Para se falar sobre a Igreja de São Benedito, em Capivari, e sua história, há que se reportar, inegavelmente, ao insigne pesquisador e escritor Vinício Stein Campos, compulsando, principalmente, o seu livro O Menino de Capivari, Volume III, onde ele trata, no capítulo I – A Imagem de São Benedito, nos dando revelações importantíssimas sobre os fatos ocorridos na cidade.
Não temos muito a acrescentar, pois que elementos históricos necessitariam, inegavelmente, de um tempo mais dedicado à pesquisa e a compilação de maiores e mais largos dados, principalmente pelos jornais de então, já tão raros para estas pesquisas.
Contudo, vemos pontos que se desenrolam em harmonia com o surgimento da cidade, sua expansão, suas tradições, etc. Assim é que, para se ter uma formação mais nítida sobre a Igreja e seus fatos, há de se inclinar para uma cronologia temporal.
Diz-nos, o Prof. Vinício que “Em Capivari, o culto a São Benedito foi dos mais intensos e fervorosos. A Irmandade do Santo, com suas opas brancas, tarjadas de preto, em sua maioria integrada por cativos e libertos, a que logo se achegaram crianças e jovens de nossa melhor sociedade – abria a marcha das procissões em todas as festividades católicas”.
Nesse particular, lembramos que fomos (e com que orgulho!), quando ainda criança, da Irmandade de São Benedito, lá pelas bandas de 1958. A Paróquia foi criada em 9 de fevereiro de 1961, prestes, assim, a sua comemoração do Jubileu de Diamante (60 anos).
O culto a São Benedito, em Capivari, se deve muito ao Padre Fabiano José Moreira de Camargo que chegou à cidade por volta de 1839 e iniciou uma verdadeira peregrinação para a devoção ao santo, além do culto a Nossa Senhora do Rosário. Junto do Padre Fabiano, vieram os seus parentes que, indubitavelmente, concorreram para que São Benedito tivesse um local adequado aos devotos e às orações dos seus fiéis.
Assim registra no livro O Menino de Capivari:
“O Padre Fabiano construíra uma casa para sua residência na rua que tem o seu nome, esquina da rua Tiradentes e, no terreno ao lado, descendo a rua, o Escrivão José Alves edificou a sua moradia, dotando-a de uma espaçosa e confortável capela. Ele era devoto de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário e passou a promover concorridas orações nessa capela, então aberta à frequência dos fiéis”.
Recordamos que o Escrivão José Alves Moreira era irmão do Padre Fabiano e coube-lhe a direção da irmandade por mais de 20 anos. A sua devoção era tal que por sua iniciativa ocorreu a aquisição, em Piracicaba, da imagem de São Benedito, esculpida a seu pedido pelo artista Miguel Arcanjo Benício Dutra, o Miguelzinho Dutra. Isto tudo, após o falecimento do Padre Fabiano, em princípio de 1875.
Um fato interessante, assim registra o historiador Vinício Stein Campos:
“Na década de 1920, um dos Vigários de Capivari, substituiu a preciosa imagem de roca, de 1861, por outra, estátua de tonalidade mais clara, pois o Santo, no seu entender, não era preto retinto esculpido por Miguelzinho Dutra. Contrariando o sentimento geral da população católica de Capivari a veneranda imagem foi substituída no altar e recolhida à Capela de Santa Cruz”.
Concluí, pois, o escritor, no seu livro O Menino de Capivari:
“Com a construção da Igreja de São Benedito, na Avenida Rodrigues Alves, Matriz da Nova Paróquia em que se fracionou a de São João Batista em 1960, a magnífica imagem do milagroso Santo voltou então a ornamentar um dos alteres do templo consagrado ao seu culto”.
Mas há, ainda, muita história para se contar a respeito da construção e culto ao Santo e que, no decorrer do tempo, vamos pesquisando e trazendo novos subsídios históricos da nossa querida Capivari.
ARTIGO escrito por J. R. Guedes de Oliveira, ensaísta, biógrafo e historiador. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.
