Rubinho de Souza

José de Moraes Barros “Seo Moraes”

Aqueles que acompanham com assiduidade minhas publicações feitas na coluna do jornal O Semanário, com certeza hão de se lembrar que me propus na medida do possível, de pesquisas e informações obtidas, fazer uma pequena biografia dos personagens que deram seus nomes às ruas de nossa cidade. Muitas dessas informações obtive-as com o sr. Denizart Fonseca e o sr. Heitor Turolla.

E assim foi com uma grande parte dos personagens, até que cheguei na rua José de Moraes Barros, em cuja publicação fiz referência à Prudente José de Moraes Barros, que nasceu em um sítio nas proximidades da cidade de Itu, onde seu pai, que era lavrador e tropeiro foi assassinado por um escravo, deixando-o órfão, com menos de três anos de idade, e foi sua mãe quem ensinou-lhe as primeiras letras, e que se tornou advogado e chegou à Presidência da República, tornando-se o primeiro Presidente civil do pais.

Pois bem! Numa de minhas visitas ao ilustre amigo Denizart, a quem o amigo Dirceu Campanholi se refere como um homem que era “dono de uma inteligência única e de uma presença de espírito imensa, e que reunia numa só pessoa todos os atributos de um ser humano exemplar, coisa rara hoje em dia, e que sua passagem para outro plano não foi só uma passagem, mas sim uma biblioteca que se fechou”, e ainda diz que: “feliz de quem leu pelo menos uma página do livro da vida deste senhor”- ele enfim me disse no sofá de sua sala: – Rubens, o José de Moraes Barros, ao qual você se referiu como o da Rua de nossa cidade, não é aquele que chegou à Presidência da República, mas outra pessoa, com quem pudemos conviver aqui em nosso dia a dia.

Infelizmente meu amigo adoeceu e não teve tempo hábil de me passar a informação por completo, mas em minhas pesquisas, descobri que o José de Moraes Barros que deu seu nome à rua da foto, foi na verdade um cidadão que trabalhava como “Caixa” do Engenho Central, nos idos do ano de 1910, quando a “mala do correio” chegava pelo trem, e sua função era apanhá-la na estação e fazer a distribuição das correspondências, que naquela época, eram feitas no escritório do Engenho.

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Foto enviada pelo colunista

Mesmo sendo um homem reservado, “seo” Moraes confessou que estava aborrecido da sua função de ter que ir diariamente, buscar aquela mala pesada na estação, e depois ainda ter que abrí-la e fazer a distribuição de todas as correspondências que a cada dia que passava, aumentava de volume e peso.

Um belo dia, quando, ofegante, deixava a Estação, levando aos ombros, a pesada “Mala do Correio”, o mesmo encontrou-se com o sr. Paulo Pellegrini, que parou para uma conversa que mudaria o destino do “seo” Moraes, que estava farto daquele encargo.

Depois de alguns minutos de conversa em que o Sr. Paulo, ouve com muito interesse as reclamações do Seo Moraes, propõe um negócio ao “homem da mala”. Ele ficaria no lugar dele.

E assim, a partir do dia, de 20 de abril de 1911, data da sua nomeação, o sr. Paulo Pellegrini, passa a ser o Agente do Correio local, cujo cargo perdurou até 23 de março de 1945, data da sua aposentadoria. Exercendo seu mister com zelo e dedicação, ele mesmo instala a agência do Correio, num dos compartimentos do prédio de número 235 da rua Maurice Allain.

Depois de sua aposentaria, o sr. Paulo foi substituído por sua filha D. Nair Pellegrini Ortolani, sendo contratado como ajudante, Luiz Ortolani Filho.

Nessa época, o movimento dos Correios era tão intenso, que na hora de fazer a distribuição das correspondências, um soldado se postava à porta para impor ordem entre a multidão que logo que chegava a “mala postal” se avolumava para ir buscar as cartas que esperavam com muita ansiedade.

Dessa forma, fica desfeito o equívoco sobre a troca de personagens homônimos, José de Moraes Barros, sendo o “Seo Moraes” o que realmente teve seu nome dado à rua José de Moraes Barros, que anteriormente era chamada de “Rua do Correio”

Semana que vem se Deus deixar, eu volto. Abraços.logo do fundo do baú raffard

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