ColunistasMarcel Capretz

Palmeiras, campeão brasileiro

Marcel Capretz, colunista esportivo

O que vai ficar do segundo semestre deste ano para mim do futebol brasileiro é a ‘ressurreição’ do técnico Luis Felipe Scolari no Palmeiras. Por mais que para mim a final da Libertadores será disputada por Boca Juniors e River Plate (!) o trabalho de Felipão gera inúmeras reflexões e insights sobre o nosso momento.

Reconheço a força do Grêmio e seu estilo surpreendentemente propositivo – reafirmo que acredito que o River Plate desbancará a equipe gaúcha na Libertadores – e devo também mencionar a eficiência do Cruzeiro com o revigorado Mano Menezes. Mas esses dois trabalhos são de médio prazo. Dão resultado porque sustentam minimamente a ideia básica de que modelo de jogo só se consolida com tempo para implementação de ideias.

Já o Palmeiras de Felipão surpreende porque deu resultado muito rápido. De uma maneira simples, a equipe passou a ganhar de todo mundo. Claro, menos do Boca Juniors, mas sem ironia alguma isso não desabilita em nada o bom momento alviverde.

Busquei com muito interesse observar atentamente o entorno do Palmeiras para entender algumas diferenças que estão fazendo a diferença. Primeiro, o time de Felipão joga simples. Não há nada de rebuscado na maneira direta e com poucos toques de atacar e na marcação individual-zonal para defender.

As transições, por consequência, também são realizadas mais ‘a moda antiga’: Como a bola longa é o principal padrão de comportamento para atacar, naturalmente a equipe mantém muitos jogadores atrás da linha de bola, sendo difícil tomar contra-ataque.

E buscar analisar o resultado de uma equipe não envolve apenas tentar entender padrões táticos e suas respectivas metodologias de treinamento para implementação.Procurei observar a comunicação dos atletas nas entrevistas, o ambiente do grupo revelado em comemorações de gol, o gestual após uma substituição, enfim, coisas que muitas vezes não damos valor, mas que por si só revelam um ambiente ou projetado para a vitória ou até mesmo projetado para a derrota. E credito muito desse sucesso do time em campo à liderança e ao capital simbólico do treinador alviverde. A mentalidade vencedora e o viés de convencimento e segurança de um líder para os seus comandados transforma um grupo e contagia um ambiente. Pode estar aqui o grande segredo e gap de competência dos jovens técnicos que não tem conseguido afirmação em grandes clubes.

Podemos até questionar se esse modelo mais rudimentar do Palmeiras favorece o desenvolvimento do futebol brasileiro como um todo. Mas é impossível não reconhecer que Felipão ainda sabe o caminho das vitórias. E será ele o vencedor do torneio mais importante do nosso país em 2018.

ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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Jornal O Semanário

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