Rubinho de Souza

Vitório Talassi Jornal “O Progresso”

Há exatos 77 anos atrás, mais precisamente em 1º de outubro de 1944, o jornalista José Miguel Bósio no seu editorial do jornal “O Progresso” daquela data, cobrava mais uma vez, empenho do prefeito Mário Bernardino para a construção do prédio do Grupo Escolar de Rafard.

O cidadão Vitório Talassi, homem de um desprendimento ímpar, altruísta, mostrou seu desejo de ver na cidade que adotou como sua, doando um terreno de 4.900 metros quadrados para a construção da tão sonhada escola. Já havia oito anos, desde que se efetivara a doação, e para tristeza da família do sr. Vitório Talassi, o mesmo falecera antes mesmo que pudesse ver iniciar as obras da escola que sonhou para Rafard.

Reproduzo abaixo, na íntegra, o editorial escrito por Bósio para facilitar a leitura do caro leitor:

“Grupo Escolar – Embora estejamos já com os dedos calejados de tanto bater na velha tecla, ainda persistimos, agora, mais esperançosos, para a construção do Grupo Escolar local – o maior anhelo do povo rafardense e daqueles que prezam sua terra, seu município, e desejam fazer algo de bom para a comunidade.

Finalmente Rafard terá seu grupo escolar. Assim o lemos no Boletim Oficial do Estado, número de agosto.
O terreno doado pelo benemérito cidadão Vitório Talassi, de saudosa memória – reflexo de um coração boníssimo, de uma ação jamais olvidável, que bem demonstra a elevada visão e o desinteresse particular do seu doador – o terreno, repetimos está situado em ótimo lugar, medindo 4.900 m2.

Ora, o sr. dr. Fernando Costa, íntegro Interventor Federal, determinou: ‘a construção deverá ser iniciada desde logo, tendo ficado, entretanto, estabelecido que os terrenos para esse fim destinados pelas respectivas prefeituras, deverão preferencialmente corresponder a uma quadra, não podendo, contudo, possuir área inferior a 5.000 metros quadrados’.

Temos feito sentir ao Prefeito Mário Bernardino a necessidade imperiosa de adquirir – amigavelmente ou, em última hipótese, por desapropriação – o restante do terreno necessário a perfazer o total de 10.000 metros quadrados. E s. s. tem demonstrado boa vontade. Cremos, porém, ser necessário liquidar esse assunto no mais breve tempo possível: sem o terreno não se construirá o Grupo Escolar e este, há mais de oito anos, está sendo prometido e ansiosamente aguardado.

O Brasil precisa de homens fortes intelectualmente e para tanto é necessário que também o prédio para a instrução primária seja amplo, confortável, adequado, seguindo o tempo e segundo as necessidades do lugar, para melhor descortino da própria inteligência. O nosso já cumpriu a sua missão. Lógico é que lhe dêem um substituto à altura do nosso mérito e em conformidade com a necessidade da população”.

O jornal “O Progresso” como se depreende da leitura do editorial acima, não deu tréguas às autoridades responsáveis à época pelo início da construção da nossa primeira escola em prédio próprio, sempre dando destaque à doação feita por Vitório e sua esposa Florinda.

Vitório Talassi faleceu aos 27 de julho de 1944, com 84 anos de idade em Raffard, sem que pudesse ver pelo menos o lançamento da pedra fundamental ou o início das obras da tão sonhada escola no terreno doado por ele e sua esposa Florinda.

Posteriormente, o prefeito de Capivari à época, declarou por Decreto-Lei Municipal sob nº 64.1944, como “gratuito e perpétuo” o jazigo em que foi sepultado o doador do terreno, e numa homenagem póstuma, colocou o nome de Vitório Talassi na rua onde hoje se localiza a referida instituição escolar construída.

O Brasil precisa urgentemente de mais “Homens” da estirpe, do altruísmo e do patriotismo de Vitório Talassi e de “Mulheres” tal como foi a sra. Florinda, sua esposa.logo do fundo do baú raffard

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