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A lua de mel pode ser tormento

Pe. Antônio Carlos D’Elboux - Pároco de Rafard

A tão decantada viagem de núpcias muitas vezes acaba se tornando um tormento na vida do casal, pois nela podem se originar graves desentendimentos e até mesmo traumas psíquicos. Alguns noivos planejam viagens intermináveis, passando em hotéis caríssimos, sem se preocuparem com as dívidas que virão sobre eles no início da vida matrimonial. Outros escolhem um roteiro bastante extenso a fim de aproveitarem conhecer o maior número de lugares possíveis.
A lua de mel é uma oportunidade para um maior relacionamento entre o novo casal, onde um possa conhecer melhor a outra pessoa, partilhando com ela noites e dias, alegrias e tristezas, dando os últimos retoques na vida a dois que iniciam e procurando um amoldamento mútuo que os ajudarão no dia-a-dia.
Por isso o que se deve ater na lua de mel é evitar aquela ânsia, aquela correria, o lufa-lufa. Não são essenciais os passeios de carro, a cavalo, de avião, de lancha, ou seja lá o que for. O que precisa mesmo é um ambiente de calma, de tranquilidade, de silêncio exterior, de contato com a natureza, onde se possa mostrar o que realmente é, dialogando, conversando com a pessoa amada sobre a própria vida conjugal, revendo planejamentos e tudo aquilo que julgam necessários para uma colaboração mais íntima e intensa.
É preciso um clima de confiança, de amizade, para surgir um ambiente amigo, aberto, onde se acolhe o outro como ele é, com defeitos e qualidades. Procurando desenvolver as qualidades e sanar os defeitos. O diálogo deve ser a base de tudo na vida conjugal.
A lua de mel é um treino, onde cada um deixa de lado as próprias preocupações e passa a ver juntos, a dois, aquilo que tencionam fazer, o que um deseja para o outro a fim de que tenha uma vida melhor, sentindo-se apoiado pelo companheiro, pela companheira. Somente assim, nesta busca mútua da felicidade um do outro, é que se consegue mostrar, não tanto por palavras, mas pela própria vida, o quanto se quer bem.
Se a gente tiver barulho ao lado, podemos nos perder no meio dele e não descobrirmos a outra pessoa com a qual nos casamos, como ela é, em sua intimidade, em seu modo de ser.
Um outro tema que se pode aqui tratar é sobre a noite de núpcias. Os amigos, os parentes, mesmo as piadas e as brincadeiras na festa do casamento, colaboram para uma espécie de mistério em torno desta noite. Deixo de considerar se o novo casal já teve ou não relacionamento sexual entre eles. Mesmo se isso tenha ocorrido, o mistério que envolve esta noite, se bem que em escala bem menor, continua existindo.
Muitos novos casais não veem a hora de ficarem livres dos convidados e acompanhantes para viverem estes momentos a sós. Calma, pessoal! Vocês estão cansados das cerimônias, das festas, da viagem. O que vocês mais precisam é de descanso. Que tal juntos deixarem para outro dia o relacionamento sexual entre vocês? Vocês terão muito tempo pela frente.
Este relacionamento não deve ser egoísta, visando mostrar à própria esposa que ela lhe pertence, ou ao marido que ele é seu. Mas sim, deve ser o coroamento do amor que existe entre o casal. Por isso este relacionamento não pode ser frio, quase automático ou mesmo animalesco, mas algo preparado com muito carinho entre vocês que se amam e, através desse ato, querem se doar inteiramente um ao outro.
O sexo não é mau, nem pecaminoso. Deus no-lo deu para que o marido e a mulher se complementassem um ao outro e, nesta atração física comum, pudessem iniciar uma nova família, colaborando com Deus na criação do homem. Homem que Deus chama, antes mesmo do seu nascimento, para ajudá-lo na obra maravilhosa da criação.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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