Rubinho de Souza

Do Fundo do Baú Raffard

02/02/2018

Do Fundo do Baú Raffard

De volta ao passado (capítulo primeiro)

Estamos em fevereiro de 1970, e eu com 12 anos de idade, estou no quarto ano da escola, que apesar de morarmos no bairro Padovani, frequento em Rafard – o Grupo Escolar Professor Luís Grellet, onde meus irmãos mais velhos também estudaram, quando era Grupo Escolar de Rafard.

Como não tem aulas nas escolas, dona Benedita, minha mãe, sai na porta da cozinha que dá para o nosso enorme quintal, e chama-me para me dar algo a fazer, e diz que é para eu pegar a minha bicicleta e ir buscar algumas coisas para ela na venda do Leandrin, e passar no “Brai Foêro” para deixar um canecão e pedir para pôr cabo.

Paro de regar os muitos canteiros de verduras, pego minha magrela no rancho que temos no fundo do quintal, onde temos um poço de d’água que abastece a casa, onde a água tirada com balde, é usada tanto para os serviços domésticos, regar os canteiros e beber. A água é muito boa para beber.

Meu pai, que à noite trabalha de padeiro, está na sala da frente de nossa casa onde funciona seu Salão de barbeiro, onde trabalha de dia, e mesmo sendo ainda muito cedo, já atendeu vários clientes. Quando não tem clientes, aproveita para descansar um pouco para aguentar o serviço da noite na padaria do Dito Tavares. Por dormir pouco, o cansaço é visível em seu semblante.

Ao colocar a bicicleta no meio fio para poder subir nela, olho para o lado de cima da rua Castro Alves, onde moro, e vejo que o Bar do “Zé de Castro” há muito deve estar aberto, pois já tem muitos fregueses em seu interior, com copo da “branquinha” já pela metade. Gibi é um dos que diviso daqui de baixo, e outro deve ser Tonho do Seo Aniceto. Romário, pai de “Nhô Lau” também está lá.

Marinho Bergantão vem descendo com sua carrocinha abarrotada de frutas, legumes e verduras para vender às donas de casa, que de antemão ficam à sua espera, pois o almoço deve ficar pronto para os maridos que em sua maioria trabalham na Usina Rafard, e ao apito das 11 horas saem rapidamente…uns à pé, outros de bicicleta, e apenas alguns de carro, numa espécie de competição para ver quem primeiro chega em casa, almoça e volta ao trabalho, pois o batente é pesado.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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