Rubinho de Souza

À minha vovó Isaura

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Quem de nós que sendo privilegiado por ter convivido, ainda que por pouco tempo, com sua vovó ou “nona”, como preferem os italianos, e que já se foi, hoje não fica com os olhos marejados de lágrimas ao recordar daquela amorosa velhinha, que nos confortava nas horas tristes, aquela que foi nossa mão amiga? Todos nós!
Caro leitor amigo, lembras dos dias da tua infância, do avental da tua avó, e de como ele tinha inúmeras utilidades?

Ao mesmo tempo em que o avental servia para proteger as vestes, era usado para proteger as mãos ao retirar o delicioso bolo fumegante do forno, ou ainda para segurar o cabo de uma frigideira, que fritava os deliciosos bolinhos de chuva…

Quão maravilhoso era, a gente sendo criança, ao chorar, ser consolado por aquela que entendia nossas dores, e enxugava nossas lágrimas com seu avental, e que muitas vezes, servia também para limpar nossas carinhas sujas.

Ao voltar do enorme quintal que tínhamos em casa, o avental servia para transportar os ovos e, por vezes, algum pintinho doente que já vinha se aquecendo naquele pano, que parecia se apenas um pedaço de tecido, mas era puro carinho e amor.

Ao chegar algum visitante estranho em nossa casa, o avental era por nós agarrado e servia para nos proteger da timidez, coisa comum às crianças daquele tempo.

Quando estava frio, a avó enrolava os nossos braços nos protegendo e isso nos aquecia e nos dava proteção.
O bom velho avental também servia de fole para nosso fogão de lenha, quando era agitado por cima do braseiro, fazendo o fogo e aquecer nossa cozinha.

Servia para transportar tudo que era colhido em nosso quintal, feijões de vara, chuchu, quiabo, couves, e até a madeira seca para prover de lenha o fogão na cozinha.

No final da temporada das frutas, era utilizado para colher e trazer para dentro de casa, as laranjas, mexericas, caídas da árvore, balançadas pelo vendaval da madrugada, e que não podiam ser perdidas pela ação do tempo.

Na hora de chamar a todos para as refeições, era a vovó quem dava o sinal, ao parar na porta e agitando seu avental, dizia venham! E instantaneamente, todos obedeciam, e se dirigiam a ela, pois sabiam que tinham de ir à mesa.

Hoje não se usa mais avental, como os que usavam as nossas vovós, e nem mesmo as vovós são iguais aquelas da nossa infância…

Creio que os muitos anos se passarão, e não haverá qualquer outra invenção ou objeto que possa substituir aquele bom e velho avental que nossa vovó usava.”

Tive o privilégio de por um tempo inesquecível, ter ao meu lado minha vovó Isaura, mãe da minha mãe Benedita, que está na foto colhendo chuchu, e lembro-me dela com muitas saudades, pois só nos trouxe alegrias, o que nos enche de saudades.

Quando ela morava em Porto Feliz, e vinha nos visitar e passar uma temporada em nossa casa, eu é que ia no ponto de ônibus esperar para trazer sua mala de roupa, e quando ela voltava para Porto Feliz, também eu é que ia com ela para pegar o ônibus da Viação Camargo, que fazia ponto em frente à casa do Sr Rino Pelegrine, e levava suas coisas.

Meu conforto, está, em ter a esperança de que um dia nos reencontraremos e junto aos meus pais e outros avós que infelizmente não pude conhecer, ficaremos todos juntos para sempre.

Caro leitor amigo, grato por nos prestigiar com sua leitura. Abraço.

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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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