Arnaldo Divo Rodrigues de CamargoColunistas

Drogas e mulheres grávidas

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

Como é deprimente ver mulheres grávidas fumando cigarro, usando álcool e muito mais ainda usando cocaína e crack.

Os efeitos das substâncias no corpo do bebê em gestação, como a compulsão e a síndrome da abstinência, vão atormentá-lo nos primeiros dias de vida fora da barriga da mãe, podendo ainda causar sérios danos físicos e neurológicos à criança.

Quando dizemos “drogas”, está bem claro que cigarro e álcool também são drogas, e se um menor de 18 anos não pode usar (é proibido por lei), imaginem um feto no ventre materno.

Especialistas afirmam que “tanto o peso quanto o comprimento ao nascer são significativamente afetados pelo consumo de cocaína na gravidez”.

Se a mãe consumir drogas, o bebê acaba sendo um consumidor também, mesmo sem ter feito essa escolha. Ele é muito pequenininho para isso. Os efeitos das substâncias no corpo, e especialmente no cérebro, dele podem durar para sempre.

Na hipótese de você leitora fazer parte de um grupo que bebe muito e usa drogas, você tem que fazer a opção de se afastar de locais de risco, para evitar os gatilhos do uso. Se você é futura mamãe, precisa investir na saúde da família como um todo e no ambiente em que a criança crescerá. Não se iluda pensando que depois passa.

Entenda-se que hoje não se trafica a cocaína pura, todas são “batizadas”. Em Capivari (e no Estado, em outras cidades), no ano de 2013, a polícia federal prendeu um químico e farmaceutico que produzia cocaína e crack misturando as seguintes substâncias: cafeína, acetona, éter, ácido clorídrico, ácido sulfúrico, benzocaína, lidocaína, ácido bórico e manitol.

Algumas mulheres que são usuárias de drogas, quando percebem a gravidez (e com ajuda de familiares e assistência médica), buscam ajuda para parar ou mesmo diminuir o uso, o que não resolve, porque não existe um limite seguro, uma dosagem que não cause danos à mãe e ao bebê.

Sem internação voluntária e/ou compulsória, com abstinência do uso, desintoxicação, conscientização e revisão de seus valores sociais e espirituais, aliados ao recurso da medicina, todo trabalho é infrutífero.

Na recuperação em dependência química, nada é mais perigoso que uma ideia, se você tem apenas uma: a ideia de tomar um gole, ou: “só mais uma dose”.

ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
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Jornal O Semanário

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