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Santa Casa amplia debate sobre doação de órgãos

Profissionais do Serviço de Procura de Órgãos e Transplantes da Unicamp/Campinas estarão à frente da capacitação direcionada a profissionais da Santa Casa

A certeza de que o número de doadores de órgãos no Brasil está diretamente relacionado ao maior nível de conscientização e compreensão da comunidade e dos próprios profissionais de saúde quanto aos benefícios da doação levou a Santa Casa de Piracicaba a organizar mais um encontro para debater este tema.

O evento se estenderá durante toda a manhã desta sexta-feira, 5, quando profissionais do SPOT- Serviço de Procura de Órgãos e Transplantes, da Unicamp/Campinas, estarão à frente da capacitação direcionada, sobretudo, às equipes das unidades de terapia intensiva do Hospital.

A enfermeira Jacqueline Defavari Bonilha de Moraes, da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos, Tecidos e Transplantes (CIHDOTT) da Santa Casa, justifica a iniciativa e reforça a tese de que, na hora de lidar com a família e expor a ela a possibilidade de doação dos órgãos do ente querido que foi a óbito, não pode haver fragilidade por parte dos profissionais de saúde. “Todos devem estar adequadamente orientados e muito bem preparados para não deixar dúvidas quanto a nenhum aspecto da doação, que envolve muitos detalhes e um grande número de profissionais”, disse.

A proposta do encontro, portanto, será fortalecer o vínculo com a família e aprimorar mecanismos que facilitem a exposição de dados para maior compreensão, por parte dos familiares, do diagnóstico de morte encefálica, momento em que não há mais atividade cerebral, mas os órgãos continuam em funcionamento com a ajuda de aparelhos.

“A constatação de morte encefálica segue a rígidos protocolos e se dá mediante a avaliação médica e realização de uma série de exames”, explica o médico neurocirurgião Moisés Lara, da CIHDOTT. Ele lembra que, para que ocorra a doação de múltiplos órgãos, é preciso que haja a confirmação de morte encefálica.

Em sua análise, encontros como este têm sido responsáveis pela quebra do tabu que permeou o assunto por décadas. “Atualmente, o tema tem sido abordado com muito mais naturalidade devido a maior compreensão dos benefícios da doação”, avalia, informando que o encontro proporcionará uma ampla abordagem também sobre o que fazer para ser um doador. “Para finalizar, abordaremos aspectos éticos através de palestra direcionada a todos os funcionários do Hospital, incluindo o pessoal da segurança e da higienização, para que todos compreendam a necessidade de articulação entre as diversas equipes envolvidas em um processo de doação”, antecipa.

Transplantes no Brasil- Segundo Moisés Lara, em 2011, o Brasil bateu recorde ao registrar 2.207 doadores, 63% a mais que em 2008. “Nosso país possui o maior sistema público de transplantes do mundo, mesmo assim, milhares de pessoas ainda permanecem em filas únicas, a espera de um órgão”, justifica o neurologista, lembrando que, atualmente, 95% das cirurgias para captação e transplante de órgãos são realizadas pelo SUS, de forma totalmente gratuita à população.

Segundo ele, a Santa Casa de Piracicaba realiza transplantes de rins desde 1985 e de córneas desde 1976 e, através da CICHDOTT, promove a abordagem das famílias quando existe a possibilidade de doação de córneas e múltiplos órgãos. “A Comissão possuiu profissionais altamente qualificados para uma abordagem cada vez mais humanizada”, argumenta.

Segundo dados da CICHDOTT, a Santa Casa registrou 35 doações de múltiplos órgãos e 905 doações de córneas desde 2006. Jacqueline e Moisés enaltecem o ato de doação, lembrando que cada doador de múltiplo órgãos ajuda até dez pessoas, enquanto um doador de córneas, possibilita que duas pessoas voltem a enxergar.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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