É possível educar e amar uma pessoa com quem não se conversa? Sociedade doente é consequência de famílias doentes. Os casais brasileiros são os que mais brigam no mundo (E que menos conversam – grifo meu), a criança brasileira é a que mais apanha no mundo; o Brasil é o país mais violento do mundo”.

Há necessidade de mais diálogo entre o casal, e com os filhos, mais atenção, mais humildade e mais afetividade. A conversa entre os cônjuges apara as arestas, evita maus e dúbios pensamentos, além de melhorar a educação das crianças. Jamais deve o casal discutir com aspereza, principalmente perto dos filhos. A humildade leva ao reconhecimento do erro e ao pedido de perdão. Nisto não importa a idade ou posição social dentro da família, pai ou mãe, ao errar, deve pedir perdão ao cônjuge ou ao filho, ainda que pequenino.

Todos temos defeitos a corrigir. O amor deve suplantar os defeitos, as virtudes cobrir os males. A Bíblia nos ensina que no casamento ambos são “uma só carne” (Gn 2:23; Mt 19:5). Diz um psicólogo: “Dá-se no amor o milagre de duas pessoas tornarem-se uma só”. O amor une, o egoísmo separa; amor é o sentimento de dedicação absoluta pela pessoa amada, egoísmo é o sentimento de adoração própria. Amor repreende com calma e doçura, o egoísmo com gritos e aspereza. O amor dá a si mesmo para a felicidade do outro, o egoísmo exige do outro para ser feliz. Ser “uma só carne” é amar, é sentir o que vai dentro da pessoa amada, é perceber as tristezas e alegrias, e as preocupações, é desejar a felicidade mútua. Em suma é o bom casamento.

Para meditar: Como está nosso casamento? Esforcemo-nos, humildemente, usando de toda cortesia e amabilidade dentro de nossa famíilia, pelo bem de todos. Deus nos abençoe para que nosso lar seja um pedacinho do céu!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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