Opinião

Traços do caráter: domínio próprio 2

20/03/2015

Traços do caráter: domínio próprio 2

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

Artigo | Por Leondenis Vendramim

Todos temos de treinar intensamente e aprender a dominar o dragão chamado “Eu”. Somos cheios de vontades: de suplantar, ainda que à custa dos direitos dos outros, de ser reconhecido e ter sucesso sem dispender energias, ter emprego e salário sem trabalhar… Admiramos ginastas, jogadores de futebol, administradores de empresas a exemplo de Antônio Ermírio de Moraes, mas não sabemos de seus treinos, dedicação, cansaço e sacrifício de horas de lazer. Demóstenes era gago, tinha trejeitos terríveis, mas queria falar em público. Ele treinava diante de espelho por horas, enfiado entre pregos cravados numa tábua, de tal modo, que ao ter tique nervoso, se feria; ao gaguejar repetia a palavra várias vezes com seixos na boca, ao fazer careta, repreendia-se. Esse treino foi incessante por muito tempo, mas tornou-se o grande e reconhecido orador e filósofo do século 4 a.C.

De Joaquim Marquês Lisboa, Almirante Tamandaré, conta-se, que em visita a uma abastada família, ao recolher-se para o repouso, recusou o luxo de grande cama com colchão e travesseiros. Acostumado aos sacrifícios nas guerras pediu uma tábua onde deitar e uma caixa como travesseiro. Seus biógrafos dizem que essa austeridade e exercícios físicos o mantiveram ágil física e mentalmente até sua morte aos 89 anos.

Os sofrimentos que a vida inflige, os árduos trabalhos a que se obrigam, os problemas familiares que se enfrentam podem ser ferramentas aguçadas para forjar o caráter e polir o “eu”, desenvolver um proveitoso autodomínio e capacitar para uma vida de sucesso. Quando executamos tarefas desagradáveis acabamos vencendo a preguiça e o comodismo, e com isto aumentamos as reservas de energia que se armazenam nos acumuladores de nossa vontade. Assim como os músculos necessitam de exercícios físicos, a vontade precisa ser exercitada pela renúncia do comodismo, do amor ao lucro fácil, do laissez-faire freudiano e da autocomiseração. Arthur Azevedo escreveu: “A prática diária da disciplina, e o hábito de nos submetermos a ela, quer nos grandes, quer nos pequenos afazeres, acabam imprimindo uma orientação completamente nova a nossa conduta… Todo homem que, dia a dia, se entrega à prática de pequenos atos que exigem esforço, que é sistematicamente heroico ou asceta em assuntos de pequena importância, mais cedo ou mais tarde, ao ser açoitado pelas tormentas da adversidade, sentir-se-á amparado por energias internas poderosas”. O psicólogo Dr. Henry Link diz que, o sacrifício próprio e a disciplina são as mais importantes armas para a realização e felicidade pessoal.

Todas as grandes conquistas se deram porque houve desagradáveis e difíceis tarefas a enfrentar. Os grandes vencedores olímpicos tiveram de abdicar muito do seu tempo e lazer para os suados e doloridos treinos. Na luta para domar os maus desejos, a imoralidade, a preguiça, o desequilíbrio emocional, enfim, os defeitos do caráter, não se pode dar moleza para o eu, e nem dele se apiedar. Não é próprio dos vencedores a lei do menor esforço, muito menos o descontrole emocional.

Ninguém diga “eu não consigo”. Desde que seja uma pessoa normal, poderá ter o controle de si mesmo. A vitória poderá demorar um pouco, mas com treino rigoroso e ajuda divina, ela é certa.

Há alguns anos, numa delegacia da Penha em S. Paulo, um homem disse: “Matei minha esposa por amor”. Na verdade, ele a matou por impulso e por extravasar sua raiva, e sentir seu amor próprio ferido. Quão diferentes as assertivas bíblicas: “O amor é paciente, é benigno… não se irrita tudo sofre… tudo suporta” (1Cor 13:4-7). “A ninguém torneis mal por mal… tende paz com todos… Portanto se teu inimigo tiver fome dai-lhe de comer, se tiver sede dai-lhe de beber. Fazendo isto amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça… vence o mal com o bem” (Ro 12:17-21).

Você precisa, e deseja ter a virtude do autocontrole? Você pode! “Tudo posso naquele que me fortalece (Fil 4:13). Escolha ser vitorioso e feliz! Você topa o desafio? Comece já! Regozijar-me-ei com seu triunfo. Deus o abençoe e lhe conceda os lauréis da vitória!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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