Capivari

Capivari e sua verdadeira história III

19/05/2017

Capivari e sua verdadeira história III

Denizart Fonseca é professor de Educação Física e militar (Foto: Arquivo pessoal)
Denizart Fonseca é professor de Educação Física e militar (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | “Acuso a recepção da circular, datada de 2 de julho p.p., em que V. Excia. se dignou comunicar os motivos de suspeita que há, da pretensão do ex-Imperador D. Pedro voltar a este Império, e por isso a necessidade de prevenção contra semelhante tentativa que em consequência me determina que informe dentro de 30 dias quanto possa, concorrer para a organização da Guarda Nacional nesta Vila, o que cumprindo, levo ao conhecimento de V.Excia. que a Companhia de Infantaria já fez sua eleição de Oficiais e estes do Estado Maior, mas que a Secção de Cavalaria, se bem que tenha seus Oficiais, não sabe a que esquadrão pertence, ambos estão sem armas, sem disciplina e sem fardamento. – Capivari, 8 de Agosto de 1833. – a) Estanislau de Campos Arruda.”

Já se vê que, se D. Pedro quisesse retornar ao Brasil, em Capivari não havia com que se opor a “semelhante tentativa”.

Continua a vereança

A 11 de Fevereiro de 1834 reabrem-se as Sessões Ordinárias da Câmara.

Reconstituem-se as Comissões: Pires, Dias e Leite, na de Pareceres; Taques e Bueno na de Redação.

O Arruador Joaquim Rodrigues Leite não se conformava em ser ao mesmo tempo Arruador e Guarda Nacional, achando que o exercício do primeiro cargo, o isentava do segundo, que era pouco agradável, com as tarefas policiais frequentes. Intercedeu a Câmara junto da Presidência para obter-lhe dispensa dessa ingrata “acumulação”.

Um dos pontos cruciais da nova administração municipal era as das divisas com as Vilas limítrofes, assunto realmente capital da existência do município, mas que o Governo Provincial não se animava a resolver, não se sabe ao certo se, por injunções políticas ou por inépcia administrativa. A Câmara enviara ao Presidente uma dezena de ofícios pedindo a demarcação das divisas, porém V. Excia. nada providenciava.

Semelhante atitude foi criando uma surda irritação no seio da Vereança, até que um dia o Vereador João Dias de Aguiar não aguentando mais explodiu: Desancando tudo: Juízes, Fiscais, Inspetores, em sessão de 25 de Abril ele propunha colérico “que se oficiasse à S. Excia. pedindo que: ou aprove as divisas ou mande suspender a criação desta Vila.” A Comissão de Pareceres arrecadou a proposta de João Dias e lhe pôs uma pedra em cima.

O mapa proposto pela Câmara à aprovação do Presidente fazia correr as divisas com Porto Feliz pelo antigo rumo da Freguesia, no Itapeva; isto viria colocar, se aprovado, fora de Capivari, a fazenda do Capitão Corrêa Leite, daí os embaraços por ele opostos, na Capital, à aprovação desse traçado, o que, de resto, muito beneficiou Capivari, pois lhe acrescentou considerável território naquele lado de suas fronteiras.

Nomenclatura

As ruas do povoado não tinham denominação oficial, costumando o povo a dar-lhes os nomes das figuras principais que nelas residiam o que resultava uma mesma rua, ter vários nomes. Havia assim no linguajar comum do povo, a rua: do Capitão Tavares, a rua de André de Mello, a rua de Antonio Pires, etc.

O agente da Coletoria tendo necessidade de lançar os impostos, designando em seus assentos as ruas da localidade, representou à Câmara pedindo-lhe que desse a denominação ás vias públicas, como era de praxe. Surgiu assim, em 1834, a primeira designação oficial das ruas de Capivari, e que foi a seguinte: Ruas (começando pela primeira, paralela ao rio, e hoje chamada Antonio Pires): Praia, Paciência, Palma, Boa Vista, Esperança e Nova. Travessas (começando pela que hoje, tem o nome de Padre Fabiano): Lavapés, Belém, Pública e Mataporcos.

A nomenclatura visava, entre outros, facilitar o lançamento do imposto chamado “predial urbano”. A Câmara, julgando que esse tributo viria embaraçar o movimento das construções urbanas, solicitou ao Presidente a sustação de tal cobrança, esclarecendo:

“A Câmara Municipal de Capivari, conhecendo o seu dever sobre as demarcações dos prédios urbanos, ainda mais aviventada com dois ofícios do Coletor das Rendas Nacionais desta Vila, de 5 de Abril e 7 de Maio, onde pede a demarcação dos prédios urbanos para fazer seus lançamentos, a Câmara, Exmo. Senhor, vendo o estado desta Vila, sua pequenez tendo ela 8 ou 10 casas acabadas, e isto mesmo de paredes de mão, e algumas em obra, e outras casinhas da pobreza, pois se acha bastante fervor nos povos desta Vila a tirarem terrenos e fabricarem casas, portanto parece ainda cedo para vir este tributo, a fim de não desgostar os povos, e por isso a Câmara não dará passo algum sem que V. Excia. responda a justa súplica que leva à presença de V. Excia., a fim de que dispense desta Vila o referido tributo, pelo prazo de mais ou menos 10 anos, do que a Câmara espera que; pelo patriotismo com que tem governado a Província, anuír a V. Excia. a súplica desta Câmara. Que Deus guarde a V. Excia. – Capivari, 31 de Maio de 1834. a) Taques… etc.” Excusado será dizer que o Presidente não “anuíu” à “súplica” da Câmara e o imposto foi cobrado e pago nesse mesmo exercício As casas em construção e as “da pobreza” somavam 123 prédios ao todo. (Segue)

Cidadania

Esperamos que a atual administração mande “corrigir” os péssimos rebaixamentos em algumas calçadas, bem como, por estarem sempre entupidas, as estreitíssimas coletoras de águas nas esquinas, nascedouros e viveiros do pernilongo dengue.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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